Jorge Paz Amorim

Minha foto
Belém, Pará, Brazil
Sou Jorge Amorim, Combatente contra a viralatice direitista que assola o país há quinhentos anos.

quinta-feira, 9 de junho de 2016

Prisão do ‘Japonês da Federal’ retrata o fracasso do Brasil de hoje


Não compartilho a convicção de quem identifica pobreza existencial nas nações que buscam ou cultivam heróis.

Meu problema é com os heróis de fancaria, celebrados a cada estação e esquecidos na temporada seguinte.

Esquecidos porque constituíam engodo ou careciam de mérito para serem heróis autênticos.

O Brasil, os brasileiros somos pródigos em eleger heróis breves.

Corremos atrás deles como um headhunter à procura urgente do executivo mais qualificado.

Mal aparece em cena, agarramos o candidato a herói ou heroína pelo cangote e o aclamamos.

Um deles, o agente da Polícia Federal Newton Ishii, acaba de ir em cana.

No mesmo prédio da PF, em Curitiba, onde trambiqueiros da política e dos negócios estão presos.

Ishii ganhou fama como “Japonês da Federal” ao escoltar detidos na Operação Lava Jato.

Ele já havia tido rolos com a Justiça em 2003, suspeito de facilitar contrabando.

Suas alegadas falcatruas apareciam somente no pé das reportagens, como as letrinhas pequenas das advertências de bula de remédio.
Poucos viram, é claro. O herói Ishii virou máscara e marchinha de Carnaval.

Ele lembra o marinheiro do livro “Relato de um náugrafo”. Em meados da década de 1950, o protagonista sobrevivera a um naufrágio e fora consagrado herói na Colômbia.

Ao entrevistá-lo, o repórter Gabriel García Márquez descobriu que a embarcação afundara porque o marinheiro e seus companheiros a haviam sobrecarregado com mercadorias contrabandeadas. Um falso herói. Um herói que retratou uma época.

Como o “Japonês da Federal” retrata fracassos e frustrações do Brasil de hoje.
(Blog do Mario Magalhães/ Viomundo)

Nenhum comentário: