Jorge Paz Amorim

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Belém, Pará, Brazil
Sou Jorge Amorim, Combatente contra a viralatice direitista que assola o país há quinhentos anos.

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Sarney é o escorpião atravessando a lagoa nas costas do sapo

Prestes a deixar a presidência do Senado Federal, e um pouco mais distante de ser deixado pela política, José Sarney concedeu uma entrevista melancólica à Folha em que os pontos mais importantes desnudam seu conservadorismo político, disfarçado nesses dez anos de inevitável convivência com o poder petista, assim como até onde vai seu rancor. No caso, em relação a Ulisses Guimarães, já morto e, por isso mesmo, impedido de defender-se, o que um mínimo de ética mandaria que o presidente do Senado evitasse de criticá-lo.
Todavia, Sarney tenta fazer história, ao passar sua versão como verdade factual. Para isso, inverte a lógica dos acontecimentos e atribui ao próprio Ulisses a responsabilidade pela derrota na campanha à presidência da República, em 1989, pelo PMDB, partido que não só comandava a presidência do país,  mas também o governo de todos os estados. Só que Sarney era 'Cavalo de Tróia, uma celebridade da ditadura recém extinta e, como tal, também detestava o destemor do então presidente nacional do PMDB. A própria história e a posterior guinada predominatemente conservadora desse partido explicam por si o papel desempenhado pelo senador maranhense, tanto na derrota de Ulisses quanto na consolidação desse perfil hegemônico do partido, uma espécie de monstrengo com o corpo do antigo PSD juscelinista e cabeça udenista, aliás, partido no qual Sarney iniciou sua trajetória.
E é esse viès golpista que explica a proposta de modificar a lei para que ex-presidentes sejam impedidos de pleitear uma nova candidatura. O alvo, claro, é o PT, que cumprirá, ao término do mandato de Dilma, um ciclo de 12 anos com amplas possibilidades de renovação por mais 12 anos, caso Dilma seja reeleita e Lula venha a sucede-la.
Em fim de carreira, Sarney tenta dar talvez sua derradeira colaboração ao mandonismo coronelista do qual foi um dos ícones, ao tentar barrar um período virtuoso que o país experimenta, do qual foi beneficiário mas abomina, daí a tentativa de fazer voltar o guizo no pescoço do gato/povo. Credo!

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