Educação à brasileira

Assistindo ao vídeo daquele degenerado comentarista da Rede Globo de Santa Catarina, responsabilizando Lula e aqueles que chama de "miseráveis" que passaram a comprar carro pela violência no trânsito, associei o tal comentário ao da estudante Maiara, culpando os nordestinos "ignorantes" pela eleição de Dilma, também ao artigo da colunista da Folha, Eliane Catanhede, quando falou que a massa do PSDB é cheirosa e totalmente diferente da massa do PT me reportei ao ENEM, exame que se propõe a democratizar o acesso à universidade e por isso é tão combatido pela mídia empresarial e seus acólitos, tanto que foi objeto de manifestação de cerca de 200 estudantes da Zona Sul do Rio de Janeiro, chegando a conclusão que a educação que a escola brasileira tem a obrigação de fornecer aos seus deve ser o oposto da que foi fornecida aos cretinos aqui citados. Eles são a prova dos nove que não basta ir à escola, mas é preciso aprender conteúdos que os possibilitem ter consciência crítica, libertando-os dos guetos e não formarem-se como seres preconceituosos, segregacionistas e idiotas por recusarem-se ou não terem tido a oportunidade de conhecer seu país.
Para tal, é preciso que esteja sempre presente a noção de diversidade, da tolerância, e da solidariedade. Por exemplo, aproveitar eventos como o natal para refletir sobre os princípios que devem nortear a vida do cristão substituindo o consumismo pela solidariedade, como diz frei Betto, "Por trazer a muitos mais constrangimentos que alegrias, fica decretado que o Natal não mais nos travestirá no que não somos: neste verão escaldante, arrancaremos da árvore de natal todos os algodões de falsas neves, trocaremos nozes e castanhas por frutas tropicais, renas e trenós por carroças repletas de alimentos não perecíveis e, se algum Papai Noel sobrar por aí, que apareça de bermudas e chinelas."
Também, não mais tergiversar sobre os personagens de nossa história. Médici não mais será citado como um presidente do Brasil, mas como um ditador sanguinário que usurpou o poder e mandou matar centenas de brasileiros que lutavam contra essa usurpação; que o venturoso ciclo a borracha na Amazônia não se esgotou por si, e sim foi vítima da pirataria inglesa que contrabandeou nossas sementes para suas colônias na Malásia.
Enfim, só o ensino de Brasil real salva nossa imensa e rica diversidade, livrando-o do separatismo, da burrice e do preconceito. E é urgente que se inclua aqueles que se julgam letrados e praticam a burrice impávidos e colossais.