Jorge Paz Amorim

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Sou Jorge Amorim, Combatente contra a viralatice direitista que assola o país há quinhentos anos.

terça-feira, 16 de agosto de 2016

A maior herança de Havelange foi a tomada de poder da Globo no futebol brasileiro


A maior herança de João Havelange, morto hoje aos 100 anos, foi a tomada de poder da Globo no futebol brasileiro.

Cada vez que você ficar furioso ao ter que esperar até as 22 horas para ver um jogo de futebol na quarta, lembre-se de Havelange.

Havelange, na CBF, forjou uma aliança extremamente lucrativa com a então jovem Globo de Roberto Marinho.

A Globo ganhou bilhões com o monopólio das transmissões de futebol. E Havelange levou sua cota em propinas para garantir que a Globo jamais perdesse seu privilégio, expresso monetariamente em cotas publicitárias multimilionárias, para não falar da audiência trazida pelas partidas.

A parceria, a partir de um certo momento, incluiu não só a CBF como a Fifa. Foi quando Havelange assumiu o comando da Fifa.

É documentado o escândalo dos direitos de transmissão da Copa de 2002. Havelange foi subornado para que uma emissora brasileira transmitisse a Copa. O jornalista brasileiro Jamil Chade conta, em seu livro sobre a sujeira da Fifa, detalhes da negociata.

Quem transmitiu a Copa para o Brasil foi a Globo, como sabemos.

Na CBF, Havelange tratara de deixar ao ir para a Fifa seu genro, Ricardo Teixeira, para que o esquema com a Globo não fosse interrompido.

A Globo, com Teixeira na CBF, continuou a desfrutar das mamatas das transmissões de futebol.

As coisas se complicaram pessoalmente, num determinado momento, entre Havelange e Teixeira. O motivo não poderia ser mais comum nas rupturas entre sogros e genros: Teixeira se divorciou da filha de Havelange.

Mas a Globo não perdeu nada com a briga entre seus dois aliados no futebol.

O saldo de tudo pode ser resumido assim: a Globo, Havelange e Teixeira ganharam barbaramente com o futebol brasileiro. E o futebol brasileiro ficou em ruínas: campos precários, gramados parecidos com pasto, arquibancadas vazias.

E um terrível êxodo dos melhores jogadores.

É um padrão que se repete onde quer que a Globo se meta: para ela os lucros. Para a outra parte, e não estou falando aqui de parceiros como Havelange, as ruínas. No cinema, com a Globofilmes, é a mesma coisa.

Havelange legou a Globo para o futebol brasileiro.

Cada vez que você dormir no meio de um jogo às dez da noite, lembre-se dele.
(Paulo Nogueira/ DCM)

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