No dos outros é sempre refresco

No meio da semana finda, durante um debate esportivo na Rádio Clube, os comentaristas Rui Guimarães e Jones Tavares quase vão aos tapas, se é que não foram nos bastidores, quando o primeiro reprovou aquilo que considerou ambiguidade do segundo, que criticava na gestão Amaro Klautau o que defende na atual, da qual seria simpatizante.
Menos de uma semana depois, o acusador parece ter lavado pilatianamente as mãos nas águas fétidas do canal da Quintino, ao sair-se com essa pérola do jornalismo safado, escorregadio e moralmente inabilitado de cobrar coerência de quem quer que seja, em coluna publicada hoje na caderno Bola.
Diz Rui, "Não cabe aqui tentarmos esclarecer o assunto até porque feriríamos suscetibilidades e se os interessados fazem questão de esconde-los, por que nós, pobres mortais, os traríamos à tona?"
Mas o dever do jornalista não é informar aquilo que apurou e julga relevante para o público?Não estaria o comentarista sendo conivente "as suscetibilidades" de alguém que esconde algo tenebroso do público?Será que ignora que omissão também é crime? Ou essa é uma declaração cínica de opção preferencial pela conveniência do conchavo, desdenhando dos milhares de ouvintes que o honram com suas audiências?
Afora o desnudamento desse comportamento pouco ético, e infelizmente não isolado, fica a certeza de que o sr. Rui não tinha nada a cobrar do sr. Jones, por razões óbvias.