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sexta-feira, 22 de junho de 2012

O acordo entre Nissan e Petrobras

Carros elétricos: BR estuda recarga em dez minutos

Por Lilian Milena, no Brasilianas.org
Da Agência Dinheiro Vivo

Parceria entre Petrobras Distribuidora e Nissan do Brasil visa estudos de infraestrutura e carregadores rápidos para carros elétricos.

As duas companhias assinaram nessa semana, no Rio de Janeiro, um memorando de entendimento voltado à produção de estudos que visem a ampliação da infraestrutura de postos necessária para atender veículos elétricos.

Um dos objetivo da Nissan é a capilaridade dos postos da BR, presente em quase todas as cidades do país. Já o interesse da Petrobras Distribuidora, segundo o Gerente de Tecnologia da Rede de Postos da Petrobras, Paulo da Luz, é acompanhar a evolução das tecnologias dos veículos e dos carregadores rápidos (quick chargers) da Nissan que podem atingir 80% da armazenamento das baterias de veículos elétricos em dez minutos. Atualmente, os quick chargers existentes no mundo, atingem essa meta em meia hora.

Nissan e Petrobras trabalham juntas desde 2011, quando a BR lançou o Posto do Futuro, também chamado de Eletroposto, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. A plataforma modelo realiza abastecimento elétrico de bicicletas, scooters e está preparada para atender carros elétricos.

Acompanhe a seguir, na entrevista completa feita com Paulo da Luz, as principais conclusões tiraras das experiências do Posto do Futuro, bem como a ideia do modelo de negócio que a BR pretende iniciar a partir do convênio feito com a Nissan.

Brasilianas.org - Qual é o interesse da Petrobras Distribuidora nessa parceria com a Nissan? Quais são as perspectivas que vocês têm dessa companhia com relação ao mercado de veículos elétricos ou híbridos?

Paulo da Luz - A Nissan já tem cerca de 32 mil veículos elétricos vendidos no mundo e tem uma tecnologia grande já desenvolvida. Esse acordo, especificamente, diz respeito a tecnologia e infraestrura necessária para atender veículos elétricos, sejam híbridos ou puramente elétricos. O objetivo da BR [Petrobras Distribuidora] é entender, através de grupos de trabalho, o perfil dos clientes nesse mercado de veículos elétricos e quais serão suas necessidades.

A primeira coisa que podemos dizer é que o veículo elétrico não deverá ser o carro principal do cliente. A maior parte dos consumidores no mundo o utilizam como segundo ou terceiro carro da família, dadas as limitações que existem em relação a autonomia da bateria.

Um dos focos de negócio que interessam a BR diz respeito a nossa produção de combustíveis, lubrificantes e fluídos em geral, em especial para os veículos híbridos [possuem dois motores, um elétrico e outro de apoio movido à combustível] ou plug-in [pode ser abastecido com combustível e/ou recarregados na bateria].

Como funcionaria um posto que vai receber esse tipo de veículo? Basicamente o que imaginamos é que a pessoa poderá abastecer o veículo na garagem da sua própria casa. Logo, por que a Petrobras enxerga possibilidades comerciais na área de recarga?

Um dos objetivos do memorando de entendimentos é o estudo da infraestrutura necessária para os EVs [veículos elétricos] e da demanda dos carregadores rápidos, ou quick chargers. Eles são praticamente impossíveis de se manter em casa, porque para isso é necessário um transformador de altíssima potência, que custa atualmente na faixa de 15 a 20 mil dólares .

Vimos outra informação de que o abastecimento de 80% da recarga seria feito em meia hora. Quem pararia num posto para esperar tudo isso?

Essas são os quick chargers comerciais que temos atualmente. Porém na hipótese de recarga de 80%, em dez minutos, um dos pontos de estudo avaliará esta forma de recarga na vida útil normal da bateria.

No caso dos celulares, é preciso sempre esperar descarregar totalmente, para carregá-lo, caso contrário a bateria fica viciada e diminui sua vida útil. Nos veículos elétricos é totalmente diferente, então?

Na verdade essa lógica não se aplica para as baterias de ion de lítio dos carros. Elas têm uma vida útil muito grande, em torno de dez anos, e podem durar muito mais tempo admitindo uma eficiência menor. Quanto ao modelo de nosso atendimento para suprir a demanda, verificamos através do Eletroposto que temos desde 2009, no Rio de Janeiro, [Barra da Tijuca], que o perfil do consumidor é a recarga em casa, mesmo. A maioria dos nossos clientes vêm abastecer suas bicicletas [elétricas] e scooters de forma eventual, ou seja, para garantir uma quilometragem extra.

Portanto é a partir desse foco que estamos trabalhando ou seja, de como seria uma infraestrutura necessária para fazer o abastecimento de veículos elétricos, quando o cliente necessitar. A conclusão que chegamos, inicialmente, é que a recarga elétrica será oferecida num contexto de conveniência. Ou seja, o cliente que freqüentar uma das lojas de conveniência da BR, além das atrações normais das lojas, como sanduíches, coca-cola, etc, poderá também recarregar seu veículo elétrico.

Os veículos elétricos ainda não estão preparados para agüentar longas viagens, nos próximos anos. Portanto, num futuro breve, em que tipo de localidade os quick charges serão instalados?

Existem cidades que tem vocação para veículos elétricos, outras não. Por exemplo, cidades extremamente planas tem essa vocação, ao contrário das que tem muitas ladeiras. Segundo, o carro elétrico custa caro, então os postos nas cidades com vocação, seriam restritos a bairros de classes A e B. Na verdade a gente verifica a situação de que existem determinados postos, situados em determinadas cidades, em determinadas bairros que podem ser aptos para ter essa conveniência.

Voltando para a questão do Eletroposto - ou Posto do Futuro -, qual a avaliação que você faz em relação às experiências que tiveram ali? É possível avaliar a multiplicação de postos de conveniência a partir dessa iniciativa?

Esse é exatamente o objetivo do nosso estudo. Queremos entender a que preço seria desenvolvido o quick charger, para ver o tempo de retorno bom, e qual é a tecnologia que a Nissan está desenvolvendo, que é top de linha para os veículos elétricos atuais. Daí, então, através disso, estudar a viabilidade da instalação desses postos. A princípio, a parceria prevê estudos a respeito do quick charger, a infraestrutura dos postos BR para atender veículos elétricos, com a tecnologia que está sendo disponibilizada agora.

Nossa experiência no Eletroposto nos indicou muitas coisas interessantes. Primeiro, que a instalação de quick chargers, no geral, exige altos investimentos, Além disso verificamos que a BR tem uma rede de postos com uma capilaridade muito grande e em todas as cidades do Brasil, e que podemos juntar as duas coisas para poder oferecer ao cliente o produto que o satisfaça.

Qual é o volume de investimentos previsto para esse acordo?

Não existem desembolsos previstos no acordo entre BR e Nissan. Na verdade o foco dele é em estudos, e cada empresa arcará com suas despesas quando for necessário. É um acordo que gera investimentos e perspectivas pelas duas empresas, o Grupo Renault-Nissan e BR, estudando infraestruturas, suporte e benefício para EVs..

Como planejam a troca de informações?

Hoje [20 de junho] teremos um encontro para discutir a metodologia do trabalho. Existe uma solicitação nossa para entender como seria feito o quick charger e em que ponto está o desenvolvimento deles, afim de compreender qual a estrutura necessária para tê-los nos postos. Existem vários quick chargers no mundo abastecendo com 220 volts, 400V ou 480 volts. A Nissan tem três modelos, o japonês, outro europeu e o americano. A partir daí faremos análises para saber qual é o modelo que mais se adequaria ao Brasil.

Além do mais, temos que verificar qual é a legislação que irá reger aqui no Brasil o smart grid, que é a rede inteligente que poderia dar andamento a implantação dessas plataformas. Ou seja, tem muita coisa a ser feita.

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Saiba mais
Rápida explicação sobre os modelos elétricos no mundo

No mercado existem três modelos de veículos de passeio movidos a eletricidade: os que são totalmente elétricos, os híbridos e os híbridos plug-in. O modelo elétrico mais vendido no mundo é o Nissan LEAF. Desde que foi lançado, em 2010, mais de 30 mil unidades já foram comercializadas. A autonomia desses veículos chega a 160 km com uma única carga. E sua bateria é carregada completamente em oito horas.

O segundo modelo, híbrido, funciona com dois motores, o principal é elétrico e o segundo, de apoio, movido à gasolina, sendo que o consumo do combustível fóssil ainda é superior ao consumo de energia elétrica. O Toyota Prius é o campeão de vendas, com cerca de 4 milhões de modelos em circulação, desde que foi lançado, em 2003.

Já os veículos híbridos plug-in, podem ser abastecidos tanto na tomada - passando a depender totalmente da energia elétrica -, quanto à gasolina. A principal carro já desenvolvido com essa tecnologia é o Chevrolet Volt, com autonomia elétrica entre 40 e 80 km.

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