O ministro da Fazenda, Guido Mantega, declarou-se satisfeito com a
“discussão” sobre câmbio no G-20, ao mesmo tempo em que constatou o
persistente confronto entre países que defendem austeridade e os que
querem mais estímulos para recuperar a economia global.
No tema que mais chamou atenção, que é a guerra cambial, os ministros
de finanças do G-20 concordaram em não brigar. Em meio a diferentes
visões sobre o impacto das políticas monetárias expansionistas nos
países desenvolvidos, o G-20 remeteu a discussão para o FMI, que vai
agora examinar a questão de liquidez internacional e consequências sobre
as taxas de câmbio.
No comunicado, que pouco reflete de fato as grandes discussões, os
países do G-20 concordam que “a política monetária deve visar a
estabilidade de preços domésticos e continuar a sustentar a recuperação
econômica”.
As antigas e novas potências econômicas mundiais se comprometem a
“efetuar um monitoramento dos impactos negativos sobre os outros países
de políticas implementadas para fins domésticos e a minimizar esses
impactos”.
O G-20 renova o compromisso de “progredir mais rapidamente em direção
a sistemas mais determinados pelos mercados e flexibilidade das taxas,
para que elas reflitam os indicadores fundamentais, e a evitar
desalinhamentos persistentes de câmbio, e nessa ótica, a trabalhar em
mais estreita cooperação uns com os outros”.
O grupo das maiores nações desenvolvidas e emergentes repete que “a
volatilidade excessiva dos fluxos financeiros e os movimentos
desordenados das taxas de câmbio têm consequências desfavoráveis sobre a
estabilidade econômica e financeira”.
Por insistência do Brasil e outros emergentes, o grupo volta a se
comprometer a se “abster de fazer desvalorizações competitivas” - o que
na prática não evitou até agora que isso continuasse a ocorrer.
Em todo caso, para ser mais explícitos, os países dizem que não
fixarão metas de taxa de câmbio para fins de competitividade, resistirão
ao protecionismo sob todas as formas e manterão os mercados abertos.
Mantega atenuou ligeiramente o discurso sobre guerra cambial, ao
final da reunião, e disse que ninguém no grupo acusou o Japão de
desvalorizar artificialmente sua moeda.
“O Japão apresentou um plano de recuperação. A política monetária
expansionista do Japão não é criticada, e não houve nenhuma censura à
política japonesa, que é para combater o risco da deflação”, disse o
ministro.
O outro grande tema, de como reduzir o ritmo da consolidação fiscal
para estimular o crescimento, foi um fiasco. Guido Mantega confirmou que
permaneceram as diferenças entre países como Alemanha, que querem
manter a austeridade, estimando que isso gera confiança, e aqueles como
Brasil e Estados Unidos que pedem combinação de austeridade fiscal com
estímulos.
“Essa diferença não foi superada”, disse o ministro.
No geral, o consenso no G-20 foi de que a situação econômica global
melhorou ligeiramente, com a superação de riscos financeiros traumáticos
na zona do euro. Mas o crescimento na Europa continua atrasado e
pesando sobre a demanda mundial.
(Valor Econômico)
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