A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil enviou carta à presidenta Dilma Rousseff reiterando sua "defesa da vida em todo o seu estado natural, desde sua concepção e é absolutamente contra o aborto". O teor da posição firmada tinha como endereço a nova ministra da Secretaria de Políticas para Mulheres, Eleonora Menicucci, demonizada pelo PIG em matéria infame e mentirosa, mas, estranhamente, reverberada pela entidade católica.
Nem precisava do envio de carta, se fosse apenas essa a intenção, posicionar-se a respeito do que já vem falando há séculos, mais precisamente, desde que mandou Galileu Galilei renegar suas descobertas, por sinal, das mais importante para o desenvolvimento da ciência moderna, enquanto viraram pó de traque as que o clero queria obrigar Galileu a professar.
Desde então, toda vez que a religião atavicamente tenta impor crença à ciência acaba prestando desserviço à humanidade, como ocorreu em relação as pesquisas com células-tronco, quando o Vaticano orientou posicionamento contrário, cujo resultado foi enorme e prejuducial atraso na regulamentação das normas que disciplinassem a tal pesquisa que permitiria posteriormente a cura de doenças degenerativas.
Evidentemente que ninguém desconhece a enorme responsabilidade que Santa Sé tem com seus milhões de fieis espalhados no mundo todo, daí ter sempre o continuado dever de emitir normas de comportamento a esse rebanho. No entanto, como mostra a carta enviada à presidenta, quase sempre esses textos ignoram o caráter laico do estado resvalando, com efeito, a mensagem para o campo doutrinário indutor de procedimento generalizado.
Educação, saúde, segurança estão entre as maiores carências da sociedade brasileira mercê de séculos de discursos tocantes a respeito de soluções, sempre em companhia da omissão total na hora de agir. Então, nesse momento em que o país desenvolve-se economicamente e atinge o patamar de quinta maior economia mundial é hora, sim, de cobrar dos governantes que esse desenvolvimento seja usufruido por todos os brasileiros, através do estabelecimento de políticas públicas que tragam bem estar a todos os segmentos sociais. Nesse sentido, não é possível obter-se êxito nessa missão com visão excludente e punitiva daqueles que estão além das "muralhas" e condenados a sofrer todos os castigos advindos da fúria dos céus.
Muito pelo contrário. É para esses que o olhar assistente do Estado Brasileiro deve voltar-se com mais carinho e benevolência, pois só assim superaremos todas essas mazelas que produzem as tragédias que somos obrigados a assistir no dia-a-dia de nossa população.
2 comentários:
A Igreja não abre mão de se posicionar quanto a questões que envolvem a Vida e a Ética. Goste ou não os permissivos.
E a humanidade é infinitamente maior que qualquer dogmática criada para cercear liberdades.
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