Em tempos de tensão pré eleitoral, vale tudo para tentar um mandato ou renovar o atual. Segundo matéria do jornal do "coronel" Barbalho, escudando-se na Emenda Constitucional Nº58/09, várias câmaras municipais foram à luta para aumentar suas respectivas cadeiras. Só em Castanhal podem ser mais onze vereadores; Parauapebas e Marabá, oito vereadores a mais para cada e Belém pode ganhar mais dois, já a partir deste ano.
No caso de Belém, um vereador sai para o contribuinte por cerca de meio milhão de reais/ano. É quase o custo de uma creche na periferia da cidade e com benefícios infinitamente inferiores na medida em que cada vez mais mães estão adentrando o mercado de trabalho, sendo nossa capital uma das campeãs brasileiras de mulheres chefas de família.
Isto não quer dizer que se está fazendo eco ao reacionarismo que prega o fechamento do parlamento, como faz sempre quando a direita está em minoria. O que está se falando aqui é de ir ao outro extremo, o da representatividade superstimada, algo que acaba dando argumentos ao discurso anti poder legislativo, pois o inchaço leva à inércia.
Nossa capital, por exemplo, tem trinta e cinco vereadores e duas horas e quarenta e cinco minutos de sessão por dia, sendo que às sextas-feiras não são realizadas sessões plenárias. O rito regimental destina ao conjunto dos vereadores inscritos em um livro trinta minutos; às lideranças dos partidos mais trinta minutos; quarenta e cinco minutos para discussão e votação de requerimentos e uma hora para discussão e votação de projetos. Ou seja, na parte mais extensa da sessão apenas seis vereadores terão direito a manifestar-se e em outras apenas três podem dar seu recado.
Assim, com trinta e cinco vereadores, para se votar um projeto em situação normal, com todos tendo direito ao encaminhamento de votação, leva duas semanas. Como há outros recursos regimentais procrastinadores, um simples projeto pode levar até mais de um mês para ver finalizada sua apreciação. Não é à toa que as leis são frequentemente comparadas a salsichas e mortadelas, justamente porque se o distinto público tivesse acesso a como são feitas certamente as repudiaria. Dois edis a mais só aumentará a inoperância. E, repita-se, os custos.
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