Jorge Paz Amorim

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Sou Jorge Amorim, Combatente contra a viralatice direitista que assola o país há quinhentos anos.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Academia de Colunismo Social


Alfredo Garcia
Por Alfredo Garcia

A Academia Paraense de Letras (APL) perdeu uma excelente ocasião de voltar a ser das letras, e não de uma elite – que não é intelectual – que aos poucos vem se apossando daquele chamado sodalício. Ao eleger o senhor Ubiratan Aguiar com 22 votos para a vaga do falecido poeta Alonso Rocha, negando a entrada naquela entidade cultural aos poetas e escritores de reconhecidos méritos, quais sejam Antônio Juraci Siqueira e Milton Camargo, na eleição de hoje (foi no dia 22/11/06), a APL virou as costas para os escritores do Estado, que até então viam na instituição um respeitável exemplo de amor à Literatura.

Não cabe nem comparar os currículos dos candidatos item por item, porque seria covardia extrema com o senhor Aguiar. Antônio Juraci Siqueira é um dos mais premiados escritores paraenses de todos os tempos, aclamado pela crítica e pelo gosto popular, não por acaso glorificado por quem convive com ele, como eu, há mais de duas décadas. Milton Camargo, também, além de ser um consagrado autor de livros infanto-juvenis, é poeta premiado pela APL e foi professor da Universidade Federal do Pará. Por que negar o acesso dos dois, então?
A resposta é que, há muito tempo, a APL se tornou uma Assembléia Paraense de Letras, onde ser detentor do título de acadêmico tem pouco a ver com o saber e muito mais com o poder aquisitivo do candidato à pretensa “imortalidade”. Nesse sentido, convenhamos, perdeu muito mais a instituição, empobrecida intelectualmente sem Juraci ou Milton, e ganharam os dois autores que ficam de fora por serem, reconhecidamente, de baixo poder aquisitivo, mas de imenso patrimônio literário e intelectual.



3 comentários:

marssena disse...

Meu caro,não me espanta sabias.Na ABL o MERDOVAL PEDREIRA tbm não ganhou uma cadeira.Tal como lá ,aqui quem leva é quem tem as bençãos do PiG.

Cássio de Andrade disse...

Excelente e oportuna a manifestação do poeta Alfredo Garcia. Alonso Rocha foi uma das personagens de minha npesquisa no mestrado e entre 2003 e 2006, o entrevistei para minha pesquisa, pois além de poeta, foi militante bancário nos anos 50 e 60. Entre as entrevistas em sua casa lá perto do então Iguatemi, durante os saborosos sucos de araçá preparado por sua esposa, Alonso fazia suas declamações. Nessas ocasiões, sempre demonstrava apreço especial por Juraci (nada contra o esposo de minha ex-professora Maria Luiza Camargo na UFPA) que considerava o maior trovador do país. Alonso chegou a dizer que Juraci era um craque nas trovas, bem melhor do que ele (o forte do Alonso era a poesia de caráter parnasiano). Por isso, se fosse considerada a vontade pessoal de Alonso, a cadeira seria de Juraci por unanimidade. A família de Alonso sabia disso e insistiu para que Juraci disputasse o fardão (coisa que não é de feitio do nosso boto). A vitória de "Pierre Beltrand" não foi somente um golpe às letras, mas à memória de Alonso Rocha. Lamentável!

Na Ilharga disse...

O que é triste, meu caro Cássio, é ver a militância do Juraci nas letras, está sempre levando suas publicações aonde há aglomerado de pessoas; participa de todos os eventos culturais relevantes; empresta seu nome e prestígio a manifestos, enfim, é alguém intimamente ligado as letras, daí ser uma pena ser preterido por um adovado militante da Justiça do Trabalho, que ficaria melhor na Academia de Letras Jurídicas, por isso o Marssena acaba tendo total razão.