“O problema dos incêndios em favelas já foi solucionado. É só a prefeitura querer continuar o que já deu certo”, afirma o técnico do laboratório de segurança ao fogo do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), Jose Carlos Tomina, que foi responsável pela metodologia do chamado Programa de Segurança Contra Incêndio, implantado em parceira com a prefeitura e com empresas de equipamentos de proteção contra fogo.
O projeto foi implantado nas favelas Vila Dalva, na zona oeste, Maria Cursi, na zona leste, Jardim Jaqueline, na zona oeste, Cabuçu, na zona norte, Viela da Paz, na zona sul e o Cortiço da Rua Sólon, no centro. Em cada uma, 50 moradores foram treinados para atuarem como brigadistas e cada um deles recebeu dois extintores de incêndio polivalentes, capazes de apagar fogo de qualquer natureza.
“Os bombeiros são muito importantes, mas quando eles chegam o fogo já destruiu muito. Os brigadistas impedem que o fogo se espalhe por já estarem na comunidade e agirem rapidamente”, conta Tomina.
Segundo ele, os brigadistas apagaram mais de 100 incêndios e conseguiram controlar todas as ocorrências antes que tomassem grandes proporções. “É muito barato. Precisamos apenas do equipamento de segurança para os brigadistas e dos extintores. Isso é muito menos frente os gastos que se tem para atender os desabrigados de grandes incêndios”.
Nos últimos cinco anos, o Corpo de Bombeiros contabiliza 530 incêndios em favelas, e boa parte das ocorrências registradas este ano ainda não entrou no cálculo. O tema chamou tanto a atenção que a Câmara Municipal abriu uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para apurar a possibilidade de se tratar de uma atuação criminosa. Dominada pela base do prefeito Gilberto Kassab (PSD), porém, a CPI não realizou qualquer investigação até agora. Após mais quatro incêndios em duas semanas, ocolegiado finalmente nomeou vice-presidente e relator, e montou um calendário de reuniões.
“Mesmo assim, a nova gestão [do ex-prefeito de São Paulo, José Serra] não tocou o projeto, sem dar justificativa. Já tínhamos tudo pronto, inclusive profissionais treinados, era só continuar”, conta.
(Rede Brasil Atual)
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