Na sexta-feira, a bolsa de Milão caiu 3,3% e a taxa de risco subiu a um máximo de 247 pontos base, com os bancos a serem muito castigados. A Itália tem uma dívida pública que representava, no final de 2010, 119% do PIB, segundo dados do Eurostat. Na semana passada, as agências de rating puseram o país em observação, afirmando a Standard & Poor's que a crise tinha feito gorar “todos os esforços italianos de consolidação fiscal realizados durante a última década", enquanto a Moody's punha em revisão o rating da Itália e de 16 entidades de crédito locais.
Os chamados “esforços de consolidação fiscal” começaram no ano passado com um primeiro plano de cortes de 21.500 bilhões de euros, que consistiu no congelamento dos salários dos funcionários públicos até 2012, a redução dos salários dos membros do governo, ajustes das verbas para as regiões e medidas para combater a evasão fiscal.
“Ele pensa que é um génio”
Agora, o governo foi mais longe e aprovou um novo plano de cortes no valor de 43 bilhões, que consiste em prolongar o congelamento dos salários, novos cortes de gastos e uma taxa sobre as transacções bancárias. Mas a crise política, que já levou Silvio Berlusconi a anunciar que não voltará a candidatar-se, irrompeu com força e veio ampliar as pressões das agências.
O próprio Berlusconi jogou lenha na fogueira ao atacar o seu próprio ministro da Economia, Giulio Tremonti, de quem disse: “Ele pensa que é um gênio e acredita que todos os demais são uns cretinos. Suporto-o porque conheço-o há muito tempo, e é preciso aceitar que ele é assim. Mas é o único que não faz jogo de equipe.”
Tremonti tem-se recusado a baixar impostos, o que é pedido pelo próprio Berlusconi e pelo líder da Liga Norte, Umberto Bossi, e pelo contrário vai aumentá-los.
O primeiro-ministro anunciou então que vai levar o novo plano ao Parlamento, para amenizá-lo um pouco. Foi o que bastou para despertar a ira das agências, que ameaçam baixar o rating da Itália, possivelmente em dois níveis.
(Carta Maior)
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