No quesito confundir o eleitor, a disputa de 1998 foi imbatível. Um ano antes, mais especificamente em janeiro de 1997, a Constituição havia sido mudada para permitir a reeleição do presidente da República, governadores e prefeitos. Em maio, o jornal Folha de S.Paulo inflamou o ambiente político ao noticiar a compra de parlamentares, para que votassem a favor da reeleição.
A informação nasceu de uma gravação feita por um dos envolvidos entregue ao jornalista Fernando Rodrigues. Revelou-se uma negociação em que pelo menos cinco deputados federais receberam R$ 200 mil cada para votar ‘‘sim’’. Os parlamentares (Chicão Brígido, do PMDB-AC, e mais Zila Bezerra, Ronivon Santiago, João Maia e Osmir Lima, todos do PFL-AC) teriam acertado o preço com Orleir Camelli, então governador do Acre, e Amazonino Mendes (PFL), governador do Amazonas, coordenados pelo ministro das Comunicações, Sérgio Motta.
O escândalo aumentou a temperatura política e recheou de suspeição e eleição de 1998, mas não produziu conseqüências graves. Ronivon Santiago e João Maia foram expulsos do PFL e renunciaram aos mandatos. Os demais apostaram no corporativismo parlamentar e se submeteram à corregedoria. Acabaram inocentados.
Quando a campanha propriamente dita começou, o pastor Caio Fábio d’Araújo Filho, hoje com 46 anos, procurou o ex-governador Leonel Brizola e o ex-ministro Ciro Gomes — candidato a vice-presidente na chapa de Lula e candidato a presidente pelo PPS, respectivamente. Ofereceu-lhes um dossiê com informações sobre uma certa CH, J & T, empresa instalada nas Ilhas Caymann, cujos sócios seriam Fernando Henrique, Sérgio Motta, o governador Mário Covas e oentão ministro da Saúde, José Serra.
Brizola e Ciro consideraram o material inconsistente e o rejeitaram. Mas a história tornou-se pública e acabou se transformando num inquérito da Polícia Federal. O ex-prefeito Paulo Maluf e o ex-presidente do Banco do Brasil Lafayette Coutinho também tentaram vender o dossiê Caymann, comprovadamente falso. Caio Fábio, Maluf e Coutinho estão sendo investigados pelo Ministério Público e pela Polícia Federal. O inquérito corre em segredo de Justiça e será concluído em 90 dias.
(Extraído do blog Aposentado Invocado)
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