Jorge Paz Amorim

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Sou Jorge Amorim, Combatente contra a viralatice direitista que assola o país há quinhentos anos.

sábado, 9 de julho de 2011

METALÚRGICOS DO ABC POLITIZAM DEBATE ECONÔMICO COM NOVA AGENDA OPERÁRIA

Metalúrgicos das cinco maiores montadoras do ABC paulista cruzaram os braços nesta 6º feira e cerca de 10 mil ocuparam a rodovia Anchieta, em São Bernardo, próximo à Mercedes Benz, em passeata. A mobilização organizada discretamente nos últimos dias não reivindica salários. Berço dos grandes levantes operários dos anos 70/80, que mudaram o quadro político brasileiro, o sindicalismo do ABC inicia hoje uma luta pela própria sobrevivência: os trabalhadores cruzam os braços em protesto contra a desindustrialização em marcha no país. A concorrência das importações imposta pela competitividade chinesa, mas sobretudo incentivada pelo desequilíbrio cambial decorrente de uma política de juros rentista disparou o sinal de alarme na consciência política dos sindicalistas. Sérgio Nobre, presidente do sindicato dos metalúrgicos do ABC, resume a questão, em entrevista ao jornal Valor: "(se continuar assim) não sobrará sequer parafusos para a gente apertar". O embate é um dos mais difíceis já assumidos pelos operários brasileiros. Trata-se de afrontar a lógica da livre mobilidade dos capitais e suas interações globais com um novo projeto de desenvolvimento. Uma ação essencialmente política, que exige elevado grau de consciência e organização. Ao mesmo tempo, a politização desse debate é a única forma de desmontar a blindagem esférica do arcabouço rentista, que mesmo os governos do PT hesitam encarar.Ontem, por exemplo , os 'agentes' financeiros já pressionavam o governo por mais duas altas na taxa de juro sideral do país, uma vez que o IPCA em 12 meses ultrapassou o teto da meta de inflação fixado pelo BC, de 6,5%. Hoje a taxa de juro no Brasil é de 12,25%; o rentismo quer jogá-la para 12,75% até dezembro (um juro real da ordem de 6%). Como no resto do mundo a taxa real é zero, ou negativa, compreende-se a avalanche de capitais especulativos que vem engordar aqui no pasto viçoso da ortodoxia nativa. Tornar-se a grande fazenda de engorda rentista do planeta, como alertaram os metalúrgicos com a greve desta 6º feira, custa caro à sociedade: o dólar barato gerado por esse afluxo de capitais transfere demanda e empregos para o exterior via importações. No ano passado, por exemplo, o Brasil importou 1 milhão de automóveis. Nesta 5º feira, o dólar foi cotado a R$ 1,558, um dos níveis mais baixos desde 1999.

(Carta Maior; Sábado, 09/07/ 2011)

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