Ruy Marques Sposati
de Altamira (PA)
“Nos baixões [bairros que serão alagados pela barragem], uns saem porque não sabem se vão perder a casa, outros porque não podem pagar o aluguel. E o motivo é Belo Monte. É Belo Monte que está empurrando o povo pra fora. O povo não teria porque sair do seu canto, se não estivesse acontecendo essa barragem. É assim que a gente se sente: expulsos”.
"Este foi o depoimento de dona Raimunda, de 54 anos, moradora do bairro Invasão dos Padres, para a Defensoria Pública de Altamira, no Pará. Ela também é uma das milhares de moradoras e moradores de uma das muitas localizações que poderão ir para debaixo d’água.
Há cerca de um mês, 198 famílias ocupam outro terreno em desuso no perímetro urbano de Altamira. Amedrontadas pelo alagamento que a construção da barragem poderá causar caso seja construída, as famílias deixaram suas casas para construir novos barracos em terras que, popularmente, é sabido serem irregulares. Terras griladas. Contudo, neste caso, o juiz expediu o mandado de reintegração de posse. Dona Raimunda e as outras 198 famílias ocupantes estão temerosas com os desdobramentos violentos estão por vir. “Porque a gente não vai sair daqui, né?”, conclui."
Esse texto, que li no blog "Só Esquerda", é bem o atestado do que é escrito sem critério quando se defende uma ideia fixa, no caso, o embargo da construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, entre outros motivos, por expulsar moradores de suas casas.
Chamar aquelas palafitas de casas é até maldade, assim como é maldade instrumentalizar pessoas carentes para uma luta política impedindo-as de morar em condições mais humanas, já que uma das condicionantes aceitas pelo governo é a construção de moradias dignas às 198 famílias( não "milhares") prejudicadas com os alagamentos da área. Acrescente-se o fato de que as "residências" estão construidas em área comprovadamente grilada, logo, indevidamente apropriada por alguém bem mais poderoso do que os humildes moradores. Um pouco mais de serenidade não faria mal à ninguém.
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