Jorge Paz Amorim

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Sou Jorge Amorim, Combatente contra a viralatice direitista que assola o país há quinhentos anos.

domingo, 29 de março de 2015

O PMDB, a rebeldia, a governabilidade e o futuro

A semana terminou com o governo Dilma finalmente podendo dizer isso: governo Dilma. Livre da paranoia de nomear ministros sob o risco de descontentar Eduardo Cunha e Renan Calheiros. A propósito, hoje Cunha já vem dizendo isso por linhas tortas ao lembrar a seus entrevistadores que a caneta está nas mãos eleitas pelo povo pra segurá-la(a caneta).

Assim, a nomeação de Edinho Silva pra Comunicação e Renato Janine Ribeiro pro MEC parecem exorcizadas do fantasma do agrado, seja aos mercados seja a facções políticas. Que assim seja daqui por diante

Da mesma forma, parece que os confrontos da semana passada, quando Renan e Cunha pintaram e bordaram ameaçando até reduzir o número de ministérios, em interferência descabida na relação com o Poder Executivo, mais estapafúrdia porque atitude tomada por um suposto aliado, o governo parece ter ido atrás de um outro PMDB na tentativa de reconstituir aquilo que os presidentes da Câmara e Senado resolveram dinamitar.

Graças a temida(pelos escribas da mídia conservadora e partidarizada) articulação de Lula, Michel Temer entrou na coordenação política e já mostrando serviço, ao trazer para o lado do governo Eliseu Padilha e Henrique Eduardo Alves pra fazer o contraponto à dissidência. Do ponto de vista da manutenção da governabilidade, esse nem é um movimento tão complicado na medida em que coloca no tablado das articulações políticas quem até então exercia papel de mero figurante.

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(Foto/247)

O diabo vai ser quando chegar o impasse, através da disputa entre PT X PMDB sobre financiamento de campanha. Se esse ponto unirá o fracionado PMDB, ou se essa ala governista manter-se-á fiel ao seu compromisso com Dilma enfraquecendo a articulação de Rena e Cunha, claramente os maiores defensores da conservação da influência do poder econômico na vontade do eleitor.

A favor do governo, um outro fantasma assombra os arraiais pemedebistas. A grande possibilidade de seu triunfo com a manutenção do financiamento privado fortalecer o PSDB, hoje o único partido que possui quadros capazes de enfrentar uma disputa política contra um favorito Lula, mesmo diante de um governo sangrando, sangramento que pode até estancar. Hoje, o pemedebista Eduardo Paes, nome mais falado pra assumir a tão cogitada candidatura própria, não teria qualquer chance de derrotar, por exemplo, o tucano Geraldo Alckmin, correndo até risco de passar um vexame, caso a mídia tucana resolva fabricar algum escândalo envolvendo o nome de Paes na prefeitura do Rio de Janeiro.

Na prática, o PMDB voltaria a 1998, quando era coadjuvante do PSDB, aquela altura com o incômodo de ter um status de terceira categoria, já que o PFL era o aliado preferencial. Daí a posição de Temer, Padilha e Henrique poder ser fortalecida internamente diante da rebeldia mais personalista do que política, ensaiada pelos atuais titulares do Poder Legislativo.

Aguardemos, pois, os desdobramentos após as nuvens tomarem esse formato. E lembremos da força discreta de Gilberto Kassab, aparentemente alheio à disputa, no entanto, detentor de um poder ainda incomensurável na perspectiva de enfraquecimento da posição de confronto assumida por Eduardo Cunha e Renan Calheiros. Uma coisa é certa: os acontecimentos do último final de semana demonstram que o PMDB continua o mesmo. Ao contrário do que tentaram Cunha, Renan e a mídia conservadora e partidarizada.  

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