Jorge Paz Amorim

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Sou Jorge Amorim, Combatente contra a viralatice direitista que assola o país há quinhentos anos.

segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Na OMC, Temer repete discurso mentiroso sobre economia


Em discurso na Conferência Ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC), na Argentina, o presidente Michel Temer declarou neste domingo que o Brasil “deixou a recessão para trás”. Os indicadores, contudo, desmentem a propaganda do governo, reforçada pela mídia que apoiou o golpe.

“O Brasil de hoje deixou para trás a recessão, nossa economia se recupera, cria postos de trabalho e a produção industrial tem crescido. As taxas de juros recuaram a seu menor patamar histórico, a inflação é a mais baixa de muitos anos seguidos”, disse Temer, ignorando o fato de que o desempenho do produto Interno Bruto (PIB) dos últimos trimestres se encontra, na verdade, em trajetória declinante.

Os números indicam muito mais uma estagnação – em um patamar muito rebaixado –, que uma recuperação sustentada. O primeiro trimestre de 2017, o país cresceu 1,3%, no segundo, 0,7% e, no terceiro, um irrisório 0,1%.

Os dados também mostram que a formação bruta de capital fixo, indicador que mede os investimentos feitos na produção, foi de menos 3,6% no acumulado do ano, e o consumo do Governo no acumulado do ano também é negativo, com queda de 0,6 no ano. Difícil acreditar que, sem investimentos, haverá crescimento.

Quanto à criação de postos de trabalho alardeada pelo governo, vale lembrar que o país ainda possui 12,7 milhões de desempregados, com uma taxa de desemprego de 12,2%. E pior: de acordo com o próprio IBGE, os empregos criados este ano foram informais. No setor privado, quase 100% das vagas abertas foram na informalidade, o que significa dizer que os empregos que estão sendo gerados são precarizados.

E, numa lógica inversa à que está presente no discurso fiscalista da própria gestão Temer, os empregos sem carteira assinada dificilmente contribuirão para a Previdência, desequilibrando ainda mais as contas da União.

Sem ocupação ou com empregos instáveis e precários, os trabalhadores têm segurado os gastos, fazendo com que o consumo das famílias, responsável por cerca de 60% do PIB, continue baixo. No acumulado do ano, a indústria teve crescimento negativo de 0,9%, e os serviços recuaram em 0,2%.

Sim, é verdade que os juros caíram, mas os juros reais brasileiros, descontada a inflação, continuam sendo dos maiores do mundo. E, sem o fomento de investimentos públicos ou privados, a redução não se reflete na economia real. Além de que, com o spread nas alturas, os lucros bancários são altos, mas o investimento produtivo e mesmo o crédito para as famílias acaba sendo custoso.

A inflação, de fato, também está baixa – até demais. Corre o risco de o Banco Central precisar explicar porque não conseguiu cumprir as metas de inflação, não porque os preços subiram muito, mas porque estão abaixo da margem de tolerância, indicando perda de vitalidade da economia. Afinal, sem demanda, os preços só podem despencar.

Em sua fala na OMC, Temer fez críticas ao protecionismo e defendeu a globalização, o multilateralismo e papel da Organização Mundial do Comércio. “Comércio e investimentos geram crescimento, emprego e prosperidade. A história nos ensinou que isolamento não é solução. É ilusório pensar que o protecionismo pode trazer desenvolvimento. O que de fato traz desenvolvimento é mais e mais integração. É em nome de mais integração que defendemos a OMC", disse.

Ainda no campo das falácias, Temer disse que o Brasil tem uma "ambiciosa" agenda de crescimento e, por isso, pretende se envolver cada vez mais na cadeia de negócios internacional. Na prática, a tal agenda de reformas do governo tem servido apenas ao desmonte do Estado brasileiro e ao achatamento dos direitos dos trabalhadores. Retomada consistente da atividade, por enquanto, não se avista.
(Portal Vermelho)

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