O jornalista Breno Altman diz, com razão, que seria um erro da esquerda caso ela assumisse um apoio velado à deposição de Bolsonaro e unção do general Mourão.
Claro que Bolsonaro não cairá, neste momento, pela força das mobilizações nas ruas que ainda não massificaram o suficiente para tal, mas pelo descarte que a elite faz de um produto semelhante ao peixe fora dágua.
É preciso termos claro que há um projeto tentando consolidar-se politicamente, depois de imposto a fórceps, quando a direita não mais aguentava sucessivas derrotas eleitorais, seguidas de definhamento político e caducidade de suas legendas representativas.
Esse prèt à porter boçal, pinçado como o único produto disponível nas eleições de 2018 para derrotar a esquerda já está demodé, daí a necessidade de substituição por alguém com verniz mais civilizado na imposição dessa agenda governamental perversa.
Há duas consequências fundamentais que merecem destaque após a provável queda: primeiro, enfatizar o caráter espúrio do pleito como seguimento do golpe de 2016; segundo a ardilosa unção de alguém sem voto pra presidir o Brasil, confiável apenas para a elite.
Assim, tanto faz Bolsonaro quanto Mourão, o fato político central é que a burguesia golpista recorreu a métodos escusos para impor ao país uma agenda em que conquistas sociais e trabalhistas são violentamente arrancadas da agenda governamental, inclusive manchando a legitimidade da escolha soberana do povo.
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