Perseverante até no delito

Manoel Pioneiro parece ser daqueles que morre espetado na cerca, mas não larga a galinha do vizinho. Envolto em uma série de denúncias oriundas da própria Mesa que comanda, partiu para a mais calhorda desculpa que poderia usar nesse momento, tão estúpida quanto a sede que o fez ir tão prematuramente ao pote.
Disse que é o último a saber. A literatura, no sentido mais amplo, que aborda casos de passionalidade resultantes do posicionamento no final da fila, é rica em exemplos de reações diametralmente opostas a de Pioneiro. Grande parte dessas reações culminam na prática de atos violentos, que acabam invariavelmente sob o juizo de algum tribunal e muitas levam até para atrás das grades da prisão, portanto, no mínimo é estranha a passividade do presidente da Alepa com o desenrolar dos acontecimentos de forma que todos sabiam, enquanto ele só veio tomar conhecimento quando o caldo já entornara. Pior: sendo ele o único responsabilizado.
Na verdade, essa reação de Pioneiro tem uma cara de déja vu, conforme se viu recentemente, quando vários deputados no afã de impedir a abertura de uma CPI que apurasse os assaltos lá praticados, tentaram passar à opinião pública que funcionários antigos da casa tinham tanto domínio do seu funcionamento que já faziam coisas à revelia dos deputados.
O tempo e os promotores Nelson Medrado e Arnaldo Azevedo desmentiram essa balela ao mostrar que, pelo menos nos últimos oito anos, os comandantes da pilhagem sempre foram presidentes do Poder. Com a forte suspeita de que os assaltos foram feitos sob suas orientações, bem como o produto dessas pilhagens em seus nomes terem retornado. Basta quebrar seus sigilos bancários e de suas respectivas campanhas políticas.
Assim, essa tentativa de Pioneiro em transferir ao funcionalismo a responsabilidade por tudo aquilo que a neo proba Simone denunciou como sendo prática da presidência, pode significar um tiro no pé e mais comprometer do que absolver. Com séria ameaça à candidatura em Ananindeua, se o emparedamento durar todo este ano. Aí o barbalhismo vai pra galera!