A Petrobras anunciou que vai retomar a distribuição de gás liquefeito de petróleo (GLP), o gás de cozinha. A decisão foi aprovada pelo Conselho de Administração da estatal na última quinta-feira (7), quase seis anos após a catastrófica gestão Bolsonaro/Guedes ter vendido a Liquigás, em um movimento contra os interesses do país, que favoreceu apenas o interesse privado. O retorno acontece em meio à pressão do governo federal, acionista controlador da empresa, para reduzir o preço do botijão e combater a “pobreza energética”.
Impactos da privatização
Com a venda da Liquigás em 2020 para um consórcio privado, o mercado ficou mais concentrado e menos competitivo. Estudo da Agência Nacional do Petróleo (ANP) revela que, entre 2019 e 2024, o preço do botijão subiu R$ 32,32 para o consumidor, enquanto para a Petrobras o aumento foi de apenas R$ 6,54.
Hoje, um botijão que sai da refinaria por cerca de R$ 37 pode chegar a R$ 140 nas casas brasileiras. Essa disparidade tem peso ainda maior no orçamento das famílias de baixa renda, apesar de políticas como a valorização do salário mínimo e o controle da inflação já terem ajudado a reduzir proporcionalmente o impacto do preço do gás nas finanças.
Em suas redes sociais, o deputado federal (PT-MG) e presidente da Comissão de Finanças e Tributação, Rogério Correia, lembrou que “o gás subiu (e MUITO!) no governo Bolsonaro […] que fez concentrar na mão de apenas 4 empresas o poder de decidir o preço do gás que você usa na sua casa.”
Gás gratuito para 17 milhões de famílias
Neste contexto, o programa Gás para Todos ganha ainda mais importância. A medida provisória que cria o benefício está em fase final de elaboração e vai garantir gás gratuito para famílias inscritas no Cadastro Único (CadÚnico). Em declaração no final de julho, Lula disse: “Tem pouca gente ganhando dinheiro às custas do sofrimento de muitos […] Então, nós vamos garantir que 17 milhões de famílias mais pobres tenham o gás de graça para poder cozinhar seu feijão e o seu arroz.”
O desejo de Lula de reverter o entreguismo da gestão Bolsonaro/Guedes já vem sendo sinalizado desde o início do atual mandato. Em fevereiro deste ano, ele afirmou que “o gás faz parte da cesta básica” e defendeu a necessidade de preços acessíveis. Em maio, prometeu: “Vamos fazer com que o gás chegue barato. As pessoas que estão no CadÚnico não vão precisar nem pagar”. E agora o objetivo está prestes a ser cumprido.
Retorno ao papel social da Petrobras
A soma do retorno da Petrobras à distribuição e a expansão do subsídio ataca dois problemas ao mesmo tempo: a concentração provocada pela privatização e o peso do botijão no bolso das famílias pobres. O economista Eric Gil Dantas, do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais, lembra que as margens de lucro na distribuição e revenda do GLP cresceram 92% desde 2020, muito acima da inflação do período (33%).
A estatal ainda não divulgou se comercializará diretamente para o consumidor ou por meio de revendas autorizadas. Mas, para o governo, o importante é que a guinada recoloca a Petrobras no papel de instrumento de política pública, capaz de influenciar preços e garantir o acesso à energia essencial para milhões de brasileiros.
(Agência PT)
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