AS ENTRANHAS DO 'BASTA' EM MADRI
Restauração conservadora dá mais um passo na Europa com a derrota esmagadora do PSOE, de Zapatero, para a direita representada pelo Partido Popular, nas eleições municipais espanholas deste domingo. Apesar dos protestos libertários da juventude, uma parcela expressiva da sociedade espanhola, a exemplo do que já ocorreu em Portugal e na Inglaterra, inclina-se à direita pela absoluta inexistência de prospostas alternativas ao arrocho ortodoxo para enfrentar a crise mundial. "Se o diagnóstico é errado, você faz coisas malucas. Não é possível estabilizar as contas de um país apenas com corte de gastos", adverte, por exemplo, Heiner Flassbeck, diretor da Unctad, em entrevista à Claudia Antunes, na Folha, domingo. Flassbeck critica especialmente a 'solução' grunhida por Angela Merkel, a dama-de-ferro alemã, que exige 'cortes nas férias' e nos gastos públicos dos países em crise para nivelar o padrão competitivo dentro do bloco, hoje dominado pelo comércio alemão. Paradoxalmente, é o que o governo Zapatero tem feito de forma 'espontânea' nos últimos meses, na ilusão de afastar o risco de uma quebra da economia espanhola. Como a moeda única europeia impede a intervenção cambial para estimular exportações, países menos avançados como a Espanha, a Grécia e Portugal acumulam deficits comerciais crescentes sob hegemonia alemã. Em lugar do arrocho suicida --politicamente, como o demonstra a Espanha e economicamrente, como deixa evidente o esfarelamernto da Grécia-- Flassbeck diz que a solução efetiva seria um movimento coordenado de aumentos salariais maiores na Alemanha, para estimular o consumo interno, e menores nas economias deficitárias da zona do euro. A ortodoxia alemã, porém, não aceita nem conversar sobre reajustes maiores para os seus obedientes trabalhadores. Quer, ao contrário, nivelar a UE pelo arrocho mantendo os demais países como mercados para as exportações alemãs. O desmonte grego e espanhol sugere que a receita começa a fazer água.
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