Seria engraçado, não fosse indicativo de desmedido cinismo o quase ex-deputado Wladimir Costa acusar, via panfleto tucano/liberal o senador Jader Barbalho de enriquecimento pessoal e familiar às custas da política. Não que Barbalho represente exemplo de honradez enquanto homem público, longe disso.
No entanto, Jader foi vereador, deputado, governador, ministro, senador, é advogado por formação profissional e tem mais de meio século de vida como político.
Já o Wladimir, há pouco menos de 1/4 de século, dava os primeiros passos como radialista no melhor estilo locutor de porta de loja de venda de tecidos e roupas populares e hoje é também um integrante do topo da pirâmide social, sem se ter notícia de que tenha ganho na mega-sena ou herdado qualquer fortuna.
De qualquer modo, ao entrarmos na semana seguinte a da retirada do projeto que criminaliza o enriquecimento adquirido após o ingresso na vida pública, operado pelo líder do usurpador temerário, é sempre bom lembrar que vivemos um tempo no país em que a retórica do combate à corrupção é onipresente. Todavia, e até por conta dessa generalidade moralista, o que mais se vê é a apropriação indébita dessa onda, com surfistas homiziados no parlamento, nos tribunais e na mídia sentenciando, condenando e absolvendo quem lhes cai nas graças ou cai em desgraça, em um verdadeiro festival nacional da empulhação.
Enfim, estamos muito longe de atingir um nível de equilíbrio moral em que políticos tivessem ao menos o pudor em evitar a exposição pública diante de tão vexaminosos procedimentos, assim como longe estamos de ter uma mídia decente que se poupasse e ao seu público de assistir esse tipo de jornalixo que exala somente mau odor.
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