Jorge Paz Amorim

Minha foto
Belém, Pará, Brazil
Sou Jorge Amorim, Combatente contra a viralatice direitista que assola o país há quinhentos anos.

terça-feira, 31 de maio de 2016

Os líderes de Temer: Moura do Cunha, na Câmara; Aloysio, no Senado e Gilmar, no STF


O jornal O Globo mostra como, depois dos embalos de sábado à noite no Palácio do Jaburu, o ministro Gilmar Mendes assumiu escancaradamente a defesa política do Governo Temer.
Hoje, Gilmar não mediu palavras para ser tolerante com os flagrantes de conspiração de integrantes do governo golpista, logo ele que não se pejou de impedir, sem nada senão sua própria suspeita, Lula de assumir a Casa Civil de Dilma. Coisa que o tribunal decidiu que, em relação aos ministros de Temer, “não vem ao caso”.

— É um governo provisório, que faz experimento e que teve que compor numa situação de emergência. Então, não é surpresa que haja esse tipo de situação. Depois também, a Lava Jato tem tido uma repercussão enorme e ampla irradiação no sistema político. Então, a mim parece que isso é pouco inevitável — analisou o ministro.

Gilmar ressaltou a dificuldade que é governar em um quadro de instabilidade. O ministro afirmou que não se pode exigir de um governo provisório um time de primeira linha. É preciso se contentar com “a segunda melhor opção”. Para ele, as baixas do governo Temer não devem influir no processo de impeachment que a presidente afastada Dilma Rousseff enfrenta no Congresso Nacional.


O Sr. Ricardo Lewandowski passa, portanto, à condição de “presidente decorativo” devidamente ornado de outras excelências que, com a devida vênia, vão deixar como obra jurídica a omissão frente a um golpe de Estado e uma lei garantindo à casta jurídica privilégios nobiliárquicos.
(Fernando Brito/ Tijolaço)

O editorial covarde do "Estadão"


Os leitores democráticos que porventura O Estado de S.Paulo ainda possui devem ter tido um déjà vu neste domingo, 29 de maio, ao se depararem com os editoriais do vetusto jornal da família Mesquita. Quem, como eu, não lê mais jornais impressos por não se sentiu representado por uma mídia que só reflete os interesses da elite ficou enojado. Em dois dos editoriais publicados, o Estadão comete um grave atentado à liberdade de imprensa e de expressão, ao vituperar contra jornalistas e blogueiros que não coadunam com o pensamento de extrema-direita do veículo e da parcela da sociedade que ele representa. A ABI (Associação Brasileira de Imprensa) e a Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas) têm a obrigação de se pronunciar.

Em vez de mirar sua metralhadora em direção a líderes políticos ou outros donos de jornais, o Estadão alveja trabalhadores do jornalismo, a quem chama de “delinquentes”. Chega a citar no editorial o nome do repórter norte-americano radicado no Brasil Glenn Greenwald, um contundente crítico do golpe parlamentar, apoiado pela imprensa nativa, que arrancou uma presidenta legitimamente eleita do poder. O objetivo do editorial é claro: como fez em 1964, adular e defender com unhas e dentes a “legitimidade” do governo de Michel Temer, que as reportagens, artigos e entrevistas de Greenwald têm colocado sob suspeição perante o mundo dito “civilizado”. Como se falasse em nome do governo, o jornal se mostra preocupado com a tarefa árdua que terá o Itamaraty para limpar a imagem dos golpistas lá fora.

Mais: de maneira covarde, o Estadão lança mão da pérfida estratégia de usar o termo “ativista” para se referir a Greenwald, abrindo uma brecha à sua expulsão do País, já que a lei proíbe a estrangeiros o envolvimento na política nacional. Não custa recordar que, em abril, pouco antes do afastamento da presidenta Dilma Rousseff, a Federação Nacional dos Policiais Federais soltou uma estranha nota "lembrando" aos estrangeiros esta proibição. O jornal parece querer repetir, assim, a insidiosa campanha feita nos anos 1950 contra um jornalista “mal nascido” que ousou desafiar os milionários donos da mídia no Brasil: Samuel Wainer, não por coincidência “acusado” de ser estrangeiro e que teve seu jornal, Última Hora, perseguido até a ruína.

O jornal dos Mesquita também arremeteu contra um colega de Greenwald no site The Intercept, apenas por ter cumprido seu papel como jornalista: “apertou”, como qualquer bom repórter faria, o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA sobre as circunstâncias questionáveis em que se deu o impeachment de Dilma e o apoio do governo de Barack Obama a um possível complô de corruptos para derrubar uma presidente honesta, como ficou explícito após a divulgação de conversas telefônicas dos políticos investigados pela Lava-Jato que arquitetaram o golpe, com o beneplácito da mídia.

Não satisfeito, em outro editorial, Blogueiros chapa branca, o Estadão ataca os blogueiros de esquerda que estiveram reunidos em Belo Horizonte, com a presença da presidenta Dilma. Em um texto que parece escrito não por um editorialista sério, mas por um blogueiro da Veja, o jornal teve a pachorra de escrutinar cada ponto do documento saído do encontro para espinafrá-lo. A diatribe contra os blogueiros deixa patente dois fatos inegáveis: o pouco apreço dos Mesquita pela liberdade de expressão e o incômodo que a mídia alternativa está representando para a meia dúzia de famílias que detém a “grande” imprensa no Brasil e para o golpe que ela apóia. A mídia hegemônica já não é a única voz e nem a mais difundida; por isso vão tentar nos calar.

De forma hilária, o Estadão, que se tornou uma espécie de Assessoria de Comunicação (Ascom) à paisana do governo ilegítimo de Michel Temer, chama os blogueiros de “chapa branca”. Como chapa branca, se somos oposição desde o primeiro minuto do governo provisório? Quem está cotidianamente bajulando Temer são os jornalões, a começar pelo Estadão e por O Globo. “Chapa branca” é quem se posiciona a favor de um governo. Não cabe mais este epíteto aos blogueiros e jornalistas de esquerda, e sim a quem usa inclusive editoriais para puxar o saco descaradamente do atual ocupante do cargo. A famosa frase de Millôr que eles repetiam contra nós (“jornalismo é oposição, o resto é armazém de secos e molhados”) foi revogada desde que Temer chegou ao poder.

Seria estarrecedor, não fosse previsível, assistir aos mesmos veículos que se queixavam das “tentativas de censura” do PT por defender a democratização dos meios de comunicação no país, insultar jornalistas independentes, que não têm por trás de si nada além do talento e do público que conquistaram com seu trabalho honesto. É surreal ver os mesmos jornais que criticavam Lula por seu desprezo em relação à imprensa burguesa lançarem petardos furiosos contra reles blogueiros, cuja existência não deveria nem sequer perturbar meios de comunicação centenários. Ou o fracasso lhes subiu à cabeça?

Em 2010, quando ainda era presidente, Lula criticou a “grande” imprensa que sempre o perseguiu por “se comportar como partido político” e foi alvo de uma raivosa nota da ANJ (Associação Nacional dos Jornais), o órgão patronal dos veículos de comunicação. “O papel da imprensa, convém recordar, é o de levar à sociedade toda informação, opinião e crítica que contribua para as opções informadas dos cidadãos, mesmo aquelas que desagradem os governantes”, dizia o texto da ANJ. Pelo visto, o Estadão acha que esta premissa não cabe a jornalistas e blogueiros que não estejam na folha de pagamentos da mídia golpista.

Não se pode esquecer que o jornal dos Mesquita só deixou de apoiar a ditadura militar, da qual foi entusiasta de primeira hora, quando passou a sofrer, ele mesmo, censura. Como, desta vez, parece pouco provável que os golpistas se voltem contra seus parceiros, restou ao Estadão o papel ultrajante de sugerir censura e caça às bruxas a jornalistas e blogueiros de oposição.
(Cynara Menezes/ Socialista Morena)

Com o golpe, Dilma passa de presidente impopular à líder de massas


Nos dez últimos dias, tive duas oportunidades de estar frente a frente com a presidenta afastada, Dilma Rousseff. Duas oportunidades históricas de ver como ela é recebida nas ruas, de saber o que tem a dizer após o afastamento forçado e, em um dos casos, até de lhe fazer uma pergunta meio ácida, olhos nos olhos. A primeira foi no último dia 20, em Belo Horizonte (MG), durante o 5º Encontro Nacional de Blogueiros e Ativistas Digitais, quando ela fez sua primeira aparição pública após o afastamento da presidência. A última ocorreu nesta segunda (30), na Universidade de Brasília (UnB), onde ela participou do lançamento do livro “A resistência ao golpe de 2016”.

Em ambos os casos, me surpreendi com o que vi, ouvi e senti. Tanto nas ruas da capital mineira quanto na academia da capital do país, a presidenta afastada foi aclamada como heroína por milhares de pessoas que se acotovelavam para dar a ela uma palavra de apoio, um abraço de incentivo, um grito de solidariedade. Por vários milhares. Como já começam a demonstrar as pesquisas, o golpe transformou Dilma de uma presidenta impopular que até mesmo seus partidários tinham reservas de defender em uma líder de massas que desconhecidos se orgulham de dizer que irão apoiar até seu retorno à presidência.

Não é por acaso. Sem as amarras do Palácio do Planalto, sem ter que medir as palavras para agradar a dita base aliada que tramava nas sombras, Dilma estava mais a vontade do que nunca para se expressar em seus próprios termos, tecer seu próprio discurso, avalizar sua própria análise do retrocesso que corrói o país. A Dilma que ressurgiu das cinzas pós-golpe não precisa mais se preocupar em não desagradar o PMDB para manter o despolitizante “pacto pela governabilidade”. Ela pode dizer coisas como “o golpe tem nome, sobrenome e CPF”. E o que é melhor: citá-los textualmente.

"Volta Querida"

A lua cheia despontava atrás do Parque Municipal quando, de dentro do hotel Othon Palace, comecei a ouvir a multidão que fechara a Avenida Afonso Pena, no centro de Belo Horizonte, gritando “Volta, querida!”. Quando a presidenta chegou ao hotel, saiu para cumprimentar as mais de dez mil pessoas que, espontaneamente, foram esperá-la no local com rosas e balões vermelhos. Dilma abraçou o povo, tomou o microfone, falou de improviso. Emocionou e ficou emocionada. Chorou duas vezes. As pessoas que, como eu, estão acostumadas à Dilma dura e seca das coletivas no Palácio do Planalto, custavam a acreditar no que viam.


Dentro do Othon, ela falou por cerca de uma hora para o seleto público de blogueiros e jornalistas progressistas que a aplaudiam e gritavam palavras de ordem contra os golpistas e fascistas que tomaram o governo dela de assalto. A presidenta falou do golpe, da luta que se fazia necessária, mas também falou de carinho, de emoção, de solidariedade. Lembrou àquela Dilma pré-ajuste fiscal que arrebatou corações e mentes nas duas últimas campanhas presidenciais. Mas foi ainda melhor.

Depois da jornada dupla, ainda se dispôs a receber alguns jornalistas para uma rodada de bate-papo. Ainda refém da decepção que seu segundo governo me causou, no bojo do ajuste fiscal, da Lei Anti-terrorismo, da paralisação da reforma agrária e da falta de atitude para avançar com a regulação da mídia, lancei a pergunta que julguei mais adequada à temática do evento:

- A luz dos últimos acontecimentos, considerando o papel central desempenhado pela mídia no golpe que lhe tirou da presidência, a senhora não acha que seu governo poderia ter feito mais pela democratização da comunicação?

Por um minuto, me veio à mente a Dilma dura do Planalto. Imaginei que a resposta viria perfurante. Mas a presidenta respirou fundo, me olhou nos olhos e, pela primeira vez na minha vida, me fez enxergar que a tal governabilidade não é apenas um conto da carochinha para acalmar a militância.

- “Poderia, mas não levaria”, respondeu ela, com convicção.

A presidenta afastada me lembrou da batalha travada por seu governo para aprovar o Marco Civil da Internet construído em parceria com a sociedade civil, que nos garantiu a neutralidade da rede. Ela recordou que foi ali, naquele empate, que o então presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), se consolidou como o arqui-inimigo número 1 do seu governo dentro do partido que até então era o maior aliado do PT.

Dilma criticou com propriedade o processo de “direitização” do PMDB, aprofundado a partir daí e levado ao extremo no seu segundo mandato, com a eleição do parlamento mais conservador da história recente do país. E deixou claro que a disposição da velha direita brasileira em deixar o PT governar tinha limites muito claros: qualquer mudança na concepção monopolizada de um dos sistemas de comunicação mais concentrados do mundo não seria tolerada.

Ela também afirmou ali, em Belo Horizonte, que sua disposição para a luta não era retórica. Mesmo cansada, abatida, Dilma tinha o brilho nos olhos de quem tem convicção do papel histórico que tem a desempenhar. E deixou claro que a recepção calorosa que tivera na sua terra natal a motivou ainda mais para sair dos limites da Alvorada e correr o país para denunciar o golpe que inviabilizara não apenas seu governo e as conquistas sociais da última década, mas a própria democracia brasileira.

"Boa noite, queridos!”

Na UnB, a presidenta afastada esbanjou simpatia. “Vou cumprimentá-los da mesma forma que vocês me receberam. Boa noite, queridos! Boa noite, queridas!”, disse, sob os aplausos da plateia que lotou o Centro Darcy Ribeiro, popularmente conhecido como “Beijódromo”.

Ela atacou sem reservas “o governo neoliberal dos homens brancos, velhos e ricos”. E afirmou que o golpe em curso tem dois motivos. O primeiro deles explicitado pelo conteúdo das gravações agora tornadas públicas: parar a Operação Lava Jato e impedir que as investigações contra a corrupção avancem para além dos círculos petistas. O segundo, de acordo com ela, implícito nas declarações e entrevistas dos golpistas: impedir a continuação das políticas de distribuição de renda iniciadas pelo PT.

Ela rechaçou as posições expressas do novo governo que apontam para a redução da abrangência do SUS, o fim da contratação dos médicos cubanos, a suspensão do programa Minha Casa, Minha Vida para a parcela mais pobre e o corte de 30 milhões de beneficiários do Bolsa Família. “Na época de expansão da riqueza, o conflito não é tão visível. Mas na crise ele é. E já está claro quem vai pagar o pato mais uma vez: o povo deste país”, denunciou.

A Dilma simpática e segura de si que emergiu do golpe foi recebida com reverência e carinho pela comunidade acadêmica da UnB, além de intelectuais e artistas da capital federal. Entre eles, a atriz Camila Márdila, que cativou o Brasil e o mundo no papel da Jéssica, do filme “Que horas ela volta?”. Em referência às várias Jéssicas que surgiram no Brasil dos governos populares, Dilma abraçou o tema da educação. “Eu tenho consciência do grande passo que foi dado na educação. Eu tenho consciência do que significaram o Prouni, o Fiés, mas, sobretudo, a Lei de Cotas”, afirmou.

A presidenta afastada homenageou também os autores do livro “A resistência ao golpe de 2016”. Segundo ela, a obra é de extrema importância para a luta em curso. “Enquanto fazemos história, nós também refletimos sobre ela”, observou. Para a presidenta, o golpe de 2016 apresenta trajes diferentes, mas é fruto da mesma oligarquia que sempre derruba os governos populares do país. Segundo ela, se a imagem do golpe de 1964 é a árvore democrática sendo cortada por um machado, a imagem do golpe de 2016 é a da mesma árvore democrática sendo corroída por um parasita. “Só é diferente agora porque o golpe não interrompe o processo democrático, mas sim o corrói”, comparou.
(Najla Passos/ Carta Maior)

Em menos de 20 dias, governo Temer já está na 'corda bamba'


O governo provisório de Michel Temer completa 19 dias hoje (30), mas a semana começa, como a terminou a passada: com o presidente interino envolvido em apuros, sendo protagonista de situações negativas no cenário político e tendo de conviver com vaias e impopularidade por conta dos impactos das medidas econômicas anunciadas. Temer conseguiu passar num único teste ao longo da semana, no Congresso Nacional, com a aprovação da proposta de alteração da meta fiscal do governo. Mas, em poucos dias de mandato, ele já precisou trocar um ministro, reverter embrulhadas e declarações desconfortáveis de integrantes da sua equipe e ainda recuar de decisão e voltar a criar uma pasta que havia suprimido: a da Cultura.

O presidente interino precisará, daqui em diante, de contar com forte apoio da base de sustentação ao seu governo no Legislativo para aprovar as medidas para melhoria da economia que anunciou, consideradas duríssimas e prejudiciais para a classe trabalhadora, além de apontarem para a privatização irrestrita, conforme já analisaram economistas e sindicalistas.

Para levar adiante seu plano de governo, apesar da interinidade, Temer precisa que as medidas passem pelo Congresso. E como muitas delas consistem em propostas de emenda à Constituição (PECs) dependem de dois terços do total de votos da Câmara e do Senado, certamente a empreitada será bastante difícil.

"A impressão que se tem é que, para conseguir levar a cabo as suas propostas, o grande investimento dele (Temer) está no trabalho pelo apoio do Legislativo, sem muita preocupação com a popularidade neste momento", afirmou o analista político Alexandre Bandeira, diretor da Associação Brasileira de Consultores Políticos no Distrito Federal (Abcop).

É uma situação delicada, em meio a uma base legislativa que pode rachar a qualquer hora, com as denúncias que envolvem caciques do PMDB na Lava Jato e que colocam a legenda do presidente no epicentro do escândalo de propinas nos contratos da Petrobras.

O primeiro estrago das gravações das conversas entre o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, e figuras de ponta do PMDB foi a derrubada de Romero Jucá (RR) do cargo de ministro do Planejamento. Mas Machado também conversou (e gravou estas conversas) com o senador Renan Calheiros (AL) e o ex-senador e ex-presidente José Sarney (AP).

Jucá e Machado falam claramente em bloquear a operação Lava Jato, sobre se fazer um "pacto" para barrar as investigações, tirar Dilma do poder e colocar Temer no lugar. E a presidenta afastada, Dilma Rousseff, já disse que usará estes áudios, principalmente o das declarações dele (Jucá), na apresentação da sua defesa no Senado, porque considera que está provada a ilegalidade do processo de impeachment contra ela de uma vez por todas.

Para completar, por ter esperado para que Jucá pedisse licença do cargo, numa forma de "saída honrosa" para um dos seus principais aliados, Temer foi motivo de piada entre lideranças partidárias que brincaram durante a sessão de terça-feira dizendo que ele tinha falhado num dos primeiros ensinamentos da política. "Ele faltou a esta aula. Não se pode colocar como ministro, um aliado que você não pode demitir", disse um senador que hoje faz parte da base de apoio ao Palácio do Planalto.
Vaias no Congresso

Como se não bastasse tudo isso, ao dirigir-se pessoalmente ao Congresso "com a cuia na mão", para pedir apoio para a aprovação da mudança da meta fiscal, Temer despertou em alguns um sentimento de fraqueza, já que tinha tratado do assunto várias vezes, durante reuniões com parlamentares na semana anterior.

Temer ganhou, entretanto, uma das batalhas travadas: a aprovação da mudança da meta de ajuste fiscal. Mas a matéria foi aprovada em meio a muito debate e ao reflexo das medidas de ajuste da economia anunciadas no mesmo dia. A alteração do déficit fiscal do governo, de R$ 96 bilhões para R$ 170,5 bilhões foi chamada por muitos deputados e senadores, como o líder do PT na Câmara, Afonso Florence (BA), de "irresponsabilidade fiscal".

"A proposta aumenta a previsão de déficit, projeta futuramente uma frustração de receita e retira a destinação de gasto do Minha Casa, Minha Vida, do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do Água para Todos, da ampliação da oferta de vagas de universidades", reclamou. "Portanto, é o paradigma da irresponsabilidade fiscal, é um cheque em branco para que o governo ilegítimo gaste como quiser, sem se comprometer com a continuidade dos programas em andamento e com a conclusão das obras iniciadas", acrescentou Florence.

"O objetivo é consertar os estragos que foram feitos pelo governo anterior nos últimos anos, rebateu o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB). "É preciso dar um crédito de confiança no novo governo para arrumar a casa", acentuou o parlamentar.

A grande espada sobre as costas de Temer de verdade, segundo especialistas em políticas públicas, diz respeito a possíveis mudanças a serem feitas na reforma administrativa planejada e realizada por ele e seus principais assessores. Uma decisão do ministro Luis Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), que avalia pedido do PDT para que sejam revertidas tais mudanças, está caminhando e com certa celeridade.

Barrozo deu um prazo de cinco dias para que Temer se pronuncie – o que acaba amanhã (31). Dependendo do resultado do julgamento pelo tribunal, vários atos do Executivo realizados nos últimos dias podem ser cancelados. Desde funções privativas de Presidente da República, como nomeação de ministros, fusão e extinção de ministérios e alteração de políticas externas, passando por implementação de reformas tributária e previdenciária, venda de empresas públicas, extinção e redução de programas sociais. Até mesmo a anulação de atos praticados por Dilma Rousseff durante o exercício regular do seu mandato podem ser revertidas.

A outra espada, que também pode repercutir negativamente para ele, é o julgamento a ser feito pelo STF sobre a acusação de "golpe" por parte de Dilma. O Tribunal pediu à presidenta afastada para se explicar sobre os motivos pelos quais considera que houve um golpe no país e não um afastamento do seu mandato, conforme o que está previsto pela Constituição.

A palavra "golpe" foi bastante contestada pelos magistrados, inclusive os da mais alta Corte, nos últimos meses e não se espera uma mudança radical no pensamento dos ministros. Mas, com as gravações recentes de Jucá, e dependendo da decisão do STF, mesmo sem ser unanimidade, a repercussão do julgamento não tornará boa nem fácil para o Executivo a missão de conseguir acordos com o mercado financeiro e negociações comerciais com outros países, diante da incômoda menção de que o mandatário brasileiro é "golpista".
Mudança de foco

A apreensão dos integrantes da articulação política do Planalto, de acordo com parlamentares do próprio PMDB, é grande fez a sigla trabalhar para antecipar a votação do impeachment no Senado. O entendimento do grupo, confirmado por um dos ministros, é que hoje eles possuem os votos necessários para aprovar o impeachment e formalizar de uma vez por todas Temer na presidência. Mas se demorarem um pouco mais, podem não conseguir – em razão das denúncias que já existem e as que estão por vir, que tendem a fragilizar ainda mais o Executivo.

"A presidenta Dilma Rousseff só retorna ao cargo se for observado algum acidente de percurso", ironizou, em conversa com jornalistas, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, procurando passar um caráter de unidade e solidez ao governo e minimizando a avaliação da conjuntura. Já para deputado Paulo Pimenta (PT-RS), a situação é oposta.

Pimenta lembrou que os parlamentares que hoje são governo, trabalharam de maneira consciente para que a economia do país fosse se deteriorando, para que o Brasil não tivesse capacidade e mecanismos de enfrentar a crise e, assim, se alimentasse o processo político de afastamento de Dilma.

"Se tivéssemos tido apoio para aprovar as medidas fiscais propostas pelo governo Dilma, com certeza a situação econômica do nosso País não seria a situação que estamos vivendo hoje", acentuou.

O parlamentar prevê que o interino passará a ter ainda mais problemas em muito pouco tempo pois, avalia, está para acabar a fase de "lua de mel" do Planalto com o Congresso, numa relação que se agravará com o andamento das denúncias e investigações da Lava Jato.
(Hylda Cavalcanti/ Rede Brasil Atual)

O SUS reduzido à metade pelos golpistas

Abaixo compartilho um material produzido por alguns sanitaristas de Coletivos Saúde e Democracia quem tem agido contra o Golpe, na Democracia e no SUS.

A conta é simples: se a regra que Temer quer daqui para a frente para o gasto em saúde (aumentar no máximo igual a inflação) tivesse sido aplicada desde 2003 até 2015, em vez do Ministério da Saúde ter gasto 100 bilhões naquele ano, só poderia ter gasto aproximadamente 55 bilhões.

Ou seja, o caracterizou os Governos Lula e Dilma foi aumentar o orçamento sempre acima da inflação: quase o dobro da inflação.

E mesmo assim, sabemos, o gasto público em saúde per capita no Brasil é absolutamente insuficiente e menor que países como Argentina e Uruguai, por exemplo. Comparado a nossas referências internacionais de saúde então é muito insatisfatório. Pode-se dizer que se faz milagre no Brasil com o pouco que se tem.

Assim, ainda que sempre seja necessário gastar melhor o recurso, o financiamento da saúde no Brasil é insuficiente.

Por isso o movimento de saúde defende o Saúde Mais 10 com 10% da receita bruta ou no mínimo a aprovação da PEC 01/2015 que, defendida há muito pelos movimentos de saúde, no início desse ano ganhou o apoio do Governo Dilma.

O PMDB se dizia favorável, e agora, seguirá sendo? Vão votar pela óbvia necessidade de mais recursos para de fato cumprir o que está na constituição ou vão aprovar a media de Temer que reduzirá o SUS à metade do que tem hoje?

Os movimentos da cultura ocuparam o Brasil diante de uma ameaça que, ao meu ver, é menor ou no máximo igual a esa que a saúde corre.

À luta minha gente:

Nenhum Passo Atrás

Nenhum Direito, Recurso, Serviço e Trabalhador a Menos no SUS
sus pela metade
(Heider Pinto/ Maria Frô)

A novelização da política


galeria atualizada
A Globo não quer Temer. mas nem imagina a hipótese da volta de Dilma. Quer eleições o quanto antes a fim de impor sua vontade através das eleições.

O dilema é expor a podridão do golpismo de forma homeopática, de forma que isto não signifique o risco de reversão no Senado, a ponto de reconduzir Dilma ao cargo que legitimamente é seu.

Difícil, diante de tudo que já foi revelado e permite que se deduza o pior, aquilo que permanece oculto. Se o rebento da famiglia Machado tem algo mais cabeludo a revelar, pior até do que o pai já expôs, então, a qualquer momento, espera-se a implosão do "governo" Temer.

Por outro lado, essa podridão de insuportável mal cheiro começa a influenciar no comportamento de alguns senadores, que ameaçam mudar seu voto e barrar o impeachment da presidenta, o que frustraria os planos globais de afastar Dilma para depois  obrigar os golpistas à convocação imediata de novas eleições.

Então, resta jogar pesado contra a chusma de delatores disponíveis, pero no mucho até aqui, na disposição de incriminar apenas o PT.

O jeito é manter intacta a sombria "Torre de Londres" morista com a finalidade de quebrar essa resistência. Isto enfraqueceria Dilma em sua possível volta, emparedaria Lula, pois o cobriria de denúncias seletivas, e pressionaria o PT a firmar um pacto pela antecipação das eleições.

Não é uma operação fácil na medida em que uma vitória de Dilma no Senado a tornaria mais forte politicamente e mais dotada de instrumental no enfrentamento do golpismo, principalmente depois de tudo que foi revelado a respeito do conluio liderado pelos comparsas Cunha/Temer.

Talvez, a Globo queira correr o risco de adoção da solução resultante da antecipação das eleições, seja sob Dilma seja sob Temer.

No primeiro caso, terá que redobrar a campanha jurídico/midiática contra o PT, o que incluiria até a possibilidade de aniquilamento de Lula para a disputa.

Já, no segundo caso, teria que enfrentar a mobilização popular contra o golpe sendo vista como a artífice desse golpe. Aí, enfrentaria um PT revigorado e altamente competitivo, inclusive pela provável presença de Lula.

Vejamos quais serão as 'próximas vítimas' da execração pública oriunda das revelações machadianas. Com efeito, há nomes tão pomposos correndo o risco de experimentar essa execração que colocaria em risco o breve futuro Temerário, bem como anteciparia o trabalho da Globo de trabalhar com antecipação das eleições sob o comando de Dilma. Promete!

Declarações de Pedro Corrêa não têm valor probatório


Condenado reincidente, ex-deputado não tem condições jurídicas nem morais para contestar posição do Procurador Geral da República, que não acusou Lula de nenhum crime na Ação Penal 470. Defesa do ex-Presidente já requereu a Sérgio Moro e Teori Zavascki acesso a todo o material da delação, vazada ilegalmente para a mídia

As toscas declarações do condenado reincidente Pedro Corrêa para legitimar uma investigação contra o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no âmbito da Operação Lava Jato, não possuem qualquer valor probatório. O Procurador Geral da República não acusou Lula da pratica de nenhum crime na Ação Penal 470, conhecida como "mensalão", já concluída. Retomar o tema nesse momento serve apenas para alimentar um processo midiático que tenta a qualquer custo manchar a honra e a reputação do ex-Presidente.

Pedro Corrêa não reúne condições jurídicas, tampouco morais, para colocar em dúvida essa posição do Ministério Público Federal à época, tomada com base em elementos concretos que apontavam a inocência do ex-Presidente, tal como se verifica também agora na Lava Jato.

A realidade é que as autoridades, após a devassa imposta a Lula e a seus familiares, não identificaram nada que pudesse comprometer a sua reputação, pela simples razão de que o ex-Presidente não praticou nenhum ato ilícito antes, durante e depois de exercer a Presidência da República.

Há uma clara tentativa de mascarar essa realidade através de sucessivas publicações fantasiosas e provenientes de pessoas que, por cumprirem pena na prisão após condenadas pela Justiça, estão dispostas a qualquer negociação em busca da liberdade.

Os advogados de Lula pediram ao Juiz Sérgio Moro e ao Ministro Teori Zavascki acesso a todo o material relativo à delação premiada negociada entre o Ministério Público Federal e Pedro Corrêa, após mais um vazamento ilegal da Operação Lava Jato.

Roberto Teixeira e Cristiano Zanin Martins- advogados de Lula

PÁ(T)RIA TEMER...ÁRIA. OU, IMPRENSA ESTRANGEIRA ESCULHAMBA O "GOVERNO"!


Seleta desmoralizadora!

O Brasil se tornou um "país pária", como a Líbia !

No inglês The Guardian, a demissão é destaque no alto do site e na primeira página, com reportagem anunciando que “o ministro anticorrupção sai depois de gravação secreta”. O também britânico The Independent informa que “o ministro brasileiro anticorrupção torna-se o segundo membro a sair do governo interino”. A TV Al Jazeera trouxe reportagem falando do “escândalo”.

Financial Times reporta que “Temer procura limite de gastos depois de perder ministro por escândalo”. No alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung, a notícia em destaque é que “outro ministro renuncia após escândalo de corrupção”. A reportagem informa que, “em menos de três semanas, o governo do presidente interino, Michel Temer, perdeu seu segundo membro do gabinete: o ministro anticorrupção que queria frustrar investigações de corrupção”. Noportuguês Diário de Notícias, reportagem destaca que Temer perde segundo ministro em 17 dias.

O americano New York Times traz reportagem do correspondente Simon Romero informando que “gravação leva o ministro anticorrupção a renunciar no Brasil”. O espanhol El País relata que “o ministro da Transparência do Brasil se demite por criticar a investigação do caso Petrobras”. Os argentinos Clarín e Página 12 também registram a queda de Fabiano Silveira.

Em tempo no Estadão:

Deputados europeus pedem suspensão de negociação com Mercosul

Cerra vai mandar o Jungmann invadir a Europa! - PHA
(Conversa Afiada)

Golpismo contra direitos consagrados na CF de 1988


AddThis Sharing Buttons
Share to WhatsAppShare to FacebookShare to TwitterECONOMIA
#ForaTemer#NãoAoGolpPor trás das propostas da nova equipe do governo golpista está o desmonte da Constituição Federal Cidadã de 1988. Essa é a opinião de diversos economistas e pesquisadores entrevistados pela Agência PT de Notícias. Redução do papel do Estado, do SUS, do Bolsa Família: as propostas do governo golpista têm como pano de fundo reduzir a assistência e proteção social ao cidadão brasileiro que marcaram os últimos anos de governo.

Governo Temer marca fim da Constituição de 88, dizem especialistas
Feita após intensa mobilização social logo após o fim da ditadura militar, a Constituição de 1988 inaugurou uma nova fase da política social brasileira. Foi a partir de então que certos direitos básicos como o acesso a saúde gratuita foram garantidos a todos. Até então, saúde pública era um direito apenas para quem tinha carteira assinada, por exemplo. Para instaurar as propostas , o novo governo golpista terá de efetuar, inclusive, mudanças constitucionais.

“O SUS (Sistema Único de Saúde) foi um marco civilizatório”, afirma a economista da Faculdade de Economia e Administração da USP Leda Paulani. Já Marcio Pochmann, presidente da Fundação Perseu Abramo, lembra que a Carta Magna de 1988 permitiu um sistema universal de proteção e promoção social. O novo ministro golpista da Saúde, Ricardo Barros, já afirmou que quer diminuir o tamanho do SUS.

Entre as propostas econômicas apresentadas na última terça-feira (24) pelo ministro golpistaHenrique Meirelles está o teto para gastos do governo. Segundo Paulani, para realizar essa proposta, será necessária uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) para retirar as obrigatoriedades constitucionais de gastos mínimos com saúde e educação. “Com a Constituição do jeito que está hoje, não é possível ser feito. E como o Congresso é amigo desse novo governo, se não houver mobilização social, essa PEC vai passar”, afirma ela.

Para a economista, o golpe teve dois objetivos: retomar a agenda econômica neoliberal e vender as riquezas do país, como o pré-sal. O novo governo afirmou querer mudar o regime de partilha do pré-sal, retirando o papel da Petrobras na exploração da riqueza nacional.

Bolsa Família

Outro recorte que já foi sinalizado pelo novo governo será no programa Bolsa Família. Criado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o programa de transferência de renda oferece uma renda mínima para 13,9 milhões de famílias – 97% das famílias pobres do Brasil. No documento apresentado pelo PMDB com as propostas para o país, é dito que o programa seria reduzido para apenas 3,4 milhões de famílias, numa estratégica de “focalizar” a Segundo estudo da Fundação Perseu Abramo, essa redução retiraria do programa a maioria das famílias pobres no Brasil. Até mesmo famílias em condição de extrema pobreza – renda per capita abaixo de US$ 1,25 por dia, segundo a ONU – estaria inteiramente coberta pela nova configuração do programa. Hoje, utilizando esse critério, 3,7 milhões de famílias se enquadram no patamar da extrema pobreza. O programa Bolsa Família oferece um benefício suficiente para que a família ultrapasse ao menos esse limiar. Com a mudança, 300 mil famílias ficariam descobertas.

Segundo o estudo da fundação, seriam economizados anualmente R$ 20,9 bilhões com o plano Temer. Parece muito, mas quando se compara aos R$ 500 bilhões gastos anualmente com o pagamento de juros da dívida, se percebe que não é tanto dinheiro assim.

Para o economista Marcio Pochmann, essa modificação terá impactos no desempenho escolar, já que todas as crianças incluídas no programa recebem acompanhamento escolar. Além disso, contribuirá para desigualdades regionais, já que o Bolsa Família permitiu uma maior descentralização do desenvolvimento econômico.

Outro impacto será no sistema de sáude. Isso porque o Bolsa Família também promove acompanhamento na área da saúde. Além disso, ao retirar pessoas da extrema pobreza, ela permite condições melhores de vida, o que impacta diretamente na saúde da população.
(Agência PT de Notícias)

Golpe fazendo água?


Segundo os últimos tititis da política, mais dois senadores estariam dispostos a mudar o voto no Senado.Ou seja, alegam que a admissibilidade era necessária para que se investigasse, mas agora trata-se de afastar definitivamente uma presidenta comprovadamente honesta, agravado o fato porque a orquestra que executou a canção do afastamento não é digna de credibilidade.

Seriam eles o Romário(PSB/RJ) e Acyr Guacz(PDT/RO). Como já surgiram boatos envolvendo a possibilidade de mudança nos votos do senador Reguffe(sem partido) e Cristovam Buarque(PPS/DF), constata-se que a perda de quatro votos nesse quadro deixaria a trupe de Cunha/Temer em maus lençóis.

Como Katia Abreu e Edison Lobão, ambos do PMDB, já deram demonstração que não rezam pela cartilha da dupla articuladora do golpe que afstou Dilma, é provável que haja dissidência no próprio partido do interino/usurpador. Sem contar Jader Barbalho, desafeto notório do condottiere Cunha, outro que também pode votar contra. Ou "adoecer",como ocorreu na primeira votação. Jader sabe que a concessão de um ministério tão importante a seu filho veio em razão da necessidade de angariar votos. Em caso de consolidação do golpe, certamente a pasta de helder Barbalho seria desidratada, em nome de outras tratativas políticas.

Lembrando que não se pode falar em expulsão nesses casos, desde que se criou uma jurisprudência para o caso da ex-petista Marta Suplicy, que teve seu mandato conservado porque, segundo o STF, o senador é representante da unidade da federação, e não do partido como o deputado federal. Mesmo que Jader e Lobão estejam acima desse tipo de retaliação, isto poderia ser usado contra Katia. Poderia, antes do caso citado de Marta, o que só agrava as dificuldades do golpismo mambembe.

Os (h)onrados


Depois da deputada que votou pelo impeachment invocando a honestidade do marido, este preso no dia seguinte ao desastrado voto; eis que é preso outro arauto, de araque, da moralidade. Um tucano cheio de plumas que camuflavam seu animus corruptus, também invocado pelo filho naquela deplorável votação como um exemplo de honradez.

Mais do 300 picaretas, o que se constata é o detalhamento da operação-abafa movida contra Dilma, com políticos de todos os escalões mostrando que a presidenta era inconveniente porque não usava o cargo para impor freios ao trabalho investigativo dos orgãos competentes contra o mau uso do dinheiro público.

Temer corre contra o tempo e contra os fatos, que vem à tona aos borbotões confirmando a veracidade das conversas entre os assaltantes Sérgio Machado e Romero Jucá. Não fosse a cumplicidade criminosa da mídia, resumida no apelo da desonesta escrevinhadora Eliane Cantanhede, pedindo trégua a Temer, e muito mais já teria criado embaraço ao golpismo assaltante, inclusive o furtivo encontro de sábado à noite entre Temer e Gilmar.

Ora, isso tudo refletirá em plenário a quando da votação do afastamento definitivo de Dilma Rousseff. Com um escândalo por hora e com a quantidade de embusteiros investidos em cargos de primeiro escalão do governo federal, claro que a população ressabiada não quer nem ouvir falar de Temer, não à toa, com mais de 90% de repúdio a seu nome.

Some-se a isso a disposição de por fim a conquistas sociais em nome de um arrocho fiscal aos moldes do aplicado nos tempos da privataria,e temos o perfil completo de um governo ilegítimo; anti popular e despido de credibilidade política e moral para o exercício do cargo, fato agravado pelo discurso contraditório de que veio em nome da moralidade no trato da coisa pública, coisa que nem a 'Velhinha de Taubaté' hoje acredita.

segunda-feira, 30 de maio de 2016

Anatomia do golpe: as pegadas americanas


“O golpe em curso no Brasil é sofisticada operação político-financeira-jurídico-midiática , tipo guerra híbrida. E será muito difícil deslindá-la", diz o jornalista Pepe Escobar. E mais difícil fica na medida em que surgem contradições entre seus próprios artífices. A enxurrada de conversas que Sergio Machado, ex-presidente da Transpetro e um dos operadores do Petrolão, teve e gravou com cardeais do PMDB, induz à ilusória percepção de que o impeachment da presidente Dilma Rousseff foi apenas um golpe tupuniquim, armado pela elite política carcomida para deter a Lava Jato e lograr a impunidade. O procedimento “legal” que garantiu a troca de Dilma por Temer, para que ela faça o que está fazendo, foi peça de operação maior e mais poderosa desencadeada ainda em 2013 para atender a interesses internos e internacionais. E nela ficaram pegadas da ação norte-americana.

Interesses internos: remover Dilma, criminalizar o PT, inviabilizar Lula como candidato a 2018 e implantar uma política econômica ultra-liberal, encerrando o ciclo inclusivo e distributivista. Interesses externos: alterar a regra do pré-sal e inverter a política externa multilateralista que resultou nos BRICS, na integração sul-americana e em outros alinhamentos Sul-Sul.

As gravações de Machado desmoralizam o processo e seus agentes e complicam a evolução do governo Temer mas nem por isso o inteiro teor da trama pode ser reduzido à confissão de Romero Jucá, de que uma reunião de caciques do PMDB, PSDB, DEM e partidos conservadores menores, em reuniões noturnas, decidiram que era hora de afastar Dilma para se salvarem. E daí vieram a votação de 17 de abril na Câmara, a farsa da comissão especial e a votação do dia 11 de maio no Senado.

Um longo caminho, entretanto, foi percorrido até que estes atos “legais” fossem consumados. Para ele contribuíram a Lava Jato e suas estrelas, a Fiesp com seu suporte a grupos pró-impeachment e o aliciamento de deputados, o mercado com seus jogos especulativos na bolsa e no câmbio para acirrar a crise, Eduardo Cunha e seus asseclas com as pautas bombas na Câmara. E também as obscuras mas perceptíveis ações da NSA, Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos, e da CIA, na pavimentação do caminho e na fermentação do clima propício ao desfecho. Os grampos contra Dilma, autoridades do governo e da Petrobrás, os protestos contra o governo, o desmanche econômico e a dissolução da base parlamentar, tudo se entrecruzou entre 2013 e 2016.

Se os que aparecem agora nas conversas gravadas buscaram poder, impunidade e retrocesso ao país de poucos e para poucos, os agentes externos miraram o projeto de soberania nacional e o controle de recursos estratégicos, em particular o petróleo do Pré-Sal. Não por acaso, a aprovação do projeto Serra, que suprime a participação mínima obrigatória da Petrobrás, em 30%, na exploração de todos os campos licitados, entrou na agenda de prioridades legislativas do novo governo.

Muito já se falou da coincidente chegada ao Brasil, em agosto de 2013, de Liliana Ayalde como embaixadora dos Estados Unidos, depois de ter servido no Paraguai entre 2008 e 2011, saindo pouco antes do golpe parlamentar contra o ex-presidente Fernando Lugo. Num telegrama ao Departamento de Estado, em 2009, vazado por Wikileaks, ela disse:. “Temos sido cuidadosos em expressar nosso apoio público às instituições democráticas do Paraguai – não a Lugo pessoalmente”. E num outro, mais tarde : “nossa influência aqui é muito maior que as nossas pegadas”.

O que nunca se falou foi que a própria presidente Dilma, tomando conhecimento dos encontros que Ayalde vinha tendo com expoentes da oposição no Congresso, mandou um emissário avisá-la de que via com preocupação tais movimentos. Eles cessaram, pelo menos ostensivamente. Ayalde havia chegado pouco antes da Lava Jato esquentar e no curso da crise diplomática entre o Brasil e os Estados Unidos, detonada pela denúncia do Wikleaks de que a NSA havia grampeado Dilma, Petrobrás e outros tantos. Segundo Edward , o ex-agente da NSA que denunciou a bibilhotagem, “em 2013 o Brasil foi o país mais espionado do mundo”. Em Brasília funcionou uma das 16 bases americanas de coleta de informações, uma das maiores.

A regra de exploração do pré-sal e a participação do Brasil nos BRICS (grupo formado por Brasil, Rússia, India. Chia e Africa do Sul), especialmente depois da criação, pelo bloco, de um banco de desenvolvimento com capital inicial de US 100 bilhões, encabeçaram as contrariedades americanas com o governo Dilma.

Recuemos um pouco. Em dezembro de 2012, as jornalistas Cátia Seabra e Juliana Rocha publicaram na Folha de São Paulo telegrama diplomático vazado por Wikileaks, relatando a promessa do candidato José Serra a uma executiva da Chevron, de que uma vez eleito mudaria o modelo de partilha da exploração do pré-sal fixado pelo governo Lula: a Petrobrás como exploradora única, a participação obrigatória de 30% em cada campo de extração e o conteúdo nacional dos equipamentos. Estas regras, as petroleiras americanas nunca aceitaram. Elas querem um campo livre como o Iraque pós-Saddam. A Folha teve acesso a seis telegramas relatando o inconformismo delas com o modelo e até reclamando da “falta de senso de urgência do PSDB”. Serra perdeu para Dilma em 2010 mas como senador eleito em 2014, apresentou o projeto agora encampado pelo governo Temer.

No primeiro mandato, Dilma surfava em altos índices de popularidade até que, de repente, a pretexto de um aumento de R$ 0,20 nas tarifas de ônibus de São Paulo, estouraram as manifestações de junho de 2013. Iniciadas por um grupo com atuação legítima, o Movimento Passe Livre, elas ganham adesão espontânea da classe média (que o governo não compreendeu bem como anseio de participação) e passam a ser dominadas por grupos de direita que, pela primeira vez, davam as caras nas ruas. Alguns, usando máscaras. Outros, praticando o vandalismo. Muitos inocentes úteis entraram no jogo. Mais tarde é que se soube que pelo menos um dos grupos, o MBL, era financiado por uma organização de direita norte-americana da família Coch. E só recentemente um áudio revelou que o grupo (e certamente outros) receberam recursos também doPMDB, PSDB, DEM e SD.

Aparentemente a ferida em Dilma foi pequena. Mas o pequeno filete de sangue atiçou os tubarões. Começava a corrida para devorá-la. A popularidade despencou, a situação econômica desandou, veio a campanha de 2014 e tudo o que se seguiu.

Mas nesta altura, a espionagem da NSA já havia acontecido, tendo talvez como motivação inicial a guerra do pré-sal. Escutando e gravando, encontraram outra coisa, o esquema de corrupção. E aqui entram os sinais de que as informações recolhidas foram decisivas para a decolagem da Lava Jato. Foi logo depois do Junho de 2013 que as investigações avançaram. A partir da prisão do doleiro Alberto Yousseff, numa operação que não tinha conexão com a Petrobrás, o juiz federal Sergio Moro consegue levar para sua alçada em Curitiba as investigações sobre corrupção na empresa que tem sede no Rio, devendo ter ali o juiz natural do caso. Moro havia participado, em 2009, segundo informe diplomático também vazado por Wikileaks, de seminário de cooperação promovido pelo Departamento de Estado, o Projeto Pontes, destinado a treinar juízes, procuradores e policiais federais no combate à lavagem de dinheiro e contraterrorismo. Participaram também agentes do México, Costa Rica, Panamá, Argentina, Uruguai e Paraguai. Teria também muitas conexões com procuradores norte-americanos.

Com a prisão de Yousseff, a Lava Jato deslancha como um foguete. Os primeiros presos já se defrontam com uma força tarefa que detinha um mundo de informações sobre o esquema na Petrobrás. Executivos e sócios de empreiteiras rendiam-se às ofertas de delação premiada diante da evidência de que negar era inútil, só agravaria suas penas. O estilo espetaculoso das operações e uma bem sucedida tática de comunicação dos procuradores e delegados federais semeou a indignação popular. Vazamentos seletivos adubaram o ódio ao PT como “cérebro” do esquema.

As coisas foram caminhando juntas, na Lava Jato, na economia e na política. A partir do início do segundo mandato de Dilma, ganharam sincronia fina. Na Câmara, Eduardo Cunha massacrava o governo e a cada derrota o mercado reagia negativamente. A Lava Jato, com a ajuda da mídia, envenenava corações e mentes contra o governo. Os movimentos de direita e pró-impeachment ganharam recursos e músculos para organizar as manifestações que culminaram na de 15 de março. A Fiesp entrou de cabeça na conspiração e a Lava Jato perdeu todo o pudor em exibir sua face política com a perseguição a Lula, a coerção para depor no aeroporto de Congonhas e finalmente, quando ele vira ministro, a detonação da última chance que Dilma teria de rearticular a coalizão, com o vazamento da conversa entre os dois.

No percurso, Dilma e o PT cometeram muitos erros. Erros que não teriam sido fatais para outro governo, não para um que já estava jurado de morte. Mas este não é o assunto agora, nesta revisitação em busca da anatomia do golpe.

Em março, a ajuda externa já fizera sua parte mas as pegadas ficaram pelo caminho. O governo já não conseguia respirar. Mas, pela lei das contradições, a Lava Jato continuou assustando a classe política, sabedora de que poderia “não sobrar ninguém”. É quando os caciques se reúnem, como contou Jucá, e decidiram que era hora de tirar Dilma “para estancar a sangria”.

Desvendar a engrenagem que joga com o destino do Brasil desde 2013 é uma tentação frustrante. Faltam sempre algumas peças no xadrez. Mas é certo que, ainda que incompleta, a narrativa do golpe não é produto de mentes paranoicas. No futuro, os historiadores vão contar a história inteira de 2016, assim como já contaram tudo ou quase tudo sobre 1964.
(Tereza Cruvinel/ 247)

sábado, 28 de maio de 2016

A cultura da barbárie sobe a rampa do Planalto com golpistas


A princípio, nada, responderia um idiota da objetividade.

Não é bem assim.

Uma adolescente de 16 anos contou que acordou nua domingo no Rio com dezenas de homens ao seu redor.

“Mais de 30 [a] engravidou [sic]”, contabilizou um deles na internet, onde foi veiculado vídeo em que o grupo de agressores se regozija com o estupro da garota.

Na quarta-feira, o ator Alexandre Frota foi recebido em audiência pelo ministro da Educação, Mendonça Filho.

Um dos líderes do movimento pró-impeachment acompanhava o protagonista de filmes pornô.

Frota escreveu: “Estive com o ministro da Educação hoje e pude colocar algumas ideias para ajudar um país que eu amo”.

Das ditas ideias constam sugestões fascistoides, inspiradoras da lei que, na terra de Zumbi dos Palmares, permite demitir professor que criticar a escravidão.

Há erros de foco nas críticas ao encontro no Ministério. Elas se salpicam de moralismo ou falso moralismo, devido à atividade profissional do ator.

A despeito de o cidadão Frota ser porta-estandarte de valores e atitudes abomináveis, o escândalo mais grave não é dele, e sim de um dos principais mandachuvas do governo Michel Temer.

Mendonça Filho aceitou recepcionar um sujeito que se gabou na televisão por ter feito sexo sem consentimento com uma mãe de santo.

Desprezando o eufemismo, estuprando-a.

Narrou a “façanha” diante de gargalhadas do apresentador Rafinha Bastos, aplausos da plateia e urros de admiração nas redes.

Ao ser violentada, a mulher desmaiou. Mais tarde, Frota alegou que o relato não passara de ficção, um número de show. Mas, na TV, esclarecera a natureza do “espetáculo”: “Eu contando várias histórias que aconteceram na minha vida”.

Ao reagir a uma servidora pública que o censurou, o ator deu queixa à polícia e publicou na internet, em tom de ameaça:

“Você não precisa se desgastar, ativista de merda. Só eu vou falar. Não tenho medo de ativista, de Ministério Público. Não me intimido com você, nem com sua amiguinha nojenta. Se precisar serei, sim, fundamentalista, homofóbico, a porra que for, mas essa onda você não vai surfar. (…) Estou aqui esperando o camburão. Não veio me buscar até agora. Ativista aproveitadora. Enquanto sua página em 43 dias conseguiu 6 mil curtidas, a minha, em 48 horas, teve 11.600 de apoio. Veja bem, o dobro. Eu nunca vou te esquecer. Essa página foi criada para que você sempre se lembre de mim”.

Foi tal ser medieval, protagonista desse episódio conhecidíssimo, de vasta repercussão, que o ministro atendeu de braços abertos.

São chapas, companheiros da campanha pelo impeachment da presidente constitucional Dilma Rousseff. Prestigiando Frota, Mendonça Filho endossa a cultura de permissividade.

Permissividade com a barbárie, com a cultura do estupro. A cultura em que a mulher é sempre considerada culpada. Como já se observa em manifestações cretinas responsabilizando a jovem pelo crime de que foi vítima.

Prócer do DEM, Mendonça Filho é o tal “Mendoncinha” citado por Renan Calheiros em conversa gravada por Sérgio Machado.

O ex-presidente da Transpetro sentenciou: “Um cara mais corrupto que aquele não existe, Pauderney Avelino”. Renan emendou: “Pauderney Avelino, Mendoncinha”.

O tapete vermelho oferecido a Alexandre Frota é um recado ao Brasil: faça o que fizer, diga o que disser, este governo estará ao seu lado.

O ministro dá exemplo. Valoriza quem se vangloria e ri por ter feito o que fez ou falado que fez. Os algozes da adolescente também riram e se vangloriaram. No Brasil, uma mulher é estuprada a cada 11 minutos.

Em meio ao barulho provocado por tamanhas insensatez e covardia, a Secretaria dos Direitos Humanos mantém o silêncio sobre a audiência a Alexandre Frota.

Ao aceitar o cargo de secretária, Flávia Piovesan chancelou o rebaixamento do status do Ministério, que virou secretaria.

Pelo visto, não foi o único rebaixamento. Noutros tempos, Piovesan teria repudiado a presença do ator no Ministério da Educação.

Também noutros tempos, nem tanto tempo assim, a confraternização entre o ministro da Educação _da Educação!_ e Alexandre Frota teria merecido primeiras páginas e ao menos menção nos noticiários televisivos noturnos.

Noutros tempos.
(Blog do Mário Magalhães/ Viomundo)

Corra, privata, corra! Larápio FHC é enxotado de evento que fala sobre democracia. Não é a sua praia.


Ex-presidente participaria de debate neste sábado sobre democracia na América Latina.

Após protestos de intelectuais, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) cancelou sua participação numa palestra neste sábado em Nova York sobre a democracia na América Latina e deixou a cidade apressadamente. O evento foi organizado pela Associação de Estudos Latino-Americanos (LASA) em homenagem aos 50 anos da entidade e FHC dividiria um painel de debate com o ex-presidente do Chile Ricardo Lagos.

Em carta enviada a LASA, FH explica que desistiu da palestra para não dar discurso a “mentes radicais”.

A polêmica em torno do convite a Fernando Henrique Cardoso para falar sobre democracia no congresso começou no fim de abril. Um grupo de membros da LASA, entre intelectuais brasileiros e estrangeiros, encaminhou à entidade uma petição defendendo ser inapropriado o tucano participar do painel no momento em que o partido dele, o PSDB, é apontado como um dos colaboradores de um “golpe” no Brasil pelos partidos que apoiam a presidente afastada Dilma Rousseff.

“Ao convidar o ex-presidente para falar sobre a evolução da democracia exatamente num momento de fragilidade da democracia brasileira, quando o próprio Cardoso, bem como o partido em que ele ocupa um papel central, não hesitou em pôr em perigo a paz doméstica e os mecanismos básicos da democracia como a Constituição, a LASA estaria desrespeitando estudiosos que têm lutado para constituir uma estabilidade democrática na região nos últimos 50 anos”, diz trecho da petição, que foi liderada pela doutoranda da Universidade de Brasília e membro da LASA Mariana Kalil.

Para evitar mais polêmica, a LASA mudou o nome do painel, trocando a palavra democracia por vida pública. A versão final ficou “50 Anos de Vida Pública na América Latina”.

O comunicado sobre a desistência de FHC foi encaminhado pela LASA a seus membros por email na quarta-feira passada. A noite, durante a abertura do congresso da LASA em Nova York, está previsto um protesto de intelectuais contrários ao afastamento da presidente Dilma organizado pelo Conselho Latino-americano de Ciências Sociais (Clacso). Broches com a bandeira do Brasil e a frase “No Coup” (Sem golpe, em inglês) serão distribuídos aos convidados.


Entidades como a Clacso (Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais) programaram um protesto contra a participação de FHC e planejam distribuir camisetas com as inscrições "Brasil, La Democracia de Luto" e "Não ao Golpe" –nesta última, o slogan aparece escrito também em inglês e espanhol.

"Respeitamos a decisão da Lasa de convidar a um dos maiores instigadores e incentivadores do golpe no Brasil, porém também convocamos a acompanhar a conferência enchendo o auditório de camisetas pretas em sinal de protesto", diz um convocatório da entidade latino-americana, incluída no site da entidade.

Uma petição de 162 membros da entidade latino-americana e 337 pesquisadores não associados pedia o cancelamento da conferência de FHC. "Respeitamos a contribuição passada de Cardoso para o pensamento internacional. Entretanto, esse convite foi feito em um momento infeliz", diz o texto. Ainda segundo o o abaixo-assinado, o convite foi feito num momento em que FHC e seu partido "não hesitaram em colocar em perigo a paz interna nem mecanismos básicos como a Constituição".

Para os pesquisadores, ao dar voz a FHC a entidade pode incorrer em "um desrespeito grosseiro com pesquisadores que têm lutado há tempos para constituir uma estabilidade democrática na região nos dias atuais e nos últimos 50 anos".

Membro da Clacso e um dos organizadores do ato, o argentino Leandro Morgenfeld disse à Folha a entidade se coloca contra a participação de FHC no evento por que "ter sido um do principais articuladores do golpe contra a presidente afastada Dilma". Disse ainda que "é um desatino" chamá-lo para falar em um debate sobre democracia.
(Os Amigos do Presidente Lula)

Inabilidades


Marina calada é um tijolo, falando uma toupeira. Seu estilo Barrichello de fazer política já produziu asneira suficiente pra editar um Febeapá post mortem de Lalau.

Todavia, diante de tanta trapalhada retórica, podemos correr o risco de conviver com infinitos, enquanto durem, volumes.

Alheia ao fato mais bombástico da semana que ora se encerra, Marina faz comentários fora de contexto em relação aos fatores que levaram ao impedimento de Dilma reduzindo ao atendimento de seus interesses pessoais aquilo que deveria ser uma análise de conjuntura pertinente, feita por uma liderança política.

Nesse sentido, é bem pior que outro bamba do oportunismo político tupiniquim, o ex-verdugo togado Joaquim Barbosa. Este, pelo menos, disfarça com sutileza suas pretensões políticas em considerações pertinentes e apoiadas em avaliações jurídicas, algo que ele parece dominar razoavelmente.

De qualquer modo, nossos oportunistas da cena política perdem feio para os que circulam pelas grandes áreas dos nossos gramados,em partidas de futebol.

Enquanto os de chuteiras demonstram destreza, raciocínio rápido e habilidade, vide os casos de Grafite, Santa Cruz(PE) e Luan, do Grêmio(RS),os da política parecem estar na hora errada sempre no lugar errado. E, como autênticos pernas de pau, geralmente mais irritam os torcedores do que atraem sua simpatia.

Por isso, mesmo sob o efeito aterrorizante dos 7X1  do 'Mineiraço', a torcida brasileira ainda vai aos estádios e celebra nossa paixão maior. Já na política...

Movimentos


As gangues midiáticas que monopolizam os meios de comunicação tradicionais e os golpistas em torno de Temer apresam-se para criar fato novo a fim de reduzir os devastadores efeitos das conversas entre os super larápios Romero Jucá e Sérgio Machado, gravadas e reveladas em reportagem de Rubens Valente(FSP).

Dificílimo. O que faz a Veja/Bandida na edição ora nas bancas é mais do mesmo, ou seja, aquele jornalixo ao estilo Carlos Cachoeira sem credibilidade. Mesmo as colunas dos demais excrementos pigais sugerindo ineditismo ao que diz o assaltante Pedro Correa não passa de prato requentado.

Se algo está vindo à tona com força nesse momento é a tentativa de emparedar Renan e uma possível ação dele contra os interesses dos usurpadores. Não por acaso, outros pemedebistas vistos com desconfiança pelo golpismo estão sendo bombardeados por denúncias repetidas e vagas, com o claro intuito de intimidação à possível rebeldia contra o mandonismo da dupla Cunha/Temer.

A subida da aprovação de Dilma em 18 pontos percentuais, segundo o IBOPE, reflete a mobilização popular contra o golpismo e pelo efeito que produzem na vontade política de lideranças com projetos políticos futuros.

Outro fato relevante é a ainda sutil e incerta mudança de comportamento de membros do STF, "alcunhado por Machado de tribunal de merda". Só nos últimos dias, o presidente da nossa Corte Suprema extinguiu os tais "processos ocultos", casos que nem no sistema do tribunal eram registrados; e a ministra Carmen Lúcia derrubou liminar que mantinha oculta a extensa lista de exploradores do trabalho escravo no país.

Pode não parecer muito, diante do conservadorismo velhaco das tais gangues midiáticas que propositalmente fazem cara de paisagem diante do repúdio populara temer e seus comparsas. No entanto, inegavelmente tratam-se de indícios que permitem ao menos balbuciar que as coisas se movem nesse universo putrefato que o golpismo legou ao país.

sexta-feira, 27 de maio de 2016

Nos tempos da privataria. Dinheiro da reeleição de FHC vinha de jatinho e só era liberado com senha, diz ex-deputado.


Repousa desde os primeiros dias de março no gabinete do ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, o termo da delação premiada do ex-deputado Pedro Corrêa, que foi presidente nacional do PP e está preso em Curitiba, condenado por crimes apurados na Operação Lava Jato e no processo do Mensalão.

A delação de Pedro Corrêa cita políticos com foro privilegiado, como Aécio Neves, o ministro do TCU Augusto Nardes (o das “pedaladas fiscais”), Fernando Henrique Cardoso, o governador Fernando Pimentel, Lula e Dilma.

Sobre Lula, Pedro Corrêa diz que chantageou o governo, ao conseguir nomear o diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa em troca de destravar a pauta no Congresso Nacional.

“Pedro Corrêa entregou políticos de um lado e de outro, para mostrar que pau que bate em Chico bate também em Francisco”, afirma uma das pessoas que participaram das negociações que resultaram no termo da delação.

Uma das condições para que colaborasse com a investigação foi que seus filhos, especialmente a ex-deputada Aline Corrêa, fossem poupados. O filho e a nora já foram inocentados. A denúncia contra a filha saiu da Vara de Sérgio Moro e foi para Brasília, mas para a primeira instância, não o Supremo. A denúncia contra Aline ainda não foi recebida.

Médico formado pela Universidade Federal de Pernambuco, Pedro Corrêa se elegeu deputado federal em 1978, pela Arena, partido que dava sustentação à ditadura militar. Sempre foi governista. Da Arena, renomeada PDS, foi para o PFL, apoiando Sarney, voltou para o PDS, renomeado PPB, e permaneceu no partido quando passou a se chamar PP.

Além dos militares e Sarney, apoiou Fernando Henrique Cardoso e Lula. Foram 40 anos de intimidade com o poder. Ele conhece tudo por dentro, especialmente o Congresso Nacional e é por isso que sua delação pode ser considerada um memorial da corrupção, um documento que registra os porões da política, a outra face das líderes partidários.

A delação foi dividida em setenta tópicos, chamados de anexos, cada um sobre um tema ou um político. Um deles trata de Augusto Nardes, hoje ministro do TCU, em 2003 deputado federal do PP, quando Pedro Corrêa presidia o partido.

Segundo Pedro Corrêa, Nardes recebia propina mensal e havia um recibo para comprovar o repasse. Quando Nardes foi indicado para o TCU, houve uma operação para apagar os registros da propina.

Outro tópico, o de Aécio Neves, cita Andrea, irmã do senador, entre os operadores de esquemas de corrupção, ao lado de Marcos Valério. Ela integra uma lista de pessoas que arrecadavam dinheiro e repassavam a políticos.

Na época da aprovação da emenda da reeleição, Pedro Corrêa era deputado federal e conta que os grandes empresários se uniram para bancar a compra de votos.

Na delação dele, aparece o então presidente do Banco Itaú, Olavo Setúbal, entregando bilhetes para os parlamentares que votaram a favor da emenda retirarem dinheiro com um doleiro em Brasília.

O esquema bancado por Setúbal se encaixa nas versões já tornadas públicas sobre como a emenda foi aprovada. O senador Pedro Simon diz que mais de 150 parlamentares venderam o voto, e ouviu relatos até de deputados do PSDB.

Um dos deputados do Acre citados no escândalo da compra de votos para aprovação da emenda da reeleição é Osmir Lima, na época filiado ao PFL. Seu nome surgiu na gravação de Narciso Mendes, o Senhor X, com o então deputado João Maia, em que este confessa ter vendido o voto e diz que “parece” que Osmir Lima também havia recebido dinheiro.

“Eu nunca recebi dinheiro, e nem precisaria para aprovar essa proposta. Eu tinha sido chefe de gabinete do governador Orleir Cameli, que estava empenhado na aprovação da emenda. Meu voto ele tinha de graça”, diz o hoje ex-deputado, em sua casa em Rio Branco, onde me recebeu.

Orleir foi funcionário de carreira do Banco do Brasil e chegou a presidir o Banco do Estado do Acre.

Filiado ao PMDB, elegeu-se deputado constituinte e se notabilizou por uma proposta polêmica: a independência do Acre. Na eleição seguinte, em 1990, tentou o governo do Estado, mas não se elegeu. Em 1994, tentou voltar à Câmara dos Deputados e ficou na primeira suplência. Era chefe de gabinete do governador do Estado e, para que ele assumisse a vaga na Câmara, o governador Cameli nomeou um deputado federal para o Tribunal de Contas do Acre e abriu a vaga para Osmir Lima.

Como homem de confiança do governador, Osmir disse que participou da reunião em que o governador prometeu pagar um mensalinho de R$ 30 mil (em valores da época) aos deputados em troca de apoio no Congresso Nacional.

O governador queria a liberação de verbas para a pavimentação das estradas federais que cortam o Acre e, para isso, precisava que os parlamentares votassem a favor do governo de Fernando Henrique Cardoso.

Como o governador era de família proprietária de construtoras, a liberação de verbas para pavimentação atendia a dois interesses seus: como empreiteiro, por negociar contratos, e como político, pois estradas asfaltadas, num Estado em as chuvas isolam municípios, melhoram muito a popularidade do governante.

Para tratar da liberação de verbas para pavimentação da BR 364, Fernando Henrique Cardoso recebeu o governador e a bancada de deputados no Palácio do Planalto. O ex-presidente registra o encontro no primeiro volume de seu livro de memórias e se refere a Cameli de maneira elogiosa.

Fernando Henrique diz que havia recebido informações negativas sobre o governador, mas escreve que, no encontro, teve impressão positiva. Fernando Henrique o define como homem de fronteira, lutando para defender os interesses do Estado.

Em nome do governador do Acre, o então deputado Osmir voltou a tratar da liberação de verbas com o governo federal e foi direcionado ao ministro Sérgio Motta. “A verba foi liberada”, conta Osmir. Mas o curioso na história é que o assunto de alçada do Ministério dos Transportes foi resolvido pelo titular do Ministério das Comunicações.

Por que o senhor procurou o Sérgio Motta?

“Porque ele era amigo, sócio e confidente do presidente. Com ele, a chance de resolver era maior”, diz o ex-deputado.

Na hora de votar a reeleição, o governador do Acre acionou sua bancada. Cameli procurou os deputados, mas no primeiro momento teve dificuldade. “A ajuda de custo prometida pelo governador não estava em dia”, conta o ex-deputado. “E muitos achavam que a reeleição era uma coisa à parte”, acrescenta.

Na gravação feita por Narciso Mendes, os deputados Ronivon Santiago e João Maia contam que o comandante de toda operação era Sérgio Motta, “o amigo, sócio e confidente” de Fernando Henrique, o mesmo que, sendo ministro das Comunicações, liberava verbas da pasta de Transportes.

Pedro Corrêa cita os bilhetinhos de Olavo Setúbal como garantidores da propina. No caso da bancada do Acre, os deputados foram alcançados por cheques dados pelo irmão do governador Cameli, com a condição de não serem descontados até a confirmação do voto.

Depois da votação, segundo as confissões gravadas pelo Senhor X Narciso Mendes, os cheques foram trocados por dinheiro vivo, entregue em sacos de papel, numa sala da própria Câmara dos Deputados.

Osmir diz que votos foram comprados tanto para aprovar a reeleição quanto para rejeitar, nesse caso em ação capitaneada pelo então presidente do PPB, Paulo Maluf, que queria disputar a Presidência.

“Eu e a deputada Zila (Zila Bezerra, também do Acre) estivemos numa reunião no apartamento de outro deputado. Lá havia mais seis ou sete deputados e eles ofereceram R$ 300 mil (valores da época) para votarmos pela rejeição da emenda. Nós já tínhamos compromisso para aprovar a emenda e recusamos. Soube que o dinheiro viria aquela noite num jatinho de São Paulo e um deles iria buscar o dinheiro. Para pegar a quantia, tinha que dizer uma senha a quem estava com o piloto”, conta, mas se recusa a contar o nome do deputado dono do apartamento.

“Houve compra de votos nos dois lados, esta é a realidade. E soube até de deputado que vendeu o voto para rejeitar a emenda e depois votou a favor. Aí descobriram que ele tinha recebido dos dois lados. À noite, foram até o apartamento dele, para pegar o dinheiro de volta mas ele tinha viajado”, afirma. “A reeleição foi uma grande oportunidade para aqueles que estão no Congresso para fazer negócio”, acrescenta.

Osmir Lima conhece muito da história do Acre e participa de debates num programa de TV local, mas não quer mais se candidatar. “Com menos de dois milhões de reais, ninguém se elege deputado federal no Acre. E onde é que você vai buscar esse dinheiro? O sistema é corrupto e corruptor”, comenta.

Ele disse que se arrepende de ter votado a favor da reeleição. “Perverteu a política. O governante se elege já pensando na reeleição. Ele tem que fazer grandes esquemas e ser populista, não fazer a coisa certa, para poder continuar no poder. A reeleição foi uma tragédia”, afirma.

Sobre a declaração do ex-deputado Pedro Corrêa de que empresários financiaram a compra de votos no Congresso Nacional, para aprovação da emenda da reeleição, Osmir diz que soube de muitas histórias na época, mas não esta especificamente.

“O Pedro Corrêa era do PPB e o PPB estava fechado com o Maluf. Talvez ele esteja entregando os podres dos adversários (vitoriosos), mas não os do seu grupo”, afirmou.

Fernando Henrique já tratou da questão da emenda da reeleição algumas vezes — em entrevistas, no livro A Arte da Política e, agora, no segundo volume de suas memórias. Ele não é direto. No livro A Arte da Política, isenta Sérgio Motta, procura transferir a responsabilidade para os governadores e se refere aos políticos do Acre como “pessoal lá do Norte. Um bando de gente realmente perigosa”.

Na versão do ex-presidente, pode até ter havido compra de votos, mas por iniciativa dos governadores. No caso do Acre, é uma versão insustentável. O governador Orleir Cameli, já falecido, a quem Fernando Henrique elogia num livro e relaciona a “um bando de gente realmente perigosa” em outro, ajudou na compra de votos, mas nem se candidatou à reeleição.

A bancada do Acre, à exceção de dois deputados malufistas, era fechada com o governo federal, por empenho de Cameli (vide mensalinho), interessado nas verbas para estradas.

Para fazer esta série, pedi entrevista ao ex-presidente. A chefe de gabinete dele, Helena Maria Gasparian, chegou a falar comigo por telefone, ficou de agendar a entrevista, mas até agora não marcou data.

A assessoria de imprensa do Supremo Tribunal Federal informa que o ministro Teori Zavascki não tem prazo para homologar a delação premiada do deputado Pedro Corrêa. Mas, como já está com ele há dois meses, a expectativa é que faça isso nos próximos dias. Será interessante para comparar o conteúdo da delação premiada com o das memórias do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, no que diz respeito ao tema reeleição. Um deles é ficção.
(Joaquim de Carvalho/ DCM)