Jorge Paz Amorim

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Belém, Pará, Brazil
Sou Jorge Amorim, Combatente contra a viralatice direitista que assola o país há quinhentos anos.

quarta-feira, 27 de maio de 2015

O significado da derrota de Cunha


Não dá pra superestimar o poder de influência de Eduardo Cunha, mas também não dá pra achar que os resultados nas votações a respeito do 'Distritão' e da manutenção do financiamento empresarial de campanhas são derrotas pessoais e intransferíveis dele. Em condições normais de temperatura e pressão, Cunha jamais jogaria fora votos fazendo o que fez com o relator da tal comissão especial que formou.

Além disso, sabia dos interesses difusos entre as várias bancadas que até aqui o acompanharam, o que dificultaria bastante a união em torno de propostas tão polêmicas.

Certo é que o atual presidente da Câmara fermentou a influência que hoje tem beneficiando-se das regras vigentes. Assim, usando do seu poder de lobbista, ajudou a eleger frações significativas de bancadas corporativas que hoje formam sua base de sustentação.

Nesse sentido, colocar o bode na sala pode ter feito parte da tática pra deixar tudo como está. 'Distritão' e financiamento empresarial, em um momento tão adverso, foram os bodes retirados do ambiente sem que haja sinalização de que Cunha tenha feito algo mais do seu feitio pra evitar. Continua, então, prevalecendo o modelo vigente em que o voto na legenda abastece o cálculo do coeficiente eleitoral que indicará quem será eleito.

O problema passa a ser o financiamento, já que a derrota de ontem pode significar o sepultamento do poder de influência das empresas. Como diz a competente, experiente e honesta analista política Tereza Cruvinel, em relação ao financiamento de campanhas ainda serão votadas nesta quarta-feira propostas de financiamento público exclusivo ou misto. Mas está claro que não há clima nem voto para aprovar nenhuma delas. Foi-se a reforma.

Resta, então, o vácuo que ficará a partir dessa votação. E resta, também, a decisão do STF em considerar inconstitucional o financiamento das empresas, só não homologada em razão da manobra solerte do ministro Gilmar Mendes, que esperava pela constitucionalização da medida para declarar inútil a votação da nossa Corte Maior.

Caso tenhamos essa desfecho, nem tudo estará perdido e o ganho com o fim da enorme influência do poder econômico na vontade do eleitorado brasileiro, podendo ocorrer, já em de 2016, a primeira eleição pós ditadura militar/empresarial parcialmente livre daquilo que Golbery do Couto e Silva impôs visando garantir a hegemonia das elites no comando político do país. Promete!

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