Para além das aparências

Em Marabá, o PT decidiu por unanimidade apoiar a candidatura do deputado João Salame à prefeitura. Em Ananindeua, o PT resolveu não coligar-se com o Partido Comunista do Brasil, nas eleições proporcionais. Como é sabido, Salame é do Partido Popular Socialista(PPS) um dos mais virulentos adversários do petismo em todo o país, conforme constata-se observando o comportamento hidrófobo/bufão de Roberto Freire, presidente nacional da sigla.
Já o PCdoB é aliado dos petistas em todas as horas, principalmente a partir de 2002, em praticamente todos os cantos do país, daí parecer estranha a decisão petista em Ananindeua sendo, de resto, as duas causadoras de estranheza por conta desse sinal trocado.
No entanto, se de perto ninguém é normal, ao nos aproximarmos das circunstâncias que levaram petistas separados por 800km rejeitarem aliados e apoiar adversários, constataremos que há muita sensatez em ambas as decisões.
João Salame, apesar de aliado do governador Lorota, assinou a engavetada CPI do assalto aos cofres da Alepa, por conta disso renunciou à liderança do governo e ainda expôs publicamente suas divergências com Simão, criticando-o pela postura adotada durante o plebiscito a respeito da criação dos estados do Tapajós e Carajás.
O PCdoB ananin, ao contrário, abrigou um monte de áulicos do barbalhismo, sabe-se lá sob a regência de quem, ou sabe-se, apenas não cabe aqui especular os detalhes, prestando-se ao papel de massa de manobra do mandonismo do inoperante Helder imposto ao conjunto da militância PT. Prestes a perder o controle do executivo municipal tenta, através desse tipo de manobra espúria, continuar com o controle do legislativo, felizmente frustrada.
Portanto, em ambos os casos e para além do que inicialmente aparentam, as decisões dos companheiros de Marabá e Ananindeua contribuem em larga escala para o fortalecimento da legenda no embate com o coronelismo que não dorme e nem admite perda do controle da res pública.