Jorge Paz Amorim

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Belém, Pará, Brazil
Sou Jorge Amorim, Combatente contra a viralatice direitista que assola o país há quinhentos anos.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Mudança de "hábito". Ou vício da perseguição a trabalhadores

Eis o que o Blog do Puty atesta da reintegração de posse da Fazenda Maguary, depois de sete anos de produção das 80 famílias que lá vivem e produzem.

Maguary: benfeitorias sob guarda





Algumas das mais de 80 famílias que cumprem ordem de reintegração de posse e se retiram da fazenda Maguary, em Benevides, desmontaram suas casas e levaram o que puderam. Outras, preferiram deixá-las quase que integralmente.

Ficaram ainda as casas de farinha, insumos das plantações e muita produção que precisará de colheita em breve.

Por determinação do juiz Agrário de Castanhal, está sendo feito o inventário de todas as benfeitorias e as produções dos trabalhadores. Foi determinado que uma das autoras do processo contra a comunidade ficará como fiel depositária de tudo.

Fotos: Erika Morhy


É preciso reutilizar



Aioub Auad lembra que reflorestou a nascente do igarapé que passa próximo ao lote de terra que ocupa, na comunidade Maguary; criou uma roda d´água, para alimentar a horta da comunidade; e levou para lá peixes nativos que já eram raros no local, como cará, piabinha e jacundá. Daí para o criatório de peixes foi um passo.

Ele conta que a ajuda de órgãos públicos também foi importante. Entre os parceiros, estiveram Embrapa, Ceplac, Emater, UFPA e a própria Prefeitura da cidade.

A comunidade também começou a recolher garrafas de plástico e vidro, para dar nova função a elas.

Fotos: Erika Morhy

Aioub: o sonho da preservação ambiental



Aioub Mokdci Auad cresceu vendo o pai retirar madeira para fazendeiros, em Paragominas, e lamentar o mal que fazia à natureza, em troca do sustento da família. Há 30 anos morando em Benevides e vendo a exploração de área de floresta nativa, Aioub resolveu largar o trabalho como mototaxista para se dedicar à formação de uma comunidade com compromisso sócio-ambiental. O projeto foi implantado na fazenda Maguary, há cinco quilômetros da cidade.

Aioub tem hoje 48 anos de idade e vê seu sonho ameaçado pela reintegração de posse que as mais de 80 famílias de agricultores familiares cumprem há cerca de sete dias. Mas ele está confiante na setença favorável da Vara Agrária de Castanhal e mostra com orgulho e tristeza o que ajudou a cultivar.

Na sua roça, Aioub tem uma série de espécies consorciadas, como noni, neen, cupuaçu, limão, açaí e mamão (foto 3).

Mudas de muitas das plantas são preparadas para serem entregues nas escolas da rede municipal de ensino e nas igrejas (foto 2).

Mas além das produções de cada família, há também áreas de uso comunitário, seja na produção de farinha, seja na plantação de hortaliças (foto 1).

Fotos: Erika Morhy

Um comentário:

Ana Luna disse...

Jorge, será muita injustiça contra esta comunidade, se tiverem que sair de lá. Eu acompanhei desde o início a transformação acontecida. Muitas vezes fomos para lá, nos reunir com a comunidade, com o companheiro Aiuby, sugerindo ações, até como advogada.Mas acreditamos na sensibilidade do Juiz, que deverá se basear no critério da Função Social da terra, que está presente na comunidade. Aquele espaço foi cultivado com muito amor pelos que lá residem. É preciso que todos nós nos mobilizemos no sentido de ajudar a Comunidade Maguary, pois é de lá que sai muita produção que abastece também a Cidade de Benevides, a merenda escolar, mudas de plantas, etc.. Pelas fotos mostradas, já se tem uma idéia do que a comunidade produz. O sonho de preservação sustentável do companheiro Aiub não pode morrer, em detrimento de interesses outros que não sejam o bem de uma comunidade. Vamos divulgar esta tremenda injustiça que está sendo feita. É preciso sensibilizar a população. Abraços. Luna