Jorge Paz Amorim

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Sou Jorge Amorim, Combatente contra a viralatice direitista que assola o país há quinhentos anos.

terça-feira, 12 de julho de 2016

A atualidade é velha


Conversando sobre as prisões de grandes empresários e políticos investigados pela Operação Lava Jato, o que é uma grande novidade no Brasil, falei sem pensar: “Mas em alguns casos, o Moro é mais moroso”. “No caso de políticos tucanos, então, nem moroso é”, alguém disse. “As acusações ficam no limbo”.

Fora isso, prisão de empresários e políticos, a realidade atual merece pensamentos e conclusões muito parecidos com os de um Brasil de “antigamente”.

Pensando no trocadilho “Moro moroso”, resolvi observar outras questões políticas. O Centrão, por exemplo. Essa união de políticos conservadores, muitos deles chegados a mutretas, inclusive com contas em bancos suíços, soltei uma pergunta: “Deputado do Centrão brasileiro pode depositar dinheiro de mutreta em banco de algum cantão suíço?”.

Aí me lembrei que já tinha feito essa pergunta antes. E põe antes nisso! O Centrão, que para alguns parece novidade, é uma repetição do que houve durante o governo Sarney, iniciado em 1984. Também formado por conservadores, abrigava parlamentares do PMDB, PFL, PDS, PTB, PL, PDC…

Um dos líderes do Centrão dos anos 1980 era o deputado paulista Roberto Cardoso Alves, o Robertão, do PMDB (depois migrou para o PTB), que durante a Constituinte “negociou” o mandato de cinco anos para Sarney, do qual era ministro.

Vice-presidente que assumiu com a morte de Tancredo, Sarney queria exercer o mandato por seis anos (tempo de mandato previsto pela ditadura), mas o Congresso queria reduzir isso para quatro anos. Com o toma-lá-dá-cá, articulado pelo Robertão, deram um ano a mais ao governo Sarney.

Diante da forma escandalosa de conseguir votos de parlamentares (o que seria repetido na votação da lei que permitia a reeleição de FHC), Robertão sapecou uma frase de São Francisco de Assis: “É dando que se recebe”. Cínico, né? Mas atual também. Dar cargos e grana em troca de votos de parlamentares, essa coisa antiga, continua sendo a norma geral. E bancos suíços continuam sendo o destino de parte da grana mutreteira.

Enfim, fui procurar coisas que escrevi há muito tempo, num livro chamado “Pós-conceitos, desaforismos, kai-kais e preguntas”. Não são coisas relacionadas apenas à situação política, tem de tudo: esportes, economia, lazer, sexo, trabalho, linguagem, comportamento… Não publiquei o livro, mas espalhei trechos dele em alguns lugares por aí. Aqui mesmo, neste blog, coloquei um monte de posts com o título “Recanto da Abobrinhas” com esse besteirol. Então, pode ser que estas minhas “lembranças” sejam em parte repetidas.

O que vale é lembrar que essas coisas não foram escritas hoje, nem mesmo durante o governo Dilma. Escrevi desde os tempos do governo Sarney até o governo Lula, com destaque para a Era FHC.

Aí vão alguns dos “desaforismos” (aforismos um tanto desaforados) que parecem ter sido feitos pensando na realidade brasileira atual, mas são de priscas eras:

O que a gente pensava ser o fundo do poço era só um patamar. Temos muito a afundar.

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O governo faz um jogo especial nas relações com os credores.

Jogo de bunda!

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Os comentaristas econômicos de rádio, TV, jornais e revistas, em sua grande maioria, não são nada econômicos em elogios ao capital.

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Enfim um governo com os pés no chão. Todos os quatro.

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Jornais e revistas jornalísticas são muito importantes para denunciar as mutretas que são feitas fora das suas respectivas empresas.

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Juros baixando são apenas juras eleitorais.

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Jornalistas que escrevem sobre economia, com poucas exceções, costumam dar tanta bola fora que deviam adaptar um chavão dos jornalistas esportivos: “A economia é uma caixinha de surpresas”.

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Para o preso pessimista, o regime semiaberto é meio fechado.

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Brasil, o país do futuro, tem cada vez mais saudade do passado.

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Reforma da Previdência: você vai trabalhar mais, muito mais, correr o risco de morrer antes, mas se chegar lá vai se aposentar ganhando muito menos. Mas é para o seu bem, diz o governo.

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Para quem tem tesão por mandar, o poder é mais phoder.

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Governante que se mete a déspota esclarecido geralmente é muito mais déspota do que esclarecido.

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O Brasil está mais para país da quarta-feira de cinzas do que do carnaval.

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As CPIs são exemplares na punição da corrupção. Nelas, os parlamentares pegos com a mão na massa são interrogados e julgados pelos que não foram pegos.

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Banqueiros alegres, povo triste!

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Alcoolizaram a República brasileira: até 1930 ela era do café com leite, agora é um porre.

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Nem só da classe média vive a imbecilidade.

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Quando certos políticos se dão as mãos, forma-se um círculo vicioso.

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Poder e pudor muito raramente se encontram na mesma pessoa.

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O que falta aos governos brasileiros não é caráter, isso eles têm até demais. Só que péssimo.

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Muitas diretrizes governamentais deviam chamar-se erratrizes.

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PFL + PMDB + PSDB + PP + PTB + PT + PPS + PL + PV = PQP!

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No Brasil tem deputado federal que usa seu mandato como se fosse um vereador… e vereador que rouba como se fosse deputado federal.

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Eleições são muito importantes: por meio delas escolhemos quem vai nos ferrar a vida nos próximos anos.

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A Constituição é a mãe de todas leis. Mas, como as filhas, não vale nada.

Bom… Paro por aqui, porque já está ficando texto longo demais. Mas continuo na próxima postagem. Sim… Isso é uma ameaça!
(Blog do Mouzar)

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