Jorge Paz Amorim

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Belém, Pará, Brazil
Sou Jorge Amorim, Combatente contra a viralatice direitista que assola o país há quinhentos anos.

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Os semelhantes se atraem


Incrível como a postura de Aécio consegue ser mais retrógrada do que foi a de Collor. Este tentava passar por moderno, uma espécie de yuppie da ilha de Manhatan, que renegava o próprio passado(com a ajuda da mídia que ocultava as perigosas ligações) e xingava todo mundo a fim de demonstrar seu caráter de novidade na política.

Aécio, não. Adota claramente a postura que tinham os ministros dos governos militares, cuja forma prolixa de se manifestar significava a apologia do ocultamento. O parco arsenal retórico de Aécio é legatário do célebre mantra da época 'Não raciocino sobre hipóteses', um modo de não responder as perguntas incômodas que surgiam, transformando os fatos em "hipóteses", aí o termo usado como sinônimo de especulação. Caso o interlocutor insistisse, era brindado com reação truculenta do tipo que o presidenciável tucano costuma dirigir aos que lhe incomodam, vide o caso da resposta ao repórter que ousou questionar a nomeação da sobrinha do contraventor Carlinhos Cachoeira, replicado com um "talvez ela seja mais competente que você", pois não faria esse tipo de pergunta,hum...claro!

Outro cacoete herdado por Collor, ops, Aécio, dos asseclas dos milicos é o excessivo recurso à metonímia. No debate de ontem, no SBT, a presidenta ainda tentou ensinar-lhe que esse macete velhaco já não engana mais ninguém, foi quando ela questionou a competência do candidato a partir dos pífios resultados administrativos que Aécio obteve quando governador de Minas e ele replicou, 'Minas não merece isso'. E ela treplicou, 'o candidato não é Minas Gerais, é apenas um mineiro, mas não pode considerar ofensivo a todo o povo daquele estado a crítica que ora lhe dirijo'. Foi, então, que Aécio chamou a presidenta de mentirosa, embora tenha admitido ter sido pego em uma blitz do Detran na zona sul do Rio de Janeiro, com a carteira de habilitação vencida, e ter se recusado a fazer o teste do bafômetro.

Tal e qual faziam os milicos e seus asseclas quando incomodados com questionamentos de certas iniciativas que tomavam, então, investiam-se de uma representatividade que lhes faltava legal e moralmente sapecando, 'O Brasil não comporta mais esse tipo de comportamento'. Pronto. Estava desqualificado o interlocutor. Não por coincidência, Aécio é acusado de censurar parte da imprensa mineira que teve coragem de denunciar-lhe os desmandos, bem como, no início da atual campanha, tentou calar os blogs que não rezam por sua cartilha, através de uma ação judicial.

Diante dessa postura assumidamente truculenta, não estranha seu regozijo, manifestado em telefonema a Marina Silva flagrado por duas repórteres da Folha de São Paulo, com o mal súbito que acometeu a presidenta Dilma logo após o debate; muito menos a repetição da postura desrespeitosa contra Dilma, assim como havia tentado fazer com Luciana Genro.

Enfim, quanto mais avança a presente campanha e mais vai se revelando o perfil de Aécio Neves, mais ficamos sabendo do porquê ele estar mais pra Dado Dolabella do que para o conciliador Tancredo Neves. Este sempre se mostrou tolerante mesmo quando foi acusado de participar de um governo acusado de "mar de lama", expressão agora exumada por Aécio com a mesma irresponsabilidade que carregava em 1954 e que levou um presidente constitucionalmente eleito ao suicídio.

Quanto ao tal Dado, embora apresente-se como ator, adquiriu notoriedade porque frequentou os noticiários muito mais por envolvimento em escândalos noturnos, recorrentemente recheados pro espancamentos de mulheres, do que por algum papel de ator digno de registro. Bem que a sabedoria popular diz, 'Os semelhantes se atraem'.

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