Jorge Paz Amorim

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Belém, Pará, Brazil
Sou Jorge Amorim, Combatente contra a viralatice direitista que assola o país há quinhentos anos.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Protesto do escritor e jornalista Alfredo Garcia

Os senhores vereadores da Câmara Municipal de Belém (CMB) perderam uma
grande oportunidade de permanecerem calados. Deram uma no cravo e
outra na ferradura. Repondo os fatos para quem – grande parte dos
(e)leitores – os desconhece: recentemente, em acordo conchavado, os
senhores edis decidiram denominar – com todo louvor, diga-se – a
extensão da atual Avenida Independência que vai da Rodovia Augusto
Montenegro (em Belém) até “aos limites do município de Ananindeua”
como Avenida Jornalista Laércio Wilson Barbalho. Esta proposta, vale
assinalar, foi feita pelo vereador José Scaff Filho (PMDB), a quem
parabenizo, inicialmente.

A graciosidade veio na sequência: para homenagear o centenário da
Assembleia de Deus, cuja história está intrinsecamente ligada ao Pará,
sem dúvida, os senhores parlamentares do legislativo municipal
resolveram denominar a outra extensão da Avenida Independência como
Avenida Centenário da Assembleia de Deus, em detrimento do escritor
Dalcídio Jurandir, que até a presente data nomeava a avenida na
extensão que vai da Rodovia Augusto Montenegro até a Avenida Júlio
César.

Justifica-se, naturalmente, a decisão dos senhores vereadores por dois
fatos: a) Total desconhecimento de quem foi Dalcídio Jurandir, de sua
importância para a história cultural e política do Pará; b) Desejo de
agradar aos nobres integrantes da Assembleia de Deus, no que vai um
nada louvável toque eleitoreiro na votação.

Senhores vereadores: como escritor paraense lastimo muito a decisão de
Vossas Excelências, o que somente prova o total divórcio desse
Legislativo, que deveria ser um dos primeiros a legislar em defesa de
tal iniciativa, com a nossa Cultura, com a nossa Literatura. Sim,
senhores, sabemos que nós, escritores paraenses, somos quase uma raça
em extinção, mas ainda somos formadores de opinião, temos famílias e
influência entre o eleitorado, especialmente o mais esclarecido, o
qual, faço lembrar, votará na eleição do ano que vem.

Atenciosamente,

ALFREDO GARCIA

Escritor e Jornalista

Sócio Nº 6 da Ass. Paraense de Escritores (A.P.E)
N.B.Como não houve repercussão à altura da iniciativa, de resto desastrada, na medida em que havia alternativas outras para homenagear o centenário da Assembléia de Deus, essa é a prova de que o desrespeito à memória de Dalcídio Jurandir, na sociedade, ficou longe da unanimidade burra que tanto incomodava Nelson Rodrigues.

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