10. Entidade faz curso com condenado por plágio | |
Sociedade Brasileira de Zoologia e UFPA, onde o cientista dá aula, afirmaram desconhecer o histórico do pesquisador. A Sociedade Brasileira de Zoologia convidou, pela segunda vez, um cientista com histórico de plágio para ministrar um dos minicursos em seu próximo congresso bienal, que acontece em março. O minicurso, sobre entomologia forense (que envolve o uso de insetos como pistas de crimes), deve ser conduzido pelo entomólogo Leonardo Gomes, da Universidade Federal do Pará (UFPA).
Há cinco anos Gomes tem seu nome ligado a fraudes científicas, desde seu pós-doutorado na Universidade Estadual Paulista (Unesp). Duas das acusações foram comprovadas. Elas levaram à saída de Gomes da Sociedade Brasileira de Entomologia e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), onde ele teve uma bolsa cortada em 2008.
O pesquisador teve um artigo científico anulado pela revista "Neotropical Entomology" e um livro sobre entomologia cancelado pela Springer, editora internacional de obras científicas. No artigo, o cientista copiou partes integrais de trabalhos já publicados. Isso ocorreu "lamentavelmente", na opinião do ex-orientador e coautor de Gomes, Cláudio Von Zuben, professor da Unesp de Rio Claro. "Ele teve a honradez de assumir o erro", diz Zuben.
Mas, na opinião do biólogo da Universidade de Brasília (UnB), Marcelo Hermes-Lima, assumir um erro não é uma atitude "honrosa". "Isso é uma obrigação." Até essa retratação, Gomes era revisor da própria "Neotropical Entomology". Ou seja: ele analisava os artigos enviados para publicação, dando pareceres sobre isso.
Panos quentes - O histórico de plágio de Gomes não era do conhecimento da presidente do Congresso Brasileiro de Zoologia, Rejâne Maria da Silva. À Folha, ela afirmou que está tentando substitui-lo no curso. A UFPA também informou, em nota, que desconhecia as denúncias referentes à conduta de pesquisa do docente.
O desconhecimento generalizado do fato talvez se deva ao modo como a própria Unesp conduziu o caso. Na época em que as denúncias sobre Gomes surgiram, a Unesp abriu uma sindicância - mas contra o doutorando que levantou suspeitas sobre o trabalho do colega. Gomes, via assessoria da UFPA, afirmou que não se manifestaria sobre o caso.
Má conduta - O Brasil ainda não tem regras claras para prevenção e punição de casos de fraudes científicas. As investigações de fraude ficam a cargo das instituições onde ocorrem os casos de má conduta. Recentemente, o Conselho Nacional de Pesquisa Científica (CNPq) anunciou que deve criar uma comissão nacional com essa função. De acordo com Glaucius Oliva, presidente do CNPq, a proposta deve sair do papel em dois meses. "Precisamos introduzir o conceito de ética nos nossos pesquisadores."
'Pesquisador reconheceu o próprio erro' - O ex-orientador e coautor de Leonardo Gomes, Cláudio Von Zuben, da Unesp de Rio Claro, saiu em defesa dele. Ele admite que, "lamentavelmente", o plágio ocorreu. Mas destaca que "ele teve a honradez de assumir o erro, o que está explicitamente demonstrado na retratação do artigo, que saiu em 2010".
Na retratação, Gomes eximiu Zuben da responsabilidade pelo artigo "despublicado". O ex-orientador também destaca que Gomes sempre teve uma alta produtividade científica. Em nota, a Unesp disse que os críticos de Gomes faziam "campanha caluniosa" contra ele. (Folha de São Paulo) |
Jorge Paz Amorim
- Na Ilharga
- Belém, Pará, Brazil
- Sou Jorge Amorim, Combatente contra a viralatice direitista que assola o país há quinhentos anos.
quinta-feira, 15 de setembro de 2011
Será que a UFPa. sabe?
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário