Jorge Paz Amorim

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Belém, Pará, Brazil
Sou Jorge Amorim, Combatente contra a viralatice direitista que assola o país há quinhentos anos.

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Em 16 horas de promoção, comércio de SP faturou R$ 785 milhões com Black Friday


Às 16 horas de sexta-feira (27), faltando oito horas para o fim da Black Friday, o faturamento com o dia de promoções já havia chegado a R$ 785 milhões, segundo a consultoria Clearsale. A sexta-feira de ofertas é uma tradição norte-americana e está sendo promovida no Brasil, pelo quinto ano consecutivo, pelo portal BuscaDescontos.

Em 2014, o faturamento chegou a R$ 871,9 milhões, de acordo com a estimativa da Clearsale. Neste ano, uma pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) indiciou que 34,6% dos consumidores com mais de 18 anos pretendem aproveitar a Black Friday para fazer compras. Entre os que pretendem adquirir produtos e serviços, a previsão de gastos é, em média, de R$ 1.007 por pessoa. No ano passado, o gasto médio por consumidor ficou em R$ 856.

Na Rua Teodoro Sampaio, centro comercial da zona leste paulistana, apesar dos diversos cartazes negros anunciando ofertas, o movimento nas lojas não era grande. O gerente de uma das filiais das Lojas Pernambucanas, Rodrigo Brizola, admitiu que, pela manhã, ainda haviam menos consumidores que o previsto.
“O movimento não começou como esperávamos, mas a expectativa é melhorar ao longo do dia”, ressaltou. Segundo o gerente, a loja pretendia ao menos atingir o resultado da data em 2014, quanto o movimento foi cerca de 20% maior que em um dia normal.

As Pernambucanas veicularam na televisão dois vídeos publicitários feitos exclusivamente para a Black Friday. Entre as vantagens oferecidas, está a possibilidade de parcelar produtos das linhas lar e eletro em até dez vezes sem juros.

As condições especiais não animaram a aposentada Ruth Teixeira. “Estou à procura de dois cobre-leito solteiro e não encontrei preço bom. É o mesmo valor daa semana. Nem os lençóis abaixaram como a gente esperava”, afirmou a consumidora, que esperava descontos de pelo menos 50%.

Outras grandes redes aderiram à data. As Casas Bahia e o Ponto Frio abriram mais de mil lojas do grupo mais cedo, às 7h. Os descontos anunciados pelas duas redes, especializadas em moveis e eletrodomésticos, chegaram a 80%.
A concorrente Magazine Luiza anunciou 4 mil produtos com a oferta de melhor preço dos últimos 60 dias. Uma das maiores desconfianças dos compradores em relação à promoção é que algumas vezes os valores são aumentados poucos dias antes e depois oferecidos com desconto.

A pesquisa do SPC indicou que 44% dos consumidores pretendiam pesquisar para confirmar se os preços estão realmente mais baixos que o normal. Ruth informou que já passou por uma situação como essa. “Ano passado, fique na fila uma noite e um dia inteiro. Quando cheguei lá, eles aumentaram o preço para depois abaixar.”

A cuidadora de idosos Arlete dos Santos ficou satisfeita com as duas calças que comprou. “A qualidade é superior ao valor.”
Arlete disse que estava precisando das roupas e aproveitou o dia de ofertas. Em 2014, as roupas foram o item mais comprado durante a Black Friday, preferidas por 33% dos compradores. Em seguida, vieram os calçados (28%) e os celulares (27%).

O Procon de São Paulo registrou em 2014 1.356 atendimentos relativos à Black Friday. As maiores reclamações foram indisponibilidade do produto ou serviço anunciado, páginas de compra com falha e mudança de preço na finalização da compra.

Conforme o Procon, mesmo durante o dia de promoções valem todos os direitos garantidos em lei, inclusive os relativos a reclamações de desistência de compra."
(Agência Brasil)

Trocaram o 'Cunha' pra livrar a cara da privataria


O deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) se defendeu, em seu twitter, que a Medida Provisória 608, que teria beneficiado o banqueiro André Esteves, é da alçada do líder do PSDB no senado Cássio Cunha Lima (PB).

Documento apreendido pela Polícia Federal nos pertences de Diogo Ferreira, assessor do senador Delcídio Amaral (PT-MS), continha a anotação:

“Em troca de uma emenda a medida provisória número 608, o BTG Pactual, proprietário da massa falida do banco Bamerindus, o qual estava interessado em utilizar os créditos fiscais de tal massa, pagou ao deputado federal Eduardo Cunha a quantia de R$ 45 milhões de reais.
(...)
Pelo BTG participaram da operação Carlos Fonseca, em conjunto com Milthon Lyra. Esse valor também possuía como destinatário outros parlamentares do PMDB. Depois que tudo deu certo, Milton Lyra fez um jantar pra festejar. No encontro tínhamos as seguintes pessoas: Eduardo Cunha, Milton Lira, Ricardo Fonseca e André Esteves”.

O Ministério Público considerou a anotação como um dos motivos para manter preso temporariamente o banqueiro André Esteves, dono do banco BTG Pactual e amigo de Aécio Neves (PSDB-MG), que pagou a viagem de lua de mel do senador tucano à Nova York.
(Os Amigos do Presidente Lula)

Os dilemas do PT


O PT não pode mais assistir ao seu próprio funeral acuado nas amarras da prostração e da perplexidade.

Forças que querem destruí-lo tem tido sucesso nesse intento, graças a um estratagema ardiloso.

Em nome dos erros do partido –que não são poucos— mira-se a desqualificação de suas virtudes e bandeiras

Uma resume todas as demais.

O PT ressuscitou a agenda da justiça social como motor e finalidade do desenvolvimento econômico, em contraposição ao exclusivismo mercadista atribuído às metas de inflação (leia-se juros reais elevados); ao superávit fiscal (leia-se arrocho e estado mínimo) e ao câmbio livre (leia-se, livre mobilidade dos capitais).

O partido não trocou uma coisa pela outra: trouxe o antagonismo capitalista para dentro do aparelho de Estado e tentou mediá-lo nos últimos 12 anos.

É esse o ciclo que agora se despede em ruidosa transição.

A dificuldade de se renovar na travessia –e assim reagir ao massacre que o desnorteia-- reside menos na incapacidade de enxergar tropeços e equívocos pregressos, do que no fato de que o PT se tornou uma réplica do sistema político que precisa combater para ressuscitar.

O sistema político brasileiro exige muito pouco dos quadros partidários em termos de identidade programática e coerência de princípios.

Mas premia a densidade dos vínculos com interesses tão ecumênicos quanto os que o poder do dinheiro consegue estabelecer na sociedade.

A naturalidade com o que o senador Delcídio Amaral transitou nas últimas duas décadas da esfera do PMDB para a filiação ao PSDB e deste para o PT, sem mudar de referências políticas, nem abdicar do seu repertório ecumênico de apoios, é exemplar desse paradoxo.

Sua abrupta derrocada, após flagrante em gravações comprometedoras, reitera a distorção que está despedaçando a democracia e desmoralizando seu espectro partidário –mas sobretudo o PT, pelas razões sabidas.

Delcídio foi diretor de gás e energia da Petrobrás no governo Fernando Henrique, indicado pelo PMDB; filiou-se em seguida ao PSDB onde permaneceu até 2001; por conveniências regionais saltou então para o PT, que lhe facultou a vaga para eleger-se senador da República pelo Mato Grosso, em 2002.

Nesse vaivém de década e meia, manteve-se fiel a um mesmo círculo de interesses integrado entre outros pelos atuais delatores da Lava Jato, Paulo Roberto Costa e Nestor Cerveró.

Não teria sido muito diferente se ainda estivesse no PSDB, ou no PMDB.

É justamente essa indiferenciação que está matando a credibilidade na política como ferramenta de construção do país e do seu desenvolvimento.

Ela impede que a sociedade disponha de alternativas claras e confiáveis para tirar a economa da espiral descendente em que se encontra, empurrada pelo esgotamento de um ciclo de expansão.

O PT, pelas razões que só o juiz Moro pode explicar, foi o elo da corrente escolhido para arrebentar em meio a à geleia geral.

E está sendo arrebentado.

O episódio Delcídio aperta o cerco em torno de uma sigla que encontra dificuldade crescente para atuar em três frentes distintas mantendo algum grau convincente de coerência: 1) resistir à caçada conservadora que age por tentativa e erro na determinação de desossar o partido até alcançar a cabeça de sua principal liderança; 2) defender um governo embarcado numa trajetória recessiva que estreita a margem de manobra social do partido e agrava a crise política; 3) reinventar seu espaço e sua mensagem na disputa pelo poder nas eleições municipais de 2016 e nas presidenciais, em 2018.

A determinação de manter um rigoroso regime de autocrítica caso a caso diante do cerco policial-midiático promovido contra o partido tampouco tem se mostrado eficaz.

A solidariedade negada pela direção do PT ao senador Delcídio, por exemplo, gerou protestos de um pedaço da bancada, que acusou o comando petista de levar água ao moinho que tritura os ossos da sigla.

A luta pela sobrevivência parece ter atingido aquele grau em que medidas incrementais de resgate da coerência e da identidade já não fazem mais efeito diante do tempo que encurta e do cerco que não cede.

A verdade é que todo o sistema partidário brasileiro funciona hoje como um biombo do poder econômico que através do financiamento de campanha encabrestou direções, abastardou programas, manietou governos e semeou um arquipélago de fidelidades e acordos espúrios, unilaterais às siglas, que despedaçam sem coesão interna.

A desenvolta atuação de bastidores do banqueiro André Esteves, dono do Pactual, com sugestiva fortuna de US$ 3 bilhões aos 43 anos de idade, ilustra a matéria-prima de que é feita essa retaguarda, onde raízes podres e sadias se entrelaçam.

O dono do Pactual pagou a viagem de núpcias do amigo Aécio Neves. E prometeu ser tão generoso quanto com a família do delator Nestor Cerveró –em troca da omissão ao nome do banco na delação premiada do ex-dirigente da Petrobrás.

Da reciprocidade combinada com Aécio não há relatos, tampouco investigações, embora seja presumível.

Estamos diante de uma captura.

Uma captura do sistema político que reflete a determinação mais geral e conhecida de sequestrar todas as instâncias e recursos do aparelho de Estado para servir a interesses que enxergam em figuras como a de André Esteves e assemelhados não apenas a validação do mito do ‘empresário matador’.

Mas o altar da proficiência capitalista, diante do qual as instituições e a sociedade devem inquestionável subordinação.

É essa a pegajosa narrativa martelada pelo jornalismo isento ao incensar figuras carimbadas como Eike, Agnelli (ex-Vale), Esteves, Staub e outros impolutos ícones, não raro flagrados em operações de sonegação e lavagem, como mostra a máfia do Carf.

A inexistência de uma verdadeira isonomia no sistema de comunicação para enfrentar a centralidade desse debate dificulta sobremaneira a tarefa do PT de contextualizar seus erros e repactuar os vínculos com a sociedade.

Transformar essa dificuldade em necrológio é o propósito dos interesses que não cessam de perfurar e purgar o metabolismo do partido para carimbar na sua pele –e na de suas maiores lideranças-- a marca de principal responsável pelo derrocada da economia e da política.

O pesadelo se aproxima perigosamente da fronteira do real.

É cada vez mais palpável o sonho da direita brasileira de matar historicamente o impulso nascido desde as grandes greves operárias do ABC paulista, nos anos 70/80, e que simbolizou a bandeira da luta contra a desigualdade e a injustiça social até os nossos dias.

Cerca de 60 milhões de brasileiros tiveram acesso ao mercado interno e à cidadania graças a esse estirão.

Ele esburacou fortemente a receita secular que permitia às elites revezarem-se no poder, mantendo o povo espremido no acostamento, à espera de caronas que nunca vem.

Recapear esse percurso agora pavimentando uma ampla avenida de regressividade social e política é o motor que move o garrote no pescoço do PT.

Supor que esse enfretamento poderia ter sido evitado por quem ousasse alterar a lógica do capitalismo brasileiro, é acreditar em fábulas.

Uma das mais deletérias é essa que hoje se vende à sociedade na forma de um manual de boas maneiras a seguir para se obter um desenvolvimento elegante, transparente e equilibrado.

Leia a bula: primeiro, você investe em infraestrutura, então fomenta as exportações, depois, com receitas e contas equilibradas, calibra harmoniosamente a demanda com a oferta prevalecente.

Enquanto isso, a senzala hiberna serena, resignada como num postal de lago suíço.

Quanto tempo?

Os séculos que forem necessários.

Até que os avanços incrementais permitidos pelo mercado produzam a boa sociedade, ancorada na mobilidade das meritocracias perfeitas, tutelada pelos sábios dos mercados não menos virtuosos.

As coisas não acontecem exatamente assim no capitalismo.

No caso brasileiro, a pasta de dente escapou do tubo.

A emergência dos excluídos escancarou a incapacidade do sistema econômico e político para realizar a prometida ascensão disciplinada dos desfavorecidos.

Mãos açodadas tentam devolve-la agora ao frasco, da forma que isso costuma ser feito nas república latino-americanas e com o fair play característico.

Inclua-se nessa determinação de ‘pôr ordem na casa’ jogar no lixo da história tudo e todos que contribuíram para o vazamento precoce e imprevidente.

É aí que entra o ingrediente crucial dedicado a desqualificar, sangra, picar e salgar em praça pública a ferramenta política que favoreceu a heresia: o PT.

Esse é o ponto em que estamos e nele as perguntas reverberam uma urgência de vida ou morte.

Um partido de trabalhadores consegue se despir dos vícios e desvios da política conservadora depois de passar pela experiência do poder no capitalismo?

Consegue sobreviver sem sucumbir aos limites e compromissos inerentes à correlação de forças desfavorável à qual se ajustou?

Pode recuperar o rumo sem o qual descansará sob a lápide dos sonhos perdidos?

Por mais que se martele o oposto, a tragédia do PT consiste justamente no fato de não se tratar aqui de um ‘bando’. Mas de um futuro em disputa.

Fosse o PT apenas aquilo que outras siglas se comprazem em personificar não haveria a tragédia.

Não se trata de dissimular decadência em retórica de heroísmo.

Mas de reafirmar que o PT tem uma –e só uma-- finalidade na história brasileira.

Servir de instrumento dos interesses sociais amplos, de cuja vértebra nasceu o impulso que agora fraqueja.

Quando se mostrar incapaz de renovar esse pacto com a sua origem perderá o seu sentido histórico.

A busca de um chão firme para esse reatamento hoje é a questão crucial sobre a qual dirigentes, intelectuais e núcleos de base devem se debruçar febrilmente.

Com uma ideia na cabeça uma certeza na ação: ao PT só resta temer o próprio medo de ir além dos limites que o sufocam.

Mais que isso.

É improvável que essa busca tenha êxito se ficar restrita aos limites de uma organização que, como se disse antes, tornou-se uma réplica do sistema político contra o qual terá que se reinventar.

Significa que a repactuação do PT com suas bases terá que nascer de um novo programa para um novo ciclo de lutas, que fatalmente exigirá uma nova estrutura: o partido será uma estaca em um conjunto formado por uma frente ampla de forças progressistas e democráticas da sociedade brasileira.

Nenhuma prioridade é mais importante que esse reatamento feito de depuração, renovação e abertura desassombrada para fora e para dentro.

Na virada recente que culminou com a eleição de uma presidência de esquerda, o Partido Trabalhista inglês oxigenou sua estrutura liberando a inscrição de eleitores, militantes e não militantes, mediante pequena taxa.

A campanha de filiação eleitoral se enraizou nas periferias e trouxe a juventude pobre maciçamente de volta à política: o marxista Jeremy Corbyn foi eleito.

Não é uma tarefa para aqueles que hoje não se reconhecem devedores desse aggiornamento.

Quem não estiver disposto não conta mais como protagonista do partido.

Portas escancaradas servem para quem quiser entrar e quem quiser sair.

Haverá turbulência. Mas se for dada uma chance ao ar fresco, ele encontrará o caminho para transformar o medo em esperança e a prostração em luta pela democracia social brasileira.
(Saul Leblon/ Carta Maior)

domingo, 29 de novembro de 2015

OAB posiciona-se contra a patranha nardista

Por três votos a dois uma comissão da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) emitiu parecer contrário a um pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff com base na reprovação das contas de 2014 do governo federal pelo Tribunal de Contas da União (TCU). O parecer terá que ser submetido ao Conselho Federal da OAB, que, na próxima quarta-feira (2), decidirá se segue ou não a recomendação da comissão.

Na avaliação da comissão, formada por cinco conselheiros federais da OAB, cada um representando uma região do país, por se tratar de práticas ocorridas em mandato anterior, as irregularidades nas contas não podem justificar o processo político doimpeachment.

“Por mais importante que seja o acórdão da Corte de Contas”, observa o documento, “não é bastante para firmar um juízo definitivo sobre irregularidades administrativas ou de execução financeira e orçamentária, a ponto de sustentar, autonomamente, a recepção de um pedido de impeachment, sem a aprovação do parecer pelo Congresso Nacional”.

“A sociedade espera que a OAB tenha uma posição fundamentada sobre oimpeachment da presidente. De forma técnica e imparcial, a OAB vai adotar uma posição e divulgá-la à nação. A Constituição prevê o impeachment e apresenta seus requisitos. O plenário da OAB irá dizer se estão ou não presentes tais pressupostos”, afirmou o presidente nacional da OAB, Marcus Vinicius Furtado Coêlho. Segundo ele, a Ordem poderá analisar eventuais fatos novos que venham a aparecer e embasar novos pedidos de impeachment.

Divergências

Os dois conselheiros vencidos na comissão produziram um voto em separado. “Os autores deste voto divergente entendem que, estar a presidente em um novo mandato, não impede a instauração do processo de impeachment da presidente da República, porque, reeleita, não se afastou, em momento algum, de suas funções presidenciais”, afirmam no voto em separado os conselheiros Elton Sadi e Setembrino Pelissari. No texto, eles ressaltam que a importância do acórdão do TCU e a implicação da presidente nas irregularidades apontadas são o bastante para que não se precise aguardar o pronunciamento do Congresso antes que a OAB se manifeste em favor do impeachment.
(Agência Brasil/ Portal Forum)

A tragédia da desigualdade social

O brasileiro tem que rejeitar a existência de favelas
O brasileiro tem que rejeitar a existência de favelas

A principal conclusão do Datafolha é a seguinte: a mídia desinforma a sociedade.

Isso fica claro naquilo que foi classificado como o maior problema brasileiro pelos respondentes: a corrupção.

É uma besteira.

E é lamentavelmente uma coisa comprada pelos brasileiros porque eles são bombardeados diuturnamente com essa mensagem.

A real tragédia brasileira chama-se desigualdade social. Poucos ricos e muitos pobres.

Numa escala mais ampla, é a tragédia número 1 não apenas do Brasil como do mundo.

Considere o Papa Francisco.

Rapidamente ele virou um fenômeno, uma referência global exatamente por eleger a desigualdade como o mal maior a combater.

Francisco virou provavelmente a mais influente personagem dos nossos tempos porque foi logo erguendo a voz contra a miséria.

Se ele falasse obsessivamente em corrupção, em vez da iniquidade, seria motivo de piada. Ninguém o ouviria.

A corrupção prospera em ambientes iníquos. Não é por acaso que os países mais igualitários – a Escandinávia é o maior exemplo — são os menos corruptos.

Para a plutocracia, cuja voz é a mídia, interessa colocar o foco na corrupção. Você evita que a sociedade discuta a questão da desigualdade. As pessoas ficam como que hipnotizadas.

Note também que mesmo o debate sobre corrupção é parcial e mistificador. Não se considera corrupção, para ficar num caso, a sonegação contumaz das grandes corporações de mídia.

A Globo, no caso mais gritante, faz anos que adota o truque da pessoa jurídica nos maiores salários para sonegar. O contrato não é renovado quando a Globo demite.

Isso significa que o demitido sai sem os direitos clássicos trabalhistas. Se ficar incomodado, tem que recorrer à Justiça, o que nunca é um decisão fácil dado o tamanho da Globo.

Que jornalista quer se indispor com uma empresa que tem tevês, rádios, jornais, revistas etc? Se a Globo põe você na lista negra você está frito. Ou pelo menos estava, antes que a internet surgisse para minar a Globo.

Claudia Cruz foi à Justiça e ganhou da Globo, mas já estava claro que ela contava com o marido Eduardo Cunha para as questões financeiras.

Não é à toa que o coro da corrupção floresce, na mídia, em governos populares. Getúlio Vargas foi vítima disso. João Goulart também. Lula agora é o alvo.

Todos eles, cada qual de seu jeito, estavam combatendo por um país mais igual. Para a plutocracia corrupção, no fundo, é se insurgir contra a desigualdade.

O Brasil precisa de um Francisco que acorde as pessoas para o câncer da iniquidade.

Há que falar, falar e ainda falar. Pregar, pregar e ainda pregar.

Foi fazendo isso, com motivos inconfessáveis, que a imprensa levou os brasileiros a aceitar a desigualdade, como se ela fosse uma coisa irrelevante diante da corrupção.

É o que mostra o Datafolha, e isto é uma grande pena exceto para os beneficiários da injustiça social — os plutocratas.
(Paulo Nogueira/ DCM)

Jornalixo requentado


Aproveitando a passagem por Belém do comparsa do larápio Augusto Nardes, o vil panfleto tucano/liberal resolveu requentar a tal da teoria das 'pedaladas fiscais', que ensejou ao TCU recomendar a rejeição das contas da presidenta Dilma Roussef, referentes ao exercício de 2014.

Não há nenhuma novidade, muito menos razoabilidade jurídica na atitude infame, coordenada pelo sacripanta em tela, apenas politicalha visando adubar o factoide que embala os delírios do bebaço Aécio Neves. Além disso, programas como o 'Bolsa Família', 'Minha Casa, Minha Vida' e 'Plano Safra', sustentáculos da política social do governo federal, jamais poderiam ser interrompidos na medida em que isto significaria a ocorrência de transtornos para milhões de pessoas dependentes desses programas, inclusive para satisfazer um dos mais básicos e sagrados direitos do ser humano, qual seja, comer.

Só o fato de achar irrelevante a satisfação de necessidades fundamentais de milhões de pessoas de poder aquisitivo modesto, adotando uma postura ortodoxa em favor do rentismo que domina as finanças mundiais já mostra muito da falta de caráter desse auxiliar dos ocupantes daquele playground de políticos fracassados. Enfim, o jornalixo tucano/liberal, sem ter à mão um daqueles escândalos fabricados no covil do Cachoeira no valhacouto da Abril requentou essa torpeza cuja única finalidade é adubar o golpismo da direita vira lata, ainda inconformada com a derrota sofrida ano passado. Lamentável!

A Folha errou. Errou nada. A Folha faz jornalixo de esgoto

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No primeiro dia deste mês, a manchete desta Folha foi a reportagem "BNDES suavizou exigências para socorrer amigo de Lula", na qual o jornal afirma que o banco contornou norma interna que impediria conceder empréstimos para empresa cuja falência tenha sido requerida.

A matéria insinua que o objetivo seria dar tratamento privilegiado à empresa São Fernando Energia e a seu acionista José Carlos Bumlai por conta de uma suposta relação com o ex-presidente Lula.

Não houve nenhuma flexibilização de normas internas do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). A operação referida pela Folha foi feita na modalidade indireta, em que o BNDES atua em parceria com bancos credenciados.

Nesse caso, a análise do crédito e o risco de inadimplemento (pagar os valores devidos caso o mutuário não o faça) são assumidos pelos agentes repassadores, que foram BTG e Banco do Brasil. Em particular, cabem aos agentes atestar que fizeram a análise cadastral, o que incluiu identificar e avaliar processos judiciais e apontamentos que ameacem a solvência do postulante final.

O jornal tentou fazer crer que a operação seria irregular em razão da suposta existência de uma norma interna que vedaria financiar uma pessoa jurídica contra a qual exista um pedido de falência. O normativo em questão, contudo, tem sua finalidade ligada intimamente à etapa de análise de crédito, que, repita-se, nas operações indiretas não cabe ao BNDES, mas aos repassadores da operação.

A Folha não tinha nenhum indício de que teria havido tráfico de influência, mas tentou por dias encontrar algo atípico na operação. Não encontrou nada, mas nem assim deixou de levar sua insinuação à frente.

O jornal também ignorou o contexto em que os financiamentos ao grupo ocorreram. O primeiro, em 2008, aconteceu em um período de crescimento do setor, quando o BNDES e outras instituições financeiras apoiaram dezenas de empreendimentos semelhantes.

Nas operações da São Fernando Açúcar e Álcool, todos os procedimentos foram observados, as devidas garantias exigidas, o rating e o cadastro da empresa eram bons. O projeto foi concluído.

Em 2012, o financiamento indireto à São Fernando Energia ocorreu como parte da reestruturação do grupo, o que melhorou a posição de crédito do BNDES. Quando a empresa deixou de honrar com sua recuperação judicial, o banco não hesitou em pedir sua falência.

O erro da Folha foi grave, pois lançou uma suspeição indevida sobre o BNDES, que se espalha nas redes sociais e contribuiu para associar o nome do banco a operações policiais.

Para ser aprovado, um financiamento no BNDES passa pela avaliação de pelo menos duas equipes de análise e dois órgãos colegiados, num processo que envolve mais de 50 pessoas. Ingerências impróprias são virtualmente impossíveis.

O banco tentou em vão por 25 dias obter uma retratação da Folha. A concessão foi abrir este espaço de artigos, que não tem o mesmo impacto de uma manchete de domingo.

Embora a nova Lei de Direito de Resposta seja um avanço, optamos por não nos valer de seus mecanismos judiciais para reestabelecer mais rapidamente os fatos para os leitores.

O BNDES não teme o debate e nem ser avaliado por suas opções estratégicas. Mas as informações precisam ser fidedignas para que a discussão seja justa.
(Luciano Coutinho- presidente do BNDES/ FSP/ via Conversa Afiada)

Todos contra os professores

Vejam só o que decidiram os secretários de Administração, Fazenda e Planejamento dos estados solicitando ao Ministério da Educação que evite reajuste no Piso Nacional dos Professores sob a alegação que isto estouraria os orçamentos dessas unidades federadas. Sem deixar de chorar lágrimas de crocodilos, ao reconhecer a justeza dessa política, alertam que isto traria um descontrole orçamentário e pioraria ainda mais a crise ora vivida.

Deveriam, aqueles que pertencem a partidos de oposição, agir com mais seriedade e cobrar dos correligionários parlamentares que evitem ter comportamento diferente quando se trata da União e tocam o terror criando despesas sem a previsão de receita. Dois exemplos bem recentes: a aprovação de um reajuste para o Poder Judiciário em mais de 70% sobre os vencimentos atuais, o que significaria uma despesa adicional de bilhões de reais ao orçamento da União; e a extensão do reajuste do salário mínimo aos proventos dos demais aposentados e a pensionistas, outra irresponsabilidade de uma tropa irresponsável, tendo à frente o PSDB, partido da presidente do Forum de Secretários de Administração.

 

Traques pigais contra Lula


A julgar pela picuinha da semana, a coisa andou meio escassa na fabricação da boataria contra Lula neste final de semana. Sem a mão amiga do mentor Carlos Cachoeira, o máximo que o espinhoso jardim global conseguiu foi requentar a potoca de que Lula chamava o quadrilheiro privata Paulo Roberto Costa de 'Paulinho', por sinal, como todo mundo chama o 'Pauzinho do Dantas'; e chamava o Bumlai de 'Zé'. Também nada é dito pelo esterco de vaso quebrado como seu colega de empresa chamava seu então sócio na Burger King, isto sim, uma novidade até aqui mantida sob o tapete do PIG.

Convenhamos, é muito pouco e certamente passará despercebido, significando apenas perda de tempo e espaço destinado a 'malhação do judas'. Angustiados com o direito de resposta, ficam esses bandoleiros reféns da pilhéria a repetir baboseiras desse jaez, contribuindo para amenizar o clima, quando são orientados pelos seus patrões a operar de forma inversa.

De qualquer modo, reforce-se a convicção de que a semana promete, depois que a pesquisa Datafolha revelou que 39% dos brasileiros, sem margem de erro, acham Lula o maior presidente da história deste país, o que deve ser considerado extraordinário diante do fato de termos uma imprensa venal que criminaliza a política e induz grande parte do povo brasileiro a ver os políticos como os responsáveis por todos males que nos afligem, mais extraordinário ainda, quando esse que é considerado o melhor de todos os tempos é o centro desse bombardeio infame.

Assim, vejamos quanta lama o 'Japonês Bonzinho' terá de derramar nos quartéis dessa mídia venal a fim de acelerar o bombardeio contra Lula até o ponto de faze-lo correr o risco iminente de ser impedido da disputa em 2018, por conta de uma espetacular encenação que o leve ao xadrez pelo tucano/togado Sérgio Moro, sem o que tudo terá fracassado na tentativa de impedir a volta do maior presidente da história deste país.

Lula é o maior presidente da história deste país


Lula é considerado, por 39% dos entrevistados em uma pesquisa do instituto Datafolha, o melhor presidente da história do país. No entanto, segundo a mesma pesquisa, se for candidato, em 2018, Lula perderá para Marina, para Alckmin e principalmente para Aécio, este, segundo o bestalhão de corte Ilimar Franco, imbatível.

Quá,quá, quá. Na falta do escândalo da hora o jeito é a empulhação estatística como tranquilizante contra o fantasma Lula.

Há, também, a revelação de que 47% dos eleitores não votariam em Lula. Aqui, tudo indica, entra a sutileza folharal e corrige a truculência numerológica do decadente IBOPE, que havia anunciado serem 55% os eleitores que não votariam no 'Sapo Barbudo'. Ou, então, essa rejeição vem desabando à medida que a população vai tomando conhecimento da possível volta de Lula.

Vejamos como será esta semana nas páginas dos panfletos, bem como nos noticiários televisivos, desses valhacoutos pigais, já que o "cachorro" parece estar mais vivo do que faz crer a avaliação dessa malsinada pesquisa, sendo necessária a intervenção morista, juntamente com seus orientais gente boa a fim de prosseguir na missão de desconstruir a imagem do maior presidente da história deste país.

Afinal, mesmo sendo o fona nessa corrida maluca, mais seguro para eles será que Lula nem candidato seja. Sabem eles que, caso seja, tomará posse, governará e reforçará na população a convicção de que simplesmente é o maior presidente da história deste país. Simples assim!

sábado, 28 de novembro de 2015

A rede do terror turco entrou na alça de mira da Rússia


Análise cuidadosa das longas declarações russas nos últimos três dias sobre as tensões com a Turquia sugere que Moscou descartou (pode-se dizer, totalmente) a teoria conspiracional de que Ancara teria tomado a desgraçada decisão de derrubar o jato russo na 3ª-feira passada com tácito encorajamento dos EUA.Dado o clima prevalecente nos laços russos com o ocidente, não deve ter sido surpresa para Moscou que o secretário-geral da OTAN Jen Stoltenberg tenha manifestado o apoio rotineiro à integridade territorial da Turquia, ou que o presidente Barack Obama tenha visto o incidente da 3ª-feira pelo prisma do jogo que se vai consumando na Síria. Importante, Moscou com certeza observou que ambos, a OTAN e Obama aconselharam a Turquia a ‘des-escalar’ com a Rússia e deixaram claro que se trata de assunto entre Ankara e Moscou. (Ver no meu blog, US, OTAN tell Turkey to ‘deescalate’ with Russia.)Moscou logo depois invocou o recente memorando Rússia-EUA sobre garantir a segurança das aeronaves de combate que operam na Síria “pelo qual os EUA assumiram a responsabilidade de que todos os participantes da coalizão liderada pelos EUA observarão regulações relevantes”.

Moscou concluiu, depois de consideração meticulosa das evidências circunstanciais do caso, que aTurquia cometeu ato premeditado. Há muitas explicações acessíveis para por que a Turquia agiu como agiu, mas Moscou parece ter-se concentrado em duas delas principalmente: a) a Turquia tentou precipitar uma confrontação entre a Rússia e a aliança ocidental, que desnortearia as operações militares russas na Síria; b) a Turquia tentou fazer descarrilar a operação russa em curso em áreas altamente sensíveis de fronteira pelas quais passam as principais rotas de suprimento para os grupos extremistas (como para a Frente Nusra).De fato, pela avaliação que os russos estão fazendo, as relações russo-turcas nunca mais serão as mesmas de antes. Há profundo senso de traição que teria sido cometida no nível da liderança turca. No mínimo, o Kremlin esperava que o presidente Recep Erdogan manifestasse alguma lástima ou arrependimento pelo incidente. ( Moscou ainda deu bom tempo para o Sultão pedir desculpas se quisesse, adiando a decisão final sobre as medidas de retaliação contra a Turquia.) Claramente, o fracasso do plano de jogo diplomático da Turquia para empurrar a OTAN para um confronto com a Rússia significa que a retaliação de Moscou permanecerá ‘Ankara-cêntrica’ e não será convertida em ‘questão da OTAN’. Moscou já anunciou que não tem intenção de usar força contra a Turquia. Dito de outro modo, a Turquia ficará sem álibi para invocar o artigo 5º da Carta da OTAN.Por outro lado, Moscou também deixará a Turquia sem outra opção além de aceitar uma nova realidade das operações militares russa nas regiões de fronteira norte da Síria. De fato, na 4ª-feira.

Jatos russos já estavam novamente em ação na mesmíssima área na qual na véspera acontecera o incidente, e com ainda maior força mobilizada de ataque, para missão de bombardeio massivo.O resumo disso tudo é que Moscou e Damasco (e Teerã) não permitirão que a Turquia demarque alguma ‘área segura’ ou ‘zona aérea de exclusão’ no norte da Síria. Todo o empenho das operações militares

visa a destruir as rotas de suprimento que a Turquia usa para abastecer grupos terroristas. A Rússia estima que o sucesso da guerra contra o ‘Estado Islâmico’ depende criticamente da destruição das rotas de suprimento pelas quais a Turquia abastece o grupo terrorista. Moscou deixou sugerido, inter alia que tem informações de inteligência que implicam gente poderosa da elite turca em tenebrosos negócios de contrabando de petróleo, com os terroristas do ‘Estado Islâmico’.Se tiver alguma base a versão

iraniana da ação de resgate que arrancou o piloto russo das garras de grupos terroristas – a Agência Fars de Notícias tem contatos com o Corpo de Guardas da Revolução Islâmica –, a ação significa principalmente que, se a inteligência iraniana conseguiu tão brilhantemente penetrar as defesas dos grupos terroristas, ela certamente tem ideia bastante precisa das atividades clandestinas da Turquia nas regiões de fronteira e de sua rede de terror. Para garantir, não haverá qualquer redução nas operações militares russas no norte da Síria. O incidente da 3ª-feira – e a operação de resgate – podem ter consolidado o eixo Rússia-Irã-Síria-Hezbollah no plano operacional, em grau que, semana passada, seria ainda impensável.Enquanto prosseguem as operações militares em e em torno de Aleppo, a Turquia testemunhará a destruição sistemática de seus centros de comando e controle dentro da Síria; talvez seja forçada a rapidamente retirar suas Forças Especiais que operam dentro da Síria; e talvez veja seus procuradores arrancados dali. Moscou entrementes

anunciou abertamente uma série de medidas para assegurar que a Turquia compreenda que sofreu derrota retumbante na Síria e que deve manifestar-se capaz de autocontenção. A instalação na Síria dos mísseis S-400 é claro sinal de aviso à Turquia, para que nem pense em fazer loucuras. A Rússia também fortaleceu o sistema de defesa aérea da Síria. Jatos turcos já não são admitidos em livre operação no espaço aéreo sírio. E Moscou também ordenou que todas as suas futuras missões recebam cobertura de jatos de combate.O que a Rússia prepara-se para fazer a Erdogan é precisamente

o que o ocidente já lhe deveria ter feito há muito tempo. Mas, antes, o leitmotif das políticas do ocidente em relação a Erdogan sempre foi o interesse imediato. Obama prioriza o acesso dos EUA à base aérea de Incirlink; e a União Europeia adula Erdogan (e até o suborna com bilhões de euros) para que não empurre os refugiados sírios para dentro da Europa. Que ninguém se engane: Obama sabia perfeitamente bem do apoio clandestino que a Turquia dá a grupos extremistas na Síria. Se seu vice-presidente Joe Biden já sabia há um ano, Obama com certeza também sabia. Mas preferiu olhar para outro lado e fingir que nada via.O mínimo que Obama pode fazer nesse ponto, no interesse da segurança internacional, portanto, é deixar que a Rússia termine o custoso trabalho de destruir a rede terrorista turca, trabalho que ele, Obama, até hoje não teve o poder ou a coragem moral, para assumir e completar.
(MK Bhadrakumar, Indian PunchlineTradução Vila Vudu/ Oriente Mídia)

De quem é a culpa pelos infortúnios de Delcídio, segundo a mulher dele

A culpa é de Dilma
A culpa é de Dilma
Quero me inteirar sobre o caso Delcídio e digito seu nome no Twitter.
Chego logo a uma nota fabulosa, escrita pela nova titular da coluna Radar, da Veja, a ex-Folha Vera Magalhães.
No mundo do jornalismo de nossos dias, não configura conflito de interesses Vera ser casada com um assessor de Aécio.
Bem, Vera reproduz uma frase atribuída à mulher de Delcídio, Maika.
Segundo Vera, num telefonema Maika revelou de quem é a culpa pelos infortúnios do marido.
É de Dilma, aquela fdp, diz a nota.
Quer dizer: a culpa não é de seu marido, com seu comportamento indecente. Nem é dela mesma, que viu Delcídio gastar dinheiro em proporções épicas, incompatíveis com um homem que deveria viver do salário de senador da República.
Publicamos no DCM, neste sábado, o relato de um cronista social de Campo Grande sobre a festa de debutante de uma filha de Delcídio, em 2011.
Um trecho:
A noite ficará marcada na memória social de Campo Grande e de Mato Grosso do Sul. Não apenas pela natural suntuosidade que sugeria a atmosfera, mas pela singular energia que emanava em cada pedacinho da festa. Parecia mágica. Num estonteante vestido, na parte de cima, inteiro em Cristais Givenchy, com saia em tufos de tule dourado com pastilha de paetês, confeccionado por Júnior Santaella especialmente para ela, Maria Eugênia parecia flutuar.
Estava em casa, envolvida pela família, recebendo as amigas exatamente do modo como havia imaginado. À irmã, Maria Eduarda, foi entregue a missão de construir o espetáculo da alegria. Ao longo de um mês, a mansão vinha se transformando para ser um espaço dourado de 1,6 mil metros, inteiramente coberto em teto transparente, onde frondosas árvores naturais surgiam iluminadas na lateral do espaço.
Os grandes filósofos do passado coincidiam em dizer que, diante da miséria humana, é mais sábio rir do que chorar.
Riamos, então.
Maika organizou a festa, e sabe quanto foi gasto nela. Ela sabe também qual é o salário de senador do marido.
Mas não: não ocorreu a ela que havia uma fonte misteriosa de dinheiro para bancar a vida faustosa da família.
Ela lembra, neste caso, Claudia Cruz. Claudia levou uma vida de princesa europeia sem, aparentemente, se perguntar como não faltava dinheiro sequer para aulas de tênis numa das academias mais caras do mundo, a de Nick Bolletieri, nos Estados Unidos. Ali foram revelados jogadores como Agassi e Sharapova.
Milton Friedman, o grande economista conservador, disse celebremente que não existe almoço grátis. Alguém sempre paga a conta.
Mas para as mulheres de alguns políticos brasileiros é como se a vida em pleno fausto fosse gratuita.
Maika poderia talvez ter evitado os problemas que seu marido enfrenta hoje se fosse mais rigorosa com as contas domésticas.
Mas não.
Ela não tem culpa, de acordo com a nota de Vera Magalhães.
E nem seu marido.
A culpa, claro, é de Dilma, aquela fdp.
(Paulo Nogueira/ DCM)

Justiça Federal condena Celso Russomanno por peculato

 
Celso Russomanno (PRB-SP), deputado federal e apresentador de TV, foi condenado pela Justiça Federal por ter nomeada a gerente de sua produtora de vídeo como funcionária de seu gabinete entre 1997 e 2001. A pena de dois anos e dois meses de prisão foi convertida em 790 horas de trabalho comunitário e pagamento de 25 cestas básicas.
O deputado federal e apresentador de TV Celso Russomanno (PRB-SP) foi condenado a dois anos e dois meses de prisão –convertidos em penas alternativas– por ter nomeado como funcionária de seu gabinete, entre 1997 e 2001, a gerente de sua produtora de vídeo, a Night and Day Promoções.
 
Segundo a Justiça Federal, Sandra de Jesus recebia salário como assessora pela Câmara dos Deputados, mas trabalhava de fato na empresa de Russomanno.
 
O caso é semelhante a um novo episódio noticiado pela Folha nesta semana. No atual mandato, o deputado federal nomeou como funcionários de seu gabinete cinco pessoas que atuam em sua ONG em São Paulo, o Inadec (Instituto Nacional de Defesa do Consumidor).
 
Uma diferença, porém, é que a ONG, estatutariamente, não tem fins lucrativos, mas também é uma entidade particular.
 
O deputado foi condenado por peculato (apropriação de bem público), em fevereiro de 2014, pela Justiça Federal no Distrito Federal. Russomanno recorreu e o caso seguiu para o STF (Supremo Tribunal Federal), devido ao foro privilegiado do parlamentar.
 
No mês passado, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu que o deputado seja ouvido no âmbito do recurso. A sentença foi divulgada neste sábado (28) pela revista "Veja".
 
No processo, Russomanno negou ilegalidade, e disse que a funcionária atendia consumidores em seu gabinete político em São Paulo –que funcionava no mesmo endereço de sua produtora– e cuidava da emissão de passagens aéreas.
 
Porém, várias testemunhas e documentos comprovaram que Sandra de Jesus, depois de nomeada para o gabinete do deputado, continuou a ser gerente da empresa. Ela assinava, por exemplo, as carteiras de trabalho de funcionários da produtora.
 
Além disso, segundo o juiz federal Vallisney de Souza Oliveira, ainda que Sandra atendesse a consumidores com queixas, essa atividade tinha de ser vista com ressalva.
 
"Mesmo a atividade de atendimento ao consumidor, conquanto tenha alto grau social e de benefício à população, não pode ser reputada atividade parlamentar típica e exclusiva. Trata-se de um misto de atividade parlamentar, jornalística e empresarial", afirma a sentença.
 
"[Russomanno] Ao mesmo tempo aufere vantagem de alguma maneira com o programa, porque colhe das pessoas atendidas gratuitamente o material humano e a matéria para a audiência na TV."
 
O magistrado conclui: "[...] Valendo-se da qualidade de deputado federal, o réu concorreu para que fosse desviado dinheiro público em proveito de Sandra de Jesus e indiretamente dele próprio, já que a União passou a remunerar pessoa cujo encargo seria da empresa."
 
Após a acusação, destaca a sentença, o deputado devolveu cerca de R$ 700 mil de verba de gabinete de seus mandatos entre 2001 e 2009, o que, para o juiz, minimizou a acusação contra ele. A pena de prisão foi convertida em 790 horas de trabalho comunitário e pagamento de 25 cestas básicas.
(FSP/ GGN)

Enfim, um tucano preso. Motivo? Se filiou ao PT!


Mal a imprensa anunciara, na quarta (25), a prisão do senador Delcídio Amaral (PT-MS), líder do governo no Senado, na 20ª fase da Operação Lava Jato, a piada pronta já se espalhava pelas redes sociais:

- Hoje é um dia histórico para o país... finalmente um tucano foi preso!

- Verdade? Não acredito... o que ele fez?

- Um monte de coisas que não devia... mas, principalmente, se filiou ao PT!

A piada serviu para o regozijo para boa parte da militância petista, que jamais enxergou em Delcídio “um dos seus”. Mas não reflete toda a verdade. Como também não o fazem as manchetes dos jornalões que estamparam a prisão do “senador petista”.

Delcídio não é exatamente petista. Nem tão pouco tucano. É uma espécie de ser híbrido – meio petista, meio tucano – cuja prisão escancara que a corrupção na Petrobras não começou com a chegada do PT e nem respeita siglas partidárias, embora a justiça pareça não querer enxergar isso.

Natural de Corumbá, no Mato Grosso do Sul, Delcídio é aquele tipo de político que tem bom trânsito entre partidos diversos. No início da carreira, atuou na Eletrosul, na Secretaria Executiva do Ministério de Minas e Energia e foi presidente do Conselho de Administração da Companhia Vale do Rio Doce, que viria a ser privatizada mais tarde pelo governo de Fernando Henrique Cardoso.

Em 1994, foi nomeado ministro de Minas e Energia pelo então presidente Itamar Franco, que tinha Fernando Henrique Cardoso à frente da Fazenda. Durante o governo do tucano de FHC, se filiou ao PSDB e acabou assumindo a diretoria de Gás e Energia da Petrobrás. Foi lá que ele conheceu Nestor Cerveró, que atuava como seu sub-diretor, e hoje o acusa de pressioná-lo a se calar na delação premiada.

Também foi nesta época que ele começou a se relacionar com Fernando Soares, o Fernando Baiano, apontado como um dos principais operadores do esquema da Petrobrás, que, em delação premiada, afirmou que foi Delcídio quem indicou Cerveró para a diretoria da estatal, já em tempos de governo petista.

Em 2001, quando o segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso caminhava para o fim, aceitou o cargo de secretário de Estado de Infraestrutura e Habitação no governo do Zeca do PT. Em 2002, candidato ao Senado, já pelo PT, e foi eleito com cerca de 500 mil votos.

Amigos de ontem

No parlamento, Delcídio manteve os amigos que trazia do passado tucano. Sempre foi muito próximo do banqueiro André Esteves, do BTG Pactual e apontado pela Forbes como a 13ª maior fortuna do país. Esteves, que também foi preso nesta quarta, é aquele amigo do peito do senador Aécio Neves (PSDB-MG). Amigo ao ponto de pagar as despesas da lua de mel do tucano, em 2013.

Esteves também é sócio de Pérsio Arida, eleito presidente interino do BTG nesta quinta (26). Arida é um dos economistas gurus de Fernando Henrique Cardoso, sócio do banqueiro Daniel Dantas, do Banco Oportunity, e ex-marido de Elena Laudau, a ex-diretora do BNDES que ajudou FHC a promover as privatizações que até hoje escandalizam o país.

Inclusive, foi com financiamento do BNDES que, em 1997, o Banco Oportunity comprou a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), apontada como uma das principais financiadoras do “mensalão tucano” – aquele mensalão anterior ao petista, mas que nunca vai à julgamento. Em 2005, na presidência da CPI dos Correios, o senador pelo PT Delcídio Amaral ajudou o PSDB a silenciar as denúncias sobre o caso.

Amigos de hoje

Mas se Delcídio tem boas relações com os tucanos, também as têm com muitos petistas. Não por acaso é o líder do governo no Senado, o que, pelo menos teoricamente, o qualifica como parlamentar em fina sintonia com linha política adotada pela presidenta Dilma Rousseff no momento, além de dotado de grande capacidade de articulação em outros ninhos.

E ele é, de fato, figura influente no parlamento. Preside a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), uma das mais importantes do parlamento. E é membro efetivo das Comissões de Serviços de Infraestrutura, Agricultura e Reforma Agrária, Ciência e Tecnologia, Ambiente e Defesa do Consumidor e da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional.

O presidente do PT, Rui Falcão, disse que o partido não irá tratar Delcídio com a mesma solidariedade que prestou ao ex-tesoureiro João Vaccari, outro petista preso pela Lava Jato. Segundo ele, são casos diferentes, porque Delcídio agiu por conta própria, em atividades não partidárias.

Por que não Cunha?

Delcídio é o primeiro senador da república a ser preso no exercício da função desde a redemocratização do país, em 1985. Conforme o Ministério Público, ele ofereceu R$ 50 mil e uma rota de fuga para que o comparsa Cerveró não apontasse sua participação no esquema da Petrobrás na delação premiada que acertou com a justiça.

Uma gravação feita pelo filho de Cerveró, Bernardo, durante uma reunião realizada em um hotel em Brasília para discutir a fuga, há cerca de 15 dias, atesta a participação inequívoca de Delcídio no planejamento da fuga, que o Ministério Público classificou como crime de obstrução à Justiça.

Dúvida de fato, nas instâncias dos poderes em Brasília, é só mesmo acerca da legitimidade ou não da sua prisão, já que a lei diz que um senador em cumprimento de mandato só pode ser preso em flagrante. Mas o próprio Senado reconheceu, já na noite desta quarta, por 59 votos a 13, a validade da polêmica decisão tomada antes pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Nos corredores do Congresso, não falta quem associe o precedente aberto ao caso do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), investigado pela mesma Lava Jato. Não se tem notícia de que Cunha oferecera rota de fuga a nenhum dos condenados pela operação, mas é praticamente consenso que ele tem empreendido uma manobra após a outra para evitar que ele próprio seja investigado.

Para muito além da base do PT

Eduardo Cunha não é o único preocupado com os desdobramentos da prisão de Delcídio. A tal gravação que comprova que o senador tentara obstruir o trabalho da Justiça expõe vários outros ditos “homens importantes” da república. E para muito além das esferas do PT. Entre eles, o espanhol Gregório Marin Preciado, um velho parceiro do senador José Serra (PSDB-SP), casado com uma prima do tucano e ex-sócio dele em negócios imobiliários.

Na gravação, Delcídio atesta que Preciato é o espanhol que participou das negociações do pagamento de propina de R$ 15 milhões pela compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, pela Petrobrás. Um Espanhol que, ainda segundo ele, a justiça brasileira não teria conseguido identificar.

Aliás, conforme Delcídio, Preciato é muito mais do que um operador do esquema, mas sim a verdadeira cabeça. “O Fernando [Baiano] está na frente das coisas e atrás quem organiza é o Gregório Marin [Preciato]”, afirma. Na gravação, Delcídio também registra a preocupação de Serra de que as denúncias cheguem até o amigo-parente.

“O Serra me convidou para almoçar outro dia, ele rodeando no almoço, rodeando, rodeando, porque ele é cunhado do Serra”, disse Delcídio, acusando o tucano de tentar extrair dele informações sobre as investigações.

Preciado é próximo a Serra desde que foi membro do Conselho de Administração do Banespa, de 1983 a 1987, enquanto o tucano era o secretário de Planejamento de São Paulo. Na campanha de 1994, quando Serra concorreu ao Senado, Preciado chegou a fazer doações eleitorais para ele.

Ele caiu em desgraça quando o governo tucano chegou ao fim. Como aponta o livro Privataria Tucana, de Amauri Ribeiro Junior, foi um dos alvos da CPI do Banespa, por conta de supostas operações irregulares no banco. Também foi acusado de se beneficiar da amizade com o ex-tesoureiro do PSDB e então diretor do Banco do Brasil, Ricardo Sérgio de Oliveira, que lhe conseguira um abatimento de R$ 73 milhões em uma dívida.
(Najla Passos/ Carta Maior)

Sindicalistas pedem PT mais perto das bases

Sindicalistas pedem PT mais perto das bases
Brasília- DF 22-11-2015 Último dia do congresso do JPT. (Foto: Lula Marques/Agência PT)

Promover filiações de sindicalistas e sindicalizados ao PT, reativar ou fortalecer os setoriais sindicais dentro do partido e participar das atividades partidárias com frequência. Cobrar e abrir mais espaço para lideranças trabalhistas dentro da legenda e não submetê-la à lógica predominante dos mandatos parlamentares e executivos.

Essas são algumas das propostas para revitalizar o PT e defender sua história e conquistas, debatidas na manhã de sexta-feira (27), no Encontro Nacional dos Sindicalistas do PT, realizado no auditório do Sindicato dos Químicos de São Paulo. O encontro foi uma iniciativa da Secretaria Sindical Nacional do PT.

O presidente da CSI João Felício, cuja fala abriu o encontro, sintetizou assim o espírito da atividade: “Nós não estamos aqui para disputar cargos no PT (…) nem cogitamos deixá-lo. Quem está saindo do PT num momento como esse, para nós, nunca foi petista”, disse, destacando aqueles que se filiaram ao partido na esteira da eleição de Lula presidente.

O presidente da CUT São Paulo, Douglas Izzo, elogiou recentes manifestações das quais a CUT participou, citando-as como ferramentas para romper a crise que se abate sobre o PT e estreitar as relações com o movimento sindical. Ele lembrou especialmente da Marcha das Mulheres Negras, “que enfrentou os reacionários em Brasília”.

Professor da rede estadual de ensino paulista, Douglas também destacou o movimento de estudantes que ocupa mais de uma centena de escolas atualmente, contra projeto de reorganização do ensino do governo do PSDB, que na prática pretende fechar 93 escolas.

O deputado federal Vicente Cândido (SP) apresentou durante o encontro a síntese de um projeto de reforma tributária que a bancada do PT promete encaminhar ao Congresso ainda este ano.

Na proposta, bandeiras historicamente defendidas pela CUT, como o imposto sobre grandes fortunas e uma tabela de imposto de renda progressiva, pela qual quem ganha menos paga menos – ou paga nada, quando o salário estiver abaixo do salário mínimo necessário defendido pelo Dieese – e quem ganha mais, paga mais.

Rui Falcão, presidente nacional do PT, participou da abertura do encontro. Reiterou que os ataques do Judiciário e da mídia tem como verdadeiro objetivo acabar com o PT, travestidos de campanha por moralidade e correção. Ele também mencionou a aprovação do projeto que garante direito de resposta na mídia como um novo instrumento que pode ajudar o partido neste combate.

No encontro, os sindicalistas cutistas também reapresentaram carta aberta ao PT, entregue oficilamente durante o 5º Congresso do partido, em junho deste ano. Na manhã desta sexta, também participaram dos debates na sede dos Químicos dirigentes sindicais de outras centrais.
(Agência PT de Notícias)

O "japonês bonzinho" e a merda no ventilador


O agente da Polícia Federal Newton Hidenori Ishii é um dos rostos mais conhecidos da Operação Lava-Jato. Todo preso que chega na carceragem de Curitiba, ou é transferido, aparece ao lado do policial na maioria das fotos. Foi assim com José Carlos Bumlai, Marcelo Odebrecht, João Vaccari Neto, Pedro Corrêa, Ricardo Pessoa... Todos com Ishii, que quase sempre está de óculos escuros e colete.

Com a prisão do senador Delcídio do Amaral (PT-MS), a atenção dos leitores se voltou novamente para Ishii por conta do diálogo gravado entre o parlamentar; Edson Ribeiro, advogado de Nestor Cerveró; Bernardo Cerveró e Diogo Ferreira, chefe de gabinete do parlamentar.

Nas gravações, em um dos trechos acerca do vazamento dos termos da delação premiada do ex-diretor da estatal, Bernardo Cerveró citou uma escuta instalada na cela, e o senador questionou: "Alguém pegou isso aí e deve ter reproduzido. Agora quem fez isso é que a gente não sabe." Ribeiro então afirmou que Ishii - que ainda é rotulado como "japonês bonzinho" por Ferreira - é o responsável pela divulgação, além de o acusar de vender informações. "É o japonês. Se for alguém, é o japonês", disse o advogado. "É. Aquele cara é o cara da carceragem, ele que controla a carceragem."

A Polícia Federal abriu um inquérito para apurar o vazamento da delação de Nestor Cerveró: a corporação ouviria o ex-diretor na tarde de ontem, entretanto, o depoimento foi adiado. Ishii também deve depor, mas ainda não há data marcada. Contrabando Servidor da PF desde 1976, Newton Ishii foi preso em flagrante pela própria corporação, em 2003, mas acabou reintegrado aos quadros após decisão judicial. A Operação Sucuri, da Polícia Federal, começou no fim de 2002 e revelou que 23 agentes, sete técnicos da Receita Federal, três policiais rodoviários federais e mais 13 contrabandistas e intermediadores estavam envolvidos com contrabando e descaminho em Foz do Iguaçu, que fica na tríplice fronteira: Brasil, Paraguai e Argentina. Após a prisão, Ishii se aposentou, em outubro de 2003. A aposentadoria foi cassada, em 2009, e meses depois cedida novamente ao policial. Em abril de 2014, por fim, o benefício acabou revogado e ele retornou à atividade.

De acordo com o Ministério Público Federal, os Servidores Públicos deixavam veículos contendo mercadorias contrabandeadas do Paraguai, conduzidos por outros integrantes do grupo, entrarem no Brasil sem a devida fiscalização. As penas variaram entre oito anos, um mês e 20 dias de prisão; 160 dias-multa a quatro anos e oito meses de reclusão e 100 dias-multa. O Superior Tribunal de Justiça, em 2012, confirmou a reintegração de Newton Ishii, anulando o processo administrativo disciplinar de 2009 que determinava a demissão de alguns dos policiais envolvidos. A Polícia Federal informou que o agente, após ser inocentado e reintegrado, trabalha normalmente e não passa por preconceito ou nenhuma distinção no ambiente de trabalho devido ao caso. Correio Brasiliense

Confira trechos da gravação em que Ishii é citado

BERNARDO: Os caras não tinham uma escuta em cima da...da cela?
DELCÍDIO: Alguém pegou isso aí e deve ter reproduzido. Agora quem fez isso é que a gente não sabe.
EDSON: É o japonês. Se for alguém, é o japonês.
DIOGO: É o japonês bonzinho.
DELCÍDIO: O japonês bonzinho?
EDSON: É. Ele vende as informações para as revistas.
BERNARDO: É, é.
DELCÍDIO: É. Aquele cara é o cara da carceragem, ele que controla a carceragem.
BERNARDO: Sim, sim.
(...)


EDSON: Só quem pode tá passando isso, Sérgio Riera
BERNARDO: Mas eu já cortei...
EDSON: Newton e Youssef.
DELCÍDIO: Quem que é Newton?
BERNARDO: É o japonês.
EDSON: E o Youssef, só os dois. (vozes sobrepostas) O Sérgio, porque o Sérgio traiu...
BERNARDO: Sim. Ele fez o jogo do MP, assinou. Tá...tá
(Os Amigos do Presidente Lula)

"Muito barulho por nada"

:
(Foto/ 247)
Definitivamente, o jornalixo ficcional da Veja pirou. Chamar Delcídio Amaral de "testemunha" ultrapassa todo e qualquer limite da razoabilidade analítica dos fatos que envolvem o quase ex-senador com o imbroglio da Lava Jato.

Infelizmente, para essa mídia partidarizada, os fatos conspiram contra Delcídio, que tem mais pinta de réu do que testemunha. O problema é que a imprensa tupiniquim avançou tanto no seu facciosismo e tendenciosidade que hoje perderam o rumo e sempre partem de um objeto falso, algo que só pode resultar em alguma coisa falsamente passada pra população.

Até aqui, com efeito, o histórico do sul matogrossense é quase pessoal e intransferível. Sua relação com Nestor Cerveró, e até Paulo Roberto Costa, não pode ser compartilhado. Foi iniciativa própria a partir de uma amizade familiar construída ao longo de duas décadas, inclusive iniciada no século passado, quando nem petista Amaral era.

As generalidades as quais se agarram esses analistas de araque devem até causar um grande estrago político na imagem petista(mais um), fruto da despolitização na vida orgânica do partido depois que chegou à presidência da república. No entanto, é pouco provável que produzam um fato novo que venha a envolver Dilma ou Lula naquilo que é sonho e obsessão de dez entre dez analistas doPIG.Co mo diz o site 247, " todo o frenesi sobre essa eventual delação não passa de muito barulho por nada".


sexta-feira, 27 de novembro de 2015

As finanças do Estado Islâmico

Será que o financiamento do EI através das exportações de petróleo é mais mito do que realidade? Como os mitos se constroem para ocultar verdades incômodas, talvez não convenha a Washington que se saiba toda a verdade sobre as finanças do Estado Islâmico.

Na imprensa internacional abundam as referências ao poderio económico do Estado Islâmico (EI). Diz-se que as suas finanças estão muito bem alimentadas porque desde há um par de anos controla instalações petrolíferas no norte da Síria (campos de Al-Furat e Deir Al-Sur). Além disso, desde há um ano o seu domínio do norte de Iraque inclui jazigos, poços e até refinarias, em especial na zona de Mossul, Erbil e Kirkut. Por essa razão afirma-se que o Estado Islâmico (EI) é o grupo terrorista mais rico e bem financiado do mundo. E como já sabemos, quando uma ideia se repete incessantemente nos meios de comunicação tende a converter-se em verdade absoluta.

A primeira pergunta que surge é sobre a eficácia dos bombardeamentos aéreos levados a cabo pela coligação, que tem os Estados Unidos e a França à frente. Já passaram mais de 12 meses desde que os Estados Unidos começaram os seus ataques aéreos. Por que não destruíram a infraestrutura de extração, refinação e transporte de crude e derivados nas zonas que o Estado Islâmico controla? Essas instalações não são pequenos objetivos de difícil localização e as suas coordenadas precisas são bem conhecidas. Convertê-las em alvos de um bombardeamento só requer introduzir essas coordenadas no computador de um bombardeiro ou de um míssil de cruzeiro.

Será que os efetivos do EI têm grande capacidade para consertar as instalações petrolíferas após um bombardeamento? O equipamento de bombagem de um poço pode ser consertado mais ou menos rapidamente, desde que se tenham à mão as peças de reposição necessárias. Mas quando os bombardeamentos se repetem diariamente, reconstituir a capacidade de produção já não é tão fácil. Os oleodutos são de difícil reparação e no caso de uma refinaria haveria que a reconstruir a partir do zero. Finalmente, transportar crude em camiões proporciona outro alvo fácil de destruir. Os que podem escapar representariam uma quantidade ínfima de petróleo.

Há que dizer que têm havido alguns bombardeamentos contra instalações petrolíferas. Mas são esporádicos e parecem ser episódios isolados. A infraestrutura petrolífera não parece ser o centro de atenção da campanha de bombardeamentos aéreos.

Recentemente os serviços de informação alemães deram a conhecer um relatório cuja principal conclusão é que os rendimentos petrolíferos do EI têm sido fortemente sobrestimados (sueddeutsche.de). Calcula-se que os campos petrolíferos do norte da Síria e do Iraque que estão sob controle do Estado Islâmico teriam a capacidade de 172 mil barris diários, mas a sua produção caiu para menos de 28 mil. As receitas teriam colapsado, de cerca de 3 mil milhões de dólares para apenas 100 milhões anuais. E se é verdade que os bombardeamentos finalmente se concentraram nestas instalações, os rendimentos petrolíferos do EI seriam então muito menores.

Por tudo o que se disse antes, é provável que o financiamento do EI através das exportações de petróleo seja mais um mito do que uma realidade. O dinheiro que constitui a coluna vertebral das operações do EI poderá provir de outras fontes. E como os mitos se constroem para ocultar verdades incómodas, talvez não convenha a Washington que se saiba toda a verdade sobre as finanças do Estado Islâmico.

Um indício disto está nas declarações do almirante aposentado James G. Stavridis (nada menos que comandante supremo da NATO entre 2009-2013) sobre a existência de investidores de países árabes que canalizaram fundos para financiar as operações que tornaram possível o surgimento do Estado Islâmico. Estes indivíduos multimilionários têm uma clara simpatia religiosa e afinidade ideológica com os grupos militantes do Estado Islâmico e, além disso, podem permitir-se ao luxo de lhes dar um generoso apoio financeiro.

Segundo Stavridis a maior parte desta fonte de recursos localiza-se no Qatar. Mas vários relatórios indicam que personagens de outros emiratos e da Arábia Saudita também canalizaram recursos através de diferentes mecanismos para o Estado Islâmico. O subsecretário do Departamento do Tesouro norte-americano para os assuntos de terrorismo e espionagem financeira, David Cohen, assinalou numa conferência que o mesmo fenómeno se encontra no Kuwait e voltou a apontar o melhor aliado de Washington na região, a Arábia Saudita.

Nada disto é surpreendente. As origens do Estado Islâmico e a sua ideologia de intolerância estão no emprego da jihad e do wahhabismo como instrumentos de política externa dos Estados Unidos, a partir de 1979. Quando Saddam Hussein invadiu o Kuwait, os Estados Unidos aproveitaram o momento para estabelecer um complexo de bases militares na Arábia Saudita. Em contraste com as promessas anteriores, Washington manteve as suas instalações após a primeira guerra do Golfo. O impacto sobre a radicalização do movimento fundamentalista islâmico de inspiração wahhabita foi imediato. A fonte de financiamento para os grupos mais radicais da Síria e agora para o Estado Islâmico não foi interrompida.
(Alejandro Nadal- La Jornada/ esquerda.net/ GGN)