Jorge Paz Amorim

Minha foto
Belém, Pará, Brazil
Sou Jorge Amorim, Combatente contra a viralatice direitista que assola o país há quinhentos anos.

domingo, 14 de setembro de 2014

Estadão engole a verdade e se rende à versão de Gilmar Mendes. Assim funciona o jornalixo tupiniquim

Na sexta-feira, 11 de setembro, o Estadão publicou matéria sobre ato do ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda beneficiando enteada do Ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal). O título da matéria era “Enteada do Ministro Gilmar Mendes escapa da demissão Geral”.



A reportagem referia-se a um ato de Arruda excluindo a terapeuta Larisse Feitosa de um decreto de demissão em massa, em janeiro de 2007. Foram 16 mil excluídos. Dezenove dias depois, Arruda soltou outro decreto readmitindo nove pessoas. Larisse é filha de Guiomar Feitosa, atual esposa de Gilmar.

A informação era relevante para explicar a atitude atual de Gilmar, que se insurgiu com uma ferocidade inaudita contra a cassação de Arruda pela Lei da Ficha Limpa. Inclusive acusando de “tribunal nazista” todos seus colegas que – por unanimidade, contra seu voto solitário – decidiram pela cassação.

A reportagem saiu por engano, não por ser incorreta, mas por ter escapado da blindagem normalmente garantida a Gilmar.

Quem clicar no título da reportagem – na primeira página da editoria de Política – será direcionado para uma outra matéria, desmentindo a anterior (http://tinyurl.com/o6xcmxq). Em geral, o jornal tem dificuldades até para publicar direito de resposta.



A nova matéria acolhe, sem discutir, os argumentos da assessoria de Gilmar de que à época do decreto, “a mãe da servidora, a advogada Guiomar Feitosa, sequer namorava Gilmar Mendes”. Segundo a nota, o namoro teve início em janeiro de 2008 e casaram-se em outubro do mesmo ano.

Na reportagem, Gilmar apela para o álibi habitual de que “com dinheiro público financiam-se esses bandidos para fazer esse tipo de ataque baixo, vil”. Segundo o jornal, Mendes não especificou quem seriam os “bandidos”.

Bastaria uma pequena consulta ao Google para levantar um artigo célebre de Eliane Cantanhêde, no estilo “o amor é lindo”, publicado na revista Serafina da Folha (http://tinyurl.com/mthpb3f).

Segundo a reportagem, de 8 de junho de 2008, “Gil” e “Guio” “só se casaram no ano passado”, ou seja, em 2007, mas tiveram um longo “namoro espiritual”, segundo o texto romântico. “Gil” e “Guio” assumiram o namoro pela primeira vez em 2001, mas durou pouco. Reataram quatro anos depois, isto é, em 2005, depois de uma inimaginável cena de amor, na qual Gilmar, enquanto comia costelinhas, couves e farofas, cochichou em tom romântico para Guiomar: “quero mostrar uma coisa que comprei pensando em você.” Não era farofa, nem costelinha, mas um chalé no lago.

Já, naquele ano de 2008, Guiomar era comentada como uma das mulheres mais poderosas de Brasilia. Mas, segundo a cronista, ela tinha horror dessa classificação: "Não vai escrever aí que eu sou poderosa, porque não é nada disso." Então o que a senhora é? "Uma funcionária pública padrão e uma mulher apaixonada."

O Estadão aceitou o argumento de Gilmar, de que Gil e Guio não eram formalmente casados, quando Arruda beneficiou Larisse. Como se fosse necessário o vínculo formal para que Gilmar intercedesse pela namorada.

Não é a primeira blindagem a Gilmar. No ano passado, o IDP (Instituto Brasiliense de Direito Público) assinou contrato milionário com o Tribunal de Justiça da Bahia, justamente quando o tribunal entrou na mira do CNJ (Conselho Nacional de Justiça).

Este ano, o IDP fechou parceria com a FAAP (Fundação Armando Álvares Penteado), parte de inúmeras ações milionárias no STF.

Um dos principais fatores de perda de credibilidade dos jornais tem sido sua moralidade seletiva.

(Jornal GGN)

Nenhum comentário: