Jorge Paz Amorim

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Sou Jorge Amorim, Combatente contra a viralatice direitista que assola o país há quinhentos anos.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Mãe consegue exumar corpo de filho enterrado com projétil


O dia 13 de junho foi dolorido para Débora Maria da Silva. Neste dia, foram exumados os restos mortais de seu filho, o gari Edson Rogério Silva dos Santos. Ele foi morto na Baixada Santista depois de tentar abastecer sua moto em um posto em 15 de maio de 2006, durante a crise deflagrada entre o Estado de São Paulo e integrantes do crime organizado do Primeiro Comando da Capital (PCC).

A exumação foi feita pelo Instituto Médico-Legal (IML) de São Paulo depois de um pedido do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público e vai investigar se o projétil com o qual Edson Rogério foi enterrado é compatível com uma arma apreendida em Cubatão durante as investigações.

“Foi muito difícil desenterrar meu filho para fazer uma suposta investigação que deveria ter sido feita há seis anos”, conta Débora, integrante do grupo Mães de Maio, composto por familiares que perderam parentes no conflito batizado como “Crimes de Maio”. Para Débora, não há dúvidas de que Edson foi morto por policiais. “Eu tenho familiares policiais que avisaram que no dia da morte de Edson que haveria retaliação aos bandidos. No fi m daquela noite mataram meu filho”, conta.

Débora aposta que o filho foi morto por ser pobre e negro, fenótipo associado pela Polícia ao marginal e que é facilmente encontrado na população brasileira, dada a alta desigualdade social e a herança escravagista que marca o país. “O Brasil é um dos maiores violadores do direito à vida. A gente vê que quem morre nas mãos da polícia é pobre, preto e da periferia. A pena de morte está decretada. A criminalização da pobreza está na moda. Hoje a PM mata, a Civil vela e o Ministério Público enterra”, desabafa.

Reivindicação antiga do movimento de Direitos Humanos no Brasil, Débora defende o fim da polícia militar e a desmilitarização da Polícia. É pelo que luta também a coordenadora do Observatório das Violências Policiais da PUC, Ângela Mendes de Almeida. “É necessária só uma polícia e que ela seja civil”, destaca. Segundo ela, a recomendação do Conselho da ONU pela extinção da Polícia Militar serve como instrumento de pressão, mas ressalta que o Brasil tem precedentes de não aplicar as orientações internacionais.

Outra reivindicação das organizações de direitos humanos é uma medida paliativa, mas importante para a justiça: que os crimes cometidos pela Polícia Militar não sejam investigados pela própria Corregedoria da Polícia Militar. “Se eles aceitassem não serem investigados pelos seus pares nós daríamos um grande passo. O que não podemos ter é inclusive ameaças às vítimas que apresentam queixas por policiais da própria Corregedoria”, acrescenta. O relatório da ONU também orienta o Brasil a investigar os crimes cometidos por agentes da ordem de forma independente.

(Brasil de Fato)

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