Após 39 anos, quem diria, o Poder Legislativo golpeia a democracia e paga na mesma moeda o que Ernesto Geisel havia feito com o famigerado 'Pacote de Abril' quando, inconformado com a derrota nas urnas, fechou o Congresso, impôs senadores biônicos, aumentou as bancadas onde a ARENA era mais forte a fim de restabelecer a hegemonia governista no parlamento. Claro, tudo contando com a resignada omissão do Supremo Tribunal Federal.
Hoje, um conluio de gatunos encastelado no Parlamento e assombrado com a possibilidade de seus malfeitos o conduzirem até o xadrez, resolve lançar o 'Pacote de Maio', em que a legítima presidenta do Brasil é afastada por crimes que não cometeu, cujos atos administrativos usados como álibi para tocar adiante a conspiração foram também praticados pelo vice, em eventual interinidade quando substituía a titular, algo pateticamente ignorado na medida em que golpes contra a democracia seguem rito próprio, sem se importar com racionalidades que evidenciem respeito ao ambiente democrático.
Como no pacote de Geisel, de triste memória para o povo brasileiro, esse pacote de agora deverá levar ao poder hordas de derrotados nas últimas eleições, logo, passarão a ser governo aqueles que o povo repudiou nas urnas. Como os tristemente famosos 'senadores biônicos', passaremos a ter os ministros biônicos, fruto desse arranjo anti popular e nocivo a conquistas sociais que vinham se consolidando desde 2003.
Assim, aquilo que foi feito anteriormente escudado na lei da força; hoje materializa-se na forma de operação de delinquentes, dispostos a qualquer coisa que obstrua eventual investigação contra a qual seu direito de defesa seria inócuo, posto tratar-se de notórios bandidos. Temer, Cunha, Aécio, Serra, Renan, Jucá, dentre outros, só estão livres porque passaram quase todas suas trajetórias políticas maquinando a favor da impunidade.
Com efeito, não há denúncia contra essa corja que não tenha princípio, meio, fim, lógica e verossimilhança. Em geral, valem-se esses bandidos do trabalho midiático de comparsas, sempre dispostos a abafar e omitir essas histórias macabras a fim de ludibriar incautos. E é essa honestidade que não resiste a pesquisa no Google, que, a partir de hoje e sabe-se lá até quando, dirigirá os destinos da nação sob slogans falsários, marquetagem velhaca, publicidade travestida de noticiário e outras trucagens midiáticas capazes de fazer com que parte da população enalteça quem o trapaça, bem como enaltece aos que sempre estiveram ao seu lado. Sabe-se lá no que isso vai dar.
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