Governo cedeu, mas não agradou

Após quase um dia inteiro de negociações, tumulto, xingamentos e um trânsito mais infernal que o habitual, o governo sentiu a força de uma categoria unida e decidida a ir às últimas consequências para fazer valer sua reivindicação e acabou atendendo parcialmente essas reivindicações, concedendo às patentes mais baixas um aumento médio de R$350 em seus vencimentos. Ainda assim, embora algumas lideranças do movimento tenham declarado ser esse o limite possível, grande parte da categoria sentiu-se traída e disposta a radicalizar o movimento não deixando que o mesmo se encerre totalmente.
Ou seja, o final da greve não significa o fim das insatisfações do conjunto da tropa e as sequelas disso terão efeito imprevisível em um futuro não muito distante. Isto pra não falar das demais categorias de servidores público estaduais, que podem ter como parâmetro o movimento dos policiais e fazer valer sua organização, para resgatar direitos neglicenciados pelo governo, que optou por criar cargos de assessor especialIII, novas secretarias e reajuste de mais de 60% para seus apadrinhados, em detrimento do poder aquisitivo do funcionalismo de carreira.
Não se pode deixar de fazer referência à covardia do mandatário máximo do estado, Simão Loota, em lugar incerto e não sabido, enquanto mais de 2 milhões de pessoas de uma região do estado ficavam vulneráveis a mais insegurança porque o segmento responsável pela tranquilidade dessas pessoas desnudava a pouca importância que o governo dá para o referido segmento ao pagar-lhe o quarto pior salário do país. Decididamente, Simão entrará para a história como aquele governante que botou a mão sobre a Constituição jurando uma coisa, mas, diante de dificuldades inerentes ao cargo para o qual a população o escolheu, abdica dos seus deveres e transfere a terceiros a tarefa de governar. Com efeito, pusilanimidade e omissão não boas conselheiras nessas situações, daí termos a desagradável sensação que nada está tão ruim que não possa piorar ante as agruras de se ter um governante que abandona o estado quando vê problemas. Preocupante.