Jorge Paz Amorim

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Sou Jorge Amorim, Combatente contra a viralatice direitista que assola o país há quinhentos anos.

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

A volta da negação da política ao centro do debate político

Depois do 'palancório'(palanque montado no velório de Eduardo Campos), com direito a sorrisos, acenos para a multidão, fotos ao lado dos fãs e muita palavra de ordem, Marina não esperou nem uma semana pra enxotar da coordenação de sua campanha o secretário-geral do partido que dá hospedagem à sua ambição. Em seu lugar, colocou um ex-tucano. Daqueles que pularam do barco mas navegam ao lado da nau privata apenas pra livrar-se das cotoveladas muito comuns em aglomerados dessa natureza.

Nesse teatro armado para dar vez ao espetáculo marinista, soou estranho que a candidata decorrente da fatalidade tenha escolhido como tema introdutório a distribuição de energia elétrica para atingir a adversária/inimiga, afinal, é de pleno conhecimento da opinião pública as razões que levaram Marina a abandonar o PT, a opção feita pelo governo Lula por investimentos em hidrelétricas em áreas que a ex-discípula de Chico Mendes considerava intocável e a então ministra das Minas e Energia, Dilma Rousseff, considerava estratégicas.

Assim, entre incoerências, desavenças, encenações e traições está de volta ao centro do debate político uma nova candidatura posta sob o signo da negação da política. Collor, o antecessor de Marina nessa empreitada, começou sua peregrinação pela moralização do serviço público às custas de uma caçada em que a presa jamais foi vista além das publicações midiáticas que viam naquilo uma forma de contrapor-se ao prestígio dos indesejáveis(pra mídia) Lula e Brizola.

O fim dessa história todo mundo sabe, bem como sabe muito bem o povo brasileiro que foi sobre as ruínas daquela aventura que surgiu a longa noite da privataria no poder, quando o Brasil foi tão ao fundo do poço que passou a ser co-governado por um outro fundo: o Fundo Monetário Internacional, que criou leis(a de Responsabilidade Fiscal, por exemplo); impôs condutas administrativas e determinou iniciativas aos governantes(Michel Camdessus, do FMI, determinou a FHC a venda do Banco do Brasil, mas, felizmente, a inoperância e o tempo impediram o desastre).

Decididamente, não se pode menosprezar o risco que representa a praga do apoliticismo para nossas instituições. Principalmente porque é nessas circunstâncias que o poder político mais se deteriora e é exercido à margem até da Lei Maior do país. Não esqueçamos que os tecnocratas do pós-64 e dos diversos planos econômicos que ajudaram a afundar o país só fizeram o que fizeram porque estavam acima das leis. E é visível estamos diante de mais um ovo da serpente.

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