Stanislaw Ponte Preta tem uma crônica ótima, em que uma senhora idosa todo dia passava na barreira alfandegária pilotando uma moto, transportando sacos de areia na garupa. O inspetor sabia que aquilo era suspeito e todo dia revistava minuciosamente os sacos sem jamais achar qualquer vestígio de contrabando. Na véspera de sua aposentadoria, jurou pra velhinha que não faria qualquer relato denunciando-a, só queria satisfazer a curiosidade a respeito do que ela contrabandeava. E a velha, impassível, respondeu: motos.
Isto me veio à lembrança hoje ao ler mais uma das grandes matérias que costuma publicar em seu blog a admirável jornalista Ana Célia Pinheiro, a respeito da desapropriação, por parte do governo do estado, do hospital Saúde do Bebê por um preço extravagante, pra dizer o mínimo.
Pelo relato de Ana Célia, até coador de café entrou no rol dos apetrechos que compuseram os itens formadores do preço daquele imóvel. Ou seja, pode-se dizer que o prédio deve funcionar como a moto, mas o coador de café faz, evidentemente, o papel dos sacos de areia. Como é esperto esse Lorota.
3 comentários:
Assim... Temos um novo hospital para atender nossa carente população. Isso já uma ótima notícia, não?
Até onde eu sei era um jumento carregado de lenha, a lenha era revistada porem o contrabando era o jumento
Talvez Lalau tenha adaptado. Mas, essa crônica(com moto) era muito lida nas turmas de Língua Portuguesa e Comunicação lá pelos idos de 1975, no básico da UFPA.
De qualquer modo, veja como evolui: primeiro foi lenha, depois areia e agora é coador de café. E ainda tem gente que acha ser em benefício do povo. Paciência!
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