Homenagem ao general Golbery provoca revolta em cidade gaúcha
Sexta-feira 2, setembro 2011
Uma homenagem de políticos ao general Golbery do Couto e Silva (1911-1987), um dos principais nomes da ditadura militar, provocou revolta no Rio Grande do Sul.
O centenário de nascimento de Golbery, no último dia 21, foi lembrado pela Prefeitura de Rio Grande (a 311 km de Porto Alegre), onde ele nasceu, com uma cerimônia e um projeto de monumento na praça central.
O prefeito Fábio Branco (PMDB) disse, na ocasião, ao lado de oficiais militares, que Golbery prestou “muitos serviços” à terra natal.
Só dois dos 13 vereadores da cidade se opuseram à homenagem.
O general, que morreu em 1987, foi um dos principais articuladores do golpe de 1964 e o responsável pela criação do SNI (Serviço Nacional de Informações), tendo comandado o órgão durante o governo Castello Branco (1964-1967).
Mais tarde, foi ministro-chefe da Casa Civil do presidente Ernesto Geisel (1974-1979), quando articulou a distensão “lenta, gradual e segura” da ditadura.
Permaneceu no cargo no início do governo João Baptista Figueiredo, mas pediu demissão em 1981. Depois, apoiou a candidatura de Paulo Maluf à Presidência.
A iniciativa de homenageá-lo partiu da prefeitura e virou motivo de mobilização na internet. Um abaixo-assinado foi criado contra a medida, que se tornou alvo também da União da Juventude Socialista, ligada ao PCdoB.
Leis municipais de 2003 e 2009 deram o nome do general a um bairro e a uma avenida de Rio Grande, cidade de 197 mil habitantes. Também há um busto do ministro na praça de um quartel.
O vereador Júlio Martins (PCdoB) disse que se opôs à homenagem devido “ao que representa a figura de Golbery na ditadura militar, na perseguição a brasileiros, e como ideólogo da Lei de Segurança Nacional”.
Disse ainda que a ideia partiu daqueles que foram beneficiados pelo regime e que os militares indicaram, no período, um coronel como interventor do município.
O movimento estudantil local deve organizar protestos sobre o caso e chama o general de “figura nefasta”.
O prefeito do PMDB afirmou que o monumento é apenas um reconhecimento a quem ajudou a cidade com obras e com a federalização da universidade local.
“Não vou entrar no mérito de se ele era da ditadura ou não. Eu não era nem nascido”, afirmou Fábio Branco, 39.
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