Jorge Paz Amorim

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Belém, Pará, Brazil
Sou Jorge Amorim, Combatente contra a viralatice direitista que assola o país há quinhentos anos.

quarta-feira, 19 de junho de 2019

Corra, Moro, corra


Sérgio Moro não foi ao Senado Federal se explicar, mas apenas participar do primeiro de muitos eventos bajulatórios que o governo Bolsonaro irá programar, dentro e fora do Congresso Nacional, para tentar impor a narrativa de que o alvo da oposição não é o ex-juiz, mas a Operação Lava Jato.

Trata-se de uma manobra tão legítima quanto manjada.

Moro, um desastre de retórica e dicção, foi enquadrado num treinamento de media training eficaz, mas que só reforça o vazio de seus argumentos. De forma pusilânime, conseguiu conduzir seus depoimentos dentro da bolha de segurança montada pela base do governo no Senado. Não esclareceu nada, não respondeu nada, manteve-se naquelas notinhas de falsete na voz, focado nos números e na delirante natureza divinal da Lava Jato.

Enfim, o horror de sempre.

Mimado pela Globo e alçado ao status de herói anticorrupção, o ex-juiz só engrossa a voz quando está sendo paparicado, como cabe a celebridades de ocasião. Estivesse mesmo certo de sua inocência, Moro não estaria se dispondo a falar a um público hostil, coisa que odeia. Estaria, desde o primeiro vazamento do Intercept Brasil, arrotando autoritarismo e processando deus e o mundo.

Não o fez por uma razão: medo da “exceção da verdade”, o recurso processual que permitiria ao Intercept Brasil requerer a abertura do sigilo de Moro, no Telegram, para que ficasse provada a alegada falsidade das mensagens, caso o ex-juiz processasse o site de notícias.

Moro não pode fazer isso, entre outras coisas, porque não é só a pele dele que está em risco. Como se viu no caso de Fernando Henrique Cardoso, os arquivos do Telegram são uma Caixa de Pandora sobre a qual nem Moro, nem ninguém no governo Bolsonaro têm qualquer controle – ou ideia – do conteúdo geral.

Moro vai continuar ganhando comendas militares, vai seguir visitando inferninhos da mídia chapa branca, como o Programa do Ratinho, ou mesmo sendo convocado para esses teatros do absurdo, no Congresso Nacional.

Mas só vai se safar se, ao fim dessa jornada, tivermos, realmente, nos tornado uma República das Bananas sem lei, sem ética, sem vergonha, conduzida por um demente adorado por uma multidão de sociopatas.
(Leandro Fortes/ Jornalistas pela Democracia/ Brasil 247)

Um comentário:

J Cícero Costa disse...

É deveras gravíssima a constatação de que, no processo do Lula, o ex-juiz Sergio Moro atuou como auxiliar da acusação, como revela a reportagem do Intercept, figurando como investigador e julgador ao mesmo tempo, o que não é admitido no "Sistema Penal Acusatório" vigente no Brasil e cuja principal característica é justamente a rígida separação entre as funções de juiz, acusação e defesa.

Como se pode ver, de acordo com as conversas vazadas, Sergio Moro atuou contra o Lula como julgador e acusador, condição essa própria do "Sistema Inquisitório”, no qual o juiz, a um só tempo acusa e julga o réu como ocorria nos tempos sombrios da Inquisição.

Pelo que já foi divulgado até, não há dúvidas de que a condenação do Lula resultou de uma uma trama sórdida urdida com fins políticos por um juiz e um grupo de procuradores para excluir da eleição um candidato que venceria no primeiro turno o pleito presidencial do seu país, conforme apontavam todas as pesquisas à época.

Para o ministro do STF, Gilmar Mendes, as conversas entre procurador e ex-juiz podem resultar em anulação da condenação de Lula. Em entrevista à revista Época, Gilmar classificou o fato como crime: “Simular uma denúncia não é só uma falta ética, isso é crime”, disse Gilmar. Falando ao portal UOL, Mendes declarou: "Aquele que combate a corrupção não pode cometer crimes, os fins não justificam os meios". E completou: “Não se pode combater organizações criminosas tornando-se uma".

Diante da clara mancomunação entre o ex-juiz Moro e procuradores da Lava Jato, estabelecida com propósitos políticos para condenar sem provas o ex-presidente Lula, impõe-se que seja decretado nulo “ab initio” o processo rasteiro, viciado e corrompido que levou um inocente ao cativeiro sem se provar a sua culpa, agindo o então juiz Moro em flagrante conluio com a acusação de forma abusiva e arbitrária contra o ex-presidente Lula, conforme mostram as mensagens tornadas públicas pelo referido portal.

O contrário disso será negar a própria Constituição e, por consequência, o Estado democrático de direito.

#LulaLivre
#MoroPreso
#DallagnolExonerado